O
BOQUETE FATAL
Por
Aluizio Gomes e
Geórgia
von Mecklemburg
A
sociedade ocidental tem um dinamismo admirável, corre em alta velocidade, tanto
para o bem como para o mal.
Já
os orientais, num enfoque bem abrangente, são estáticos, muito resistentes a novidades,
por mais atraentes que possam aparecer.
Os
árabes ainda usam a mesma roupa desde os tempos de Jesus Cristo, enquanto o
Alcorão, também de uma forma muito abrangente, congela os muçulmanos em
conceitos antiquados e ultrapassados.
Já
os europeus foram se livrando, devagar e sempre, dos dogmas cristãos, através
de gênios do intelecto, muito conhecidos por todos, cientistas e filósofos, que
viraram o mundo de ponta cabeça.
Rompidas
as amarras dogmáticas, a sociedade ocidental disparou, com bom desempenho
dinâmico, mas, ressalvando, para o bem e para o mal.
Dentre
os eventos mais importantes, podemos citar o Renascimento e a Revolução
Francesa. A partir daí surgiram inúmeras ideologias, maneirismos, e outra
revolução importantíssima, resultado direto do Renascimento: A Revolução
Industrial. Esta afetou, alterou, remodelou toda nossa sociedade (tanto para o
bem como para o mal).
Depois
a Revolução Bolchevique, as invenções inúmeras, sempre liberando energias
humanas para atividades lúdicas e intelectuais.O Materialismo concorreu
enormemente para as mutações sociais: Freud entra neste contexto. Libertou o
ocidental de repressões eróticas.
Não
obstante, instintivamente, persiste em cada pessoa aquele aspecto conservador, em
grau mais ou menos elevado. Numa consideração mais abrangente possível, os
filhos são mais avançados do que os pais.
Hoje,
por exemplo, um adolescente se dá muito bem em computadores, enquanto os pais
rastejam para segurar a onda.
No
campo político tudo isto se reflete , em termos ideológicos. O progresso
científico, mesmo incipiente, permitiu as navegações ibéricas, que levaram à
acumulação da riqueza, pela burguesia em ascensão.
O
comércio prosperando tornou o feudalismo pouco atraente e até mesmo inadequado
à livre circulação das mercadorias.
Na
política, o reflexo disto foram os partidos republicanos.Na América, já com a
Revolução Industrial, a escravidão tornou-se outro entrave ao comércio, porque
escravo simplesmente não consome.
Em
política, apareceu desta forma o abolicionismo.
Contudo,
nem tudo são flores.Emulando os antigos senhores feudais, os capitalistas começaram
a explorar os operários.Surgiu então o marxismo, que, novamente, deu uma
sacudida violenta na civilização, não só ocidental, mas global.
O
marxismo foi terrivelmente atraente, por prometer, basicamente, a justiça
social, enquanto os sistemas anteriores apenas aprofundavam o fosso entre ricos
e pobres.
Porém,
na prática, não foi nada disso, continuou a exploração do homem pelo homem,
debaixo do maior cinismo possível.Quando caiu a ficha, finalmente, para os
soviéticos, eles viram que estavam numa canoa furada, remando contra a maré.
Acostumadas
a rotular os comunistas e afins com esquerda e capitalistas e afins como
direita, ao cair o Muro de Berlim, acreditou-se que não existia mais a antiga
dicotomia.
Sensu
latu, contudo, pode-se ainda usar a antiga terminologia, apenas para efeito de
melhor compreensão das coisas.E mais, o que se entende por esquerda nos Estados
Unidos não bate com o que existe no Brasil.
No
Estados Unidos, numa apreciação bem abrangente, a esquerda se manifesta através
do partido democrata, enquanto o partido republicano é a trincheira da direita.
Geograficamente
falando, a Califórnia e a Nova Inglaterra são redutos democratas, enquanto o
Sul e o Meio Oeste são onde vamos encontrar a direita.
O
centro político, fiel da balança está no Rust Belt, estados industriais como
Pennsylvania, Ohio, Illinois, também chamados “swing states”, ou “battleground
states". Nesta categoria inclua-se também a Flórida.
Extinto
o comunismo, finada a Guerra Fria, a lide esquerda-direita passou, nos Estados
Unidos para assuntos domésticos: aborto, casamento gay, porte de armas, embora
ainda com a antigas aspirações de justiça social.
Há
um problema transcendental, crucial, suprapartidário, que torna até mesmo
secundários os problemas ideológicos: a economia. Se a economia vai mal, a
tendência é a oposição ganhar as eleições.
Foi
assim que os republicanos foram apeados do poder, com a eleição do
desconhecido, até então, Bill Clinton.
Clinton
revelou-se um excelente líder, de centro, sem radicalismo, pragmático, e , com
muita sorte, pois sua gestão coincidiu com a bolha dot com.Ele zerou o déficit,
e foi mais além, deixou o governo com superávit, e desemprego a meros 4%. 4% é
apenas uma estatística, porque, na prática, quer dizer zero. Esse resíduo são
de pessoas que, por qualquer razão, não estão procurando emprego.
Então,
por que Bill Clinton não elegeu Al Gore, o qual, pode ser tudo, menos um poste?
Por
causa do boquete fatal, que fez com que um cretino como George Bush fosse
eleito, na eleição indireta, e com roubo e decisão suspeita da Suprema Corte.
O
giro para a direita dado por Bush levou os EUA diretamente ao fosso no qual se
encontra atualmente:guerras caríssimas e intermináveis, empréstimos
irresponsáveis à China, porque o
dinheiro do governo, deixado por Clinton, saiu pelo ralo, com o corte de
impostos.
Em
época de guerra, o certo é aumentar os impostos e pedir sacrifícios à
população.Bush fez o inverso, diminuiu
os impostos e mandou o povo se divertir e consumir.
Com
a explosão da bolha imobiliária e o escândalo bancário dos derivativos, caiu
o castelo de Bush, deixando os Estados Unidos de pires na mão.
Tudo
por causa do boquete fatal.
14/08/2012