EDITORIAL
Por Sérgio
Roxo, no Globo on line:
A volta
de personagens envolvidos em escândalos de corrupção aos holofotes da cena política
é um atentado à ideia de República, para Roberto Romano, professor de ética e
filosofia política da Unicamp. Ele atribuiu o fato ao anacronismo absolutista
da sociedade brasileira, em que há diferenças de direitos entre o cidadão comum
e os ocupantes de cargos públicos.
Nos últimos
dias, réus em processos foram nomeados para comissões na Câmara . João Paulo
Cunha (PT-SP), acusado no mensalão, foi eleito presidente da Comissão de
Constituição e Justiça , uma das mais importantes da Casa. Paulo Maluf (PP-SP),
procurado pela Interpol, Valdemar da Costa Neto (PR-SP), também réu no mensalão,
e Eduardo Azeredo (PSDB-MG), réu no processo do mensalão mineiro, foram
escolhidos para integrar a comissão da reforma política.Quem faz a lei não pode
responder por uma acusação de desrespeitar a lei, afirma Romano.
Tais
nomeações, diz, geram uma ameaça ao Estado democrático de direito: A situação
mostra a fragilidade da nossa República.
É uma República quase de fachada. Para o cientista político Cláudio Couto,
professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas, essas
nomeações mostram que os partidos estão se lixando para a opinião pública: É
uma conduta comum a todos os partidos, tanto de oposição como situação. Não
sobra ao eleitor escolher alguém que não esteja envolvido nesse tipo de situação.�
Couto acredita que episódios como os das nomeações já foram banalizados pela
avalanche de escândalos: Fica até difícil dizer que é um escândalo, porque se
tornou algo tão rotineiro essa desfaçatez da classe política com a população.
Escândalos, por definição, não podem ser coisas rotineiras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário