O
PROMONTÓRIO DOS CARMELITAS
INTRÓITO
por Aluizio Gomes
Haifa.
Cidade da Palestina, construída nas encostas do monte Carmelo tem uma história
de mais de 3.000 anos, desde a última Idade do Bronze .Por ser um local
portuário, próximo ao Egito, meio caminho para a Mesopotâmia, sempre foi muito
cobiçada, estrategicamente.
Pertenceu
a fenícios, romanos, bizantinos, árabes, cruzados, turcos, ingleses e
finalmente a Israel, hoje em dia.
Em
Haifa existe o monte Carmelo, onde uma gruta é conhecida como a “gruta de
Elias”, tradicionalmente ligada a Elias, do Antigo Testamento. Existe sítio
também histórico no alto do monte, onde se faziam holocaustos, tanto do rito
fenício, como hebreu.
Após
a conquista árabe, vieram os cruzados, que estabeleceram um breve reinado na
Terra Santa.
Voltou
assim o predomínio cristão na área, quando eremitas europeus começaram a ocupar
as cavernas do monte, até formarem uma nova ordem monástica, assim chamada
Carmelitas. Ao chegarem os turcos a igreja deles foi transformada em mesquita,
depois passou para hospital, e só no século XIX voltou a ser um monastério
GEOGRAFIA
O
Monte Carmelo é uma montanha que está na cordilheira de mesmo nome, em Israel
(antiga Palestina), com 34 quilômetros de extensão limitando-se ao norte com
Haifa, cidade marítima, pelo sul com as terras de Cesaréia, pelo leste com a
planície do Esdrelon, e a oeste com o mar Mediterrâneo. O ponto mais elevado da
cordilheira tem aproximadamente 525 metros acima do nível do mar, e é
denominado Monte do Sacrifício. Pela sua notável posição geográfica, entre duas
planícies e o mar, desde a Idade da Pedra, as suas numerosas grutas serviram de
habitação, conforme estudos antropológicos que foram realizados nos esqueletos
ali encontrados.
O
MONTE CARMELO NA HISTÓRIA ANTIGA
Na lista das cidades de Tutmósis III (século
XV antes de CRISTO) o Carmelo é chamado de “Cabo Santo”, nome que se supõe de
um culto antigo que se fazia por lá, em honra do próprio Monte ou de seu Baal
(conforme M. Avi-Yonah, em seu livro: “Mount Carmel and the God of Baalbek”).
Na História Sagrada o Monte ficou famoso, por causa da disputa entre o profeta
Elias e os sacerdotes fenícios de Baal. Nele os sacerdotes sacrificavam em
honra de sua divindade Baal, da mesma forma que Elias fazia os sacrifícios em
honra de DEUS. E foi neste mesmo lugar que o profeta, diante das autoridades e
do povo de Israel, provou a impotência e ineficácia do deus Baal e mostrou a
grandeza e o valor do verdadeiro DEUS. O fato aconteceu assim:
No
fim do século IX aC, (874-853 antes de CRISTO), Acab reinava loucamente Israel
junto com sua sanguinária esposa Rainha Jezabel, que logo mandou matar todos os
profetas de DEUS e destruiu os altares de sacrifícios, trazendo para Israel os
sacerdotes de Baal de Tiro, permitindo e incrementando o culto aquela divindade.
O SENHOR mandou-lhe um pesado castigo, infringindo uma terrível seca ao país,
deixando Israel sem condições de produzir alimentos e com uma minguada
quantidade de água para o consumo humano, para o gado e a criação em geral. No
final do terceiro ano de seca, DEUS chamou o profeta Elias e mandou que
avisasse Acab, que ia acabar com a seca. O SENHOR, misericórdia infinita,
infundiu luz na mente do profeta para ele alertar ao Rei e a Rainha sobre
aquele modo insensato de viver e administrar o reino.
Acab
recebeu Elias com frieza, censurando-o: “Ai está o flagelo de Israel”! (1 Rs
18, 17). O profeta respondeu: “Não sou eu o flagelo de Israel, mas tu e tua
família, por que abandonaste DEUS e seguiste os baals. Pois bem, manda que se
reúna junto a mim, no Monte Carmelo, todo o Israel, com os quatrocentos e
cinquenta profetas de Baal, que comem à mesa de Jezabel”. (1 Rs 18, 18) Elias
quis provar ao Rei que o deus Baal não atuava e não tinha qualquer força, e
assim, queria lhe mostrar o verdadeiro poder Divino.
