POR QUE PALOCCI “ABRIU A BOCA” E ENTREGOU LULA E O PT
Autor anônimo
Antônio Palocci estudou Medicina na USP, em Ribeirão Preto, e fez parte
do grupelho trotskista Libelu (Liberdade e Luta), que teve influência nos meios
estudantis na década de 70. Suas "festas do cabide" ficaram
conhecidíssimas entre a esquerda.
A Liberdade e Luta (Libelu) foi uma tendência do movimento estudantil
brasileiro ligada ao trotskismo e ao jornal O Trabalho, que era editado, à
época, pela Organização Socialista Internacionalista (OSI).
A Libelu foi dissolvida na primeira metade da década de 1980, com a
integração de alguns de seus quadros ao Partido dos Trabalhadores (PT). A
corrente "O Trabalho" do PT, seção brasileira da IV Internacional
(1993) liderada por Markus Sokol, representa a continuação da estrutura da OSI
na atualidade.
A Libelu teve centenas de militantes. Entre eles, estavam os políticos
Luiz Gushiken, Markus Sokol, Tita Dias, o médico e deputado Antônio Palocci, os
jornalistas Renata Rangel, Zé Américo, Cleusa Turra, Bernardo Ajzenberg, Paulo
Moreira Leite, Caio Túlio Costa, Matinas Suzuki, Mário Sérgio Conti, Reinaldo
Azevedo (ex-Convergência Socialista), Miriam Leitão, Laura Capriglione, Eugênio
Bucci, Luis Favre, José Arbex Jr., Ricardo Melo e Josimar Melo, a arquiteta
Clara Ant, os sociólogos Demétrio Magnoli, Glauco Arbix, Lúcia Pinheiro e o
crítico de arte Rodrigo Naves.
Essa gente se distingue do pessoal do antigo POC gaúcho. Os trotskistas
paulistas sempre menosprezaram os trotskistas gaúchos, acusados de serem
membros da dissidência do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB), o que
efetivamente foram. Isso não impediu que o Foro de São Paulo fosse dirigido e
tivesse como executivo principal, o trotskista gaúcho Marco Aurélio Garcia, o
"Top Top".
Os trotskistas, autênticos revolucionários comunistas, resolveram ao
final da década de 70, pela sua inclusão dentro do projeto do PT. Ou seja,
renunciaram ao projeto de institucionalização político-partidária, porque
reconheceram que não tinham chance na campo da chamada política de massas,
devido à predominância da figura de Lula.
Subordinaram-se, então, porque o PT, desde o começo, admitiu a existência
de tendências em seu interior. Subordinaram-se mas, entre eles, jamais deixaram
de considerar Lula apenas um pelegão sindical, um
"contrarrevolucionário", em resumo, um corrupto, que somente se
aproveitava da ascendência sobre a classe operária para seu benefício próprio.
Os comunistas trotskistas continuaram se considerando, desde sempre, os
únicos e autênticos representantes dos interesses do proletariado. A figura de
Lula atrapalhou a ascensão dos comunistas. Agora, esses comunistas trotskistas
vêm o momento de colocar a pá de cal no lulismo e no próprio PT. Portanto, não
é de estranhar que isso ocorra por meio de Antônio Palocci, um de seus quadros.
Ele enterra definitivamente as imagens públicas de Lula, do PT e do lulismo.
Os comunistas trotskistas fazem isso imaginando que as esquerdas
precisarão se recompor no pós-Lava Jato, reinventar seu discurso,
reorganizar-se, e imaginam que o papel da liderança do movimento
revolucionário, desta vez, ficará em seus braços.
É isso que explica a dedada geral aplicada por Palocci em seu depoimento
ao juiz federal Sérgio Moro o qual, com absoluta certeza, não tem a menor ideia
do que se passa debaixo de seu nariz, porque não conhece a história
político-ideológica das esquerdas no Brasil. Também explica a manutenção do
silêncio da parte de indivíduos como José Dirceu, porque este é de outra
extração, é um comunista ortodoxo, formado e treinado pela inteligência e
contrainformação de Cuba.
Palocci, não, é um festeiro da Libelu. Certamente, um sujeito também sem
a fibra revolucionária da ortodoxia de um José Dirceu. As esquerdas terão um
feroz embate interno de novo no Brasil. Agora com um problema maior, porque
todos os seus grandes quadros já ultrapassaram ou estão por ultrapassar a
barreira dos 70 anos de idade.