ASCENSÃO
E QUEDA DA INVENÇÃO DE GUTENBERG
Por
Aluizio Gomes
PREFÁCIO
DO MOVAP
A
imprensa teve papel crucial no avanço da civilização, divulgando ideias e
conhecimento, tirando muitos povos da barbárie, propiciando revoluções
dramáticas na política, economia e ciência, além, claro, de popularizar a
literatura.
Com
a revolução digital, que avança de forma inexorável, a imprensa tende ao ocaso.
Se há uma crise no setor, em contrapartida, há uma explosão na área digital,
que atinge mais gente e a custo menor. Se há desemprego no antigo setor, há
demanda por mão de obra no novo setor.
Artigo
publicado em Business Week, 10/10/2009
“Com
o colapso da mídia jornalística impressa, seguem juntas as indústrias de papel
e madeira. Porém, se os jornais moribundos estão evitando o desmatamento, os
benefícios ecológicos a longo prazo não estão claros.
Os
jornais estão perdendo mercado firmemente ao longo dos anos. A circulação nos
Estados Unidos caiu 34% de um pico de quase 62,6 milhões em 1990 para 41,1
milhões em 2008, de acordo com a Associação Americana de Imprensa.Isto inclui grandes fechamentos:Mais de 200.000 residentes no estado do Colorado estão
agora acordando sem o Rocky Mountain News em suas portas, desde que o jornal
fechou em Fevereiro.No mês seguinte, fechou Seattle Post-Intelligencer com mais
de 117.00 leitores diários, mas funcionando digital, na WEB.
As
revistas estão desaparecendo também. Condé Nast cortou 5 seções, incluindo
Gourmet e Modern Bride.Esta implosão é a razão porque a indústria de 200
bilhões de dólares de madeira e papel está em queda, principalmente a indústria
de papel de jornal. A Associação Americana de Madeira e Papel estima que a
queda na produção de papel de jornal teve uma queda de 30%, ou quase 1,5
milhões de toneladas, enquanto a produção de papel para revista caiu 25%, ou 1
milhão de toneladas.Agosto foi 18º mês consecutivo de queda de dois dígitos no
consumo de papel de jornal, de acordo da pesquisa realizada por CreditSights.A
indústria de papel agora emprega 37% menos gente do que em 1990, enquanto a
indústria florestal registrou declínio de 34% no quadro de empregados.
Além
da Internet, outra razão para a queda na indústria florestal é a crise no setor
imobiliário, e o declínio no consumo em geral, reduzindo a demanda para
embalagens. Desta forma, a indústria florestal foi uma das mais atingidas durante
a crise econômica, segundo Bill Imbergamo, diretor de política florestal da
AF&PA. "Em conjunto com a redução do consumo de madeira para
construção imobiliária, a diminuição da demanda para papel ameaça a viabilidade
de um setor manufatureiro importante, e seus investimentos na saúde a longo
prazo de nossas florestas", declarou Imbergamo no subcomité do Congresso
para assuntos do interior e meio-ambiente.A indústria de madeira e papel
responde do 6% do PIB, similar à indústria automobilística e a de plásticos.
Algumas
das maiores companhias de papel estão sofrendo. Depois que fracassou um projeto
de recapitalização de débito, no valor de 2,4 bilhões de dólares,
AbitibiBowater, que se considera a maior produtora de papel de jornal no mundo,
em capacidade instalada, pediu concordata em Abril. A empresa vende seus
produtos em mais de 90 paises, numa escala de 5 milhões de toneladas anuais,
sendo que metade disto é papel de jornal.Com ativo de 9,9 bilhões de dólares e
passivo de 8,78 bilhões, a companhia tem sido "adversamente afetada pelas
pressões e pela incapacidade de levantar capital de giro no atual mercado
financeiro", declarou o CEO David J. Paterson, numa mensagem em seu
website.Em Setembro, a empresa, com sede em Montreal, anunciou um corte de 1,3
milhões de toneladas na produção."Temos um caminho difícil pela frente com
significantes desafios", afirmou Seth Kursman, vice- presidente da
companhia em entrevista.Continuando adiantou que esperam sair da concordata
mais enxutos e sustentáveis e que há um futuro para a indústria florestal e
papeleira.
Muitos
rivais de AbitibiBowater estão tendo prejuízio ou trabalhando sem lucro,
fechando operações temporariamente e às vezes definitivamente, segundo G. Scott
Vallely, CEO de Coy Paper, um produtor de papéis especiais em New Cannaan,
Connecticut.Ele adianta: "As empresas estã sobrevivendo emitindo títulos e
se endividando, o que não é sustentável".
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