Todo
o povo foi reunido no Monte Carmelo e Elias se aproximando perguntou: “Até
quando permanecerão na dúvida? Se JAVÉ é DEUS segui-o, mas se é Baal, segue-o”.
(1 Rs 18, 21) E o povo não pode lhe responder. Então Elias mandou os
quatrocentos e cinquenta sacerdotes de Baal esquartejar um novilho e colocá-lo
sobre a lenha, no altar de sacrifícios, sem por fogo. Ele faria a mesma coisa
com outro novilho. Depois mandou que eles invocassem o nome do deus deles e ele
também ia fazer a mesma coisa. O deus que respondesse enviando fogo para
queimar o sacrifício (holocausto) era o DEUS verdadeiro. Os sacerdotes rezaram,
chamaram a sua divindade e até gemeram, desde a manhã até o meio dia e o deus
Baal não respondeu. Elias então zombou, mandando que eles gritassem mais alto,
podia ser que Baal estivesse tirando uma soneca! E nada aconteceu com o novilho
deles. Então Elias pediu ao povo para se aproximar e na hora da oferenda,
rezou: “JAVÉ, DEUS de Abraão, de Isaac e de Israel, hoje todos ficarão sabendo
que TU és DEUS em Israel, que sou TEU servo e que é por TUA ordem que fiz todas
essas coisas. Responda-me JAVÉ, responda-me, para que este povo reconheça que
TU és JAVÉ, o DEUS, e que convertes os corações deles”! (1 Rs 18, 36-37) Então
imediatamente caiu o fogo de JAVÉ e consumiu o holocausto (novilho) e toda a
lenha, para que todos conhecessem quem era o verdadeiro DEUS e se convertessem.
O povo admirado presenciou tudo e respeitosamente todos se prostraram com o
rosto no chão dizendo e repetindo: “JAVÉ que é o DEUS! JAVÉ que é o DEUS”. Os
profetas e sacerdotes de Baal foram todos presos e mortos. (1 Rs 18, 39-40)
Elias
se aproximou do Rei Acab e recomendou que ele voltasse e ficasse no palácio:
“Sobe, come e bebe, pois estou ouvindo o barulho da chuva”. E a seguir, o
profeta subiu ao cume do Monte Carmelo para rezar, e então, viu se elevar do
mar uma pequena nuvem como se fosse à mão de uma pessoa. Num instante o Céu
escureceu e caiu uma forte chuva beneficiando toda a região. (1 Rs 18, 16-45)
Ao
longo da sua vida, o profeta sempre revelou um imenso e ilimitado amor a DEUS,
que lhe dava forças e a inspiração necessária à sua caminhada existencial.
Recebeu do Altíssimo, uma quantidade preciosa de dons e virtudes, que
impulsionava as suas atitudes, estando sempre pronto a agir dentro da justiça e
do direito. O seu exemplo foi seguido por muitos, fundando uma admirável escola
de profetas, da qual, o profeta Eliseu foi o seu primeiro discípulo.
Por
outro lado, aquela nuvem benfazeja e em forma de mão enviada por DEUS, que deu
origem àquela caridosa e providencial chuva, passou a ser interpretada como uma
preciosa Intercessora, que trabalhou maravilhosamente a serviço do SENHOR e em
benefício do povo, e por isso mesmo, foi compreendida como sendo obra da
própria MÃE DE DEUS.
Quando
os Cruzados chegaram à Terra Santa, no século XII, divulgou-se que encontraram
vivendo no Monte Carmelo, uma colônia de eremitas que afirmavam ter o profeta
Elias como fundador e patrono, e a MÃE DE DEUS como a VIRGEM DO CARMELO. O
grupo foi aumentando com a adesão de cruzados, que não queriam continuar com a
guerra e almejavam a paz e uma existência mais dedicada às orações.
No
meio dos cruzados, entre os anos 1153 e 1159, também estava Bertoldo um soldado
idealista que veio da Europa. Inspirado
no profeta Elias, foi para o Monte Carmelo, e lá, com o auxílio