RÚSSIA NUMA NOVA DIMENSÃO
Por Alfredo José Assumpção
CEO & Partner da Fesa Global Executive
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www.alfredoassumpcao.com.br
Convidado pela AEB – Association of European Business, Russian
Federation, palestrei em Moscou em 19.05.11 sobre Liderança para um grupo de
uns 200 executivos,representantes de países diversos na Europa. Não poderia me
furtar de transferir para outras pessoas esta experiência única. A Rússia é o
maior país do mundo, com uma extensão territorial aproximada de 17 milhões de
km2. Moscou é a maior capital da Europa com seus 10,5 milhões de habitantes,
onde está concentrada a maior quantidade de bilionários do planeta. A população
total russa alcança 142 milhões de pessoas.Superpotência energética, dona da
maior reserva de gás natural do mundo, exportadora de óleo e gás, além de
metais e madeira, aparece ainda como a quarta maior produtora de grãos do
planeta com uma área cultivável de 1,2 milhões de km2. De 1999 a 2009sua
agricultura evoluiu de tal sorte que o país saiu do posto de importador de
grãos para transformar-se no terceiro maior exportador do mundo, atrás apenas
da União Européia e EUA.Com uma economia já altamente interconectada no
planeta, é uma nação que caminha celeremente para a globalização de sua
economia, tendo adotado, a partir do início da década de 1990, princípios
liberais de economia de mercado, estando agora já colhendo os frutos oriundos
de tais medidas. É o maior exemplo de que o sistema comunista é falho e fadado
ao fracasso. Contrariamente ao governo brasileiro, que sente impulsos incríveis
estatizantes, a Rússia continua privatizando sua economia, mantendo um sistema
de respeito absoluto e total à propriedade privada, com uma polícia que faz comas
suas duras leis sejam respeitadas. Então sob o aspecto de gestão política do
país eles estão mais adiantados do que o Brasil. Lá paga-se apenas 13% de
imposto de renda,pessoa física, enquanto aqui pagamos, pobres de nós, 27%.
Cerca de 40% da riqueza construída no Brasil vão para nosso governo enquanto na
Rússia apenas 23%. Será que com apenas 20 anos como capitalistas eles
aprenderam a lição muito melhor do que nós brasileiros?
A continuar com pensamentos estatizantes e subindo nossa carga
tributária, sem entrar no mérito dos movimentos dos sem terra ou teto, com
total desrespeito à constituição vigente e às nossas leis, que faz da nossa
polícia algo inoperante, muito em breve, nós seremos os comunistas, iniciando
um processo absurdo de destruição de riqueza para nossas futuras gerações. Que
o bom senso prevaleça e nos livremos deste caminho já tão surrado, desgastado e
desacreditado, sob pena de países como a Rússia começarem anos ver pelo
retrovisor, cada vez mais longes. Eles seguirão crescendo e evoluindo economicamente
e nós ficaremos por aqui vendo a caravana passar, de braços dados aos nossos
partidos políticos que parecem existir apenas para se engalfinhar na disputa
por benesses governamentais. Essa é a grande constatação que se pode fazer
comparando o modelo de governo e a política econômica da Rússia moderna com os
nossos no Brasil.Corremos o risco de entrar tardiamente (porque o mundo já se
livrou disso, o comunismo) para a contramão da história e reverter essas
tendências vai nos custar muito caro num futuro breve.
Saindo da esfera político econômica, sempre mais ácida, menos
simpática, podemos falar do povo russo comum, seus gestores e líderes do mundo
corporativo. O povo é bom e amistoso, amigo, dono de uma cultura diversificada,
herdada na forma de artes e ciências, com seus teatros e corpos de balés,
vivendo uma história rica de enfrentamentos militares, conquistas e lutas para
defesa de seu território contra Estados invasores em todas as suas fronteiras,
Europa ou Ásia, fatos e condições que fazem do russo um povo orgulhoso da sua
forma de ser. Nota-se claramente que os gestores começam a entender que a
batalha maior a enfrentar com a globalização e interdependência econômica entre
os povos não se ganhará com bombas, mas com uma economia livre, de mercado,
incentivada para tal, equilibrada e centrada na base do conhecimento e uso de tecnologias
modernas, seja nos planos operacional, tático ou estratégico, valendo-se de
gestores de cabeça aberta e prontos para adotar princípios saudáveis de gestão,
movendo-se rapidamente do modelo tradicional burocrático Weberiano (Max Weber),
com sua impessoalidade e concentração dos meios da administração, “manda quem
pode, obedece quem tem juízo”, para um modelo contingencial, “estar para servir”,
onde não existe uma única e melhor maneira predeterminada para se fazer “a
coisa”, mas outra, onde “tudo depende” (it depends),em que todo o capital
humano instalado participa e serve na sua totalidade ao mundo corporativo.
Essa é a Rússia que conheci, onde existe uma grande certeza sobre
a dependência absoluta dos meios de produção para com o talento disponível. Lá
também, como aqui,se vive um apagão de talentos. Então, sabem, ser mister
educar o povo e mudar a forma de gerir para conquistar o melhor talento, com
objetivos claros de construção de bons ambientes organizacionais para atrair,
reter e motivar o melhor talento. É assim que as empresas multinacionais lá se
instalando e as locais ganharão as novas batalhas de mercado. O Brasil, seja no
governo ou meio empresarial, que comece a pensar e agir desta forma para
conseguir competir em iguais condições nesta arena global.
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