O QUE É DISTOPIA
Aluizio Gomes
Distopia é o antônimo de
utopia. A palavra é usada para caracterizar pessoas ou posições avessas à
globalização, à modernidade, e suas consequências na vida das pessoas.
A civilização avança com novos
conceitos, métodos, ideias, enfim, coisas que deixam para trás antigas práticas,
para o bem ou para o mal.
Temos inúmeros exemplos. Após a
descoberta do DNA, e o advento da capacidade do homem em interferir na
composição genética, houve muita reação de setores conservadores que clamam
consequências danosas ao meio ambiente.
Nos Estados Unidos temos um grupo
denominado Amish que não aceita a modernidade, anda de carroças a cavalo, não
usa telefone, nem Internet, etc.
A globalização veio para ficar,
devido a comunicações mais rápidas e econômicas, em todos os setores. Na década
de 50, no Brasil, os campeonatos de futebol eram exclusivamente estaduais, mas
hoje temos campeonatos interestaduais, possíveis devido às viagens de avião e a
interligação nacional da TV.
Percebendo a facilidade de comunicação
internacional, o empresariado começou a aproveitar vantagens competitivas, de
modo a se melhor posicionar no mercado. Isto levou ao barateamento do produto
final, uma forte ferramenta no combate à inflação e permitindo que mais pessoas
tivessem acesso ao consumo.
Claro, que no fundo, esta vantagem
se concretiza na diferença salarial entre o operário do primeiro mundo com a
sua contra parte nos países emergentes.
Para cada emprego ganho na China,
perde-se um nos Estados Unidos, falando a grosso modo. Aí entra a distopia,
operários americanos ressentem-se dos acordos comerciais, querem a volta de um
passado impossível, quando só os americanos e europeus produziam os bens de
consumo.
Chega-se a um paradoxo: os americanos
gozam de um aumento no PIB, queda na inflação, na criminalidade e no
desemprego, aumento incrível na produtividade, devido à automação, gasolina
barata, etc. Todas as estatísticas lhes são favoráveis, mas mesmo assim, muitos
não estão satisfeitos, e querem eleger um demagogo, ícone da distopia, Donald
Trump.
Xenofobia também é um sintoma de
distopia. E muito da plataforma de Trump é xenófoba, é contra a imigração,
contra latinos e muçulmanos.
Outro exemplo de distopia é o
Brexit, uma tendência isolacionista, contrária à globalização.
Na América Latina, a ALCA foi
torpedeada por Raul Castro e Hugo Chávez, um acordo que traria muitos empregos
para a região, mas os discordantes não queriam uma integração com os americanos,
rotulados de “imperialistas” pela esquerda latino-americana.
A modernidade é irreversível, não
se pode voltar ao tempo das carroças, nem acabar com a Internet. O que pode ser
feito é corrigir as consequências danosas da modernidade, combater a poluição,
o desmatamento, o desemprego de operários que ficaram para trás, e combater as
doenças causadas pela modificação da dieta do homem, o abuso de agrotóxicos, o
uso de combustíveis fósseis, etc.
O caminho é para frente e não para
trás.
27/10/2016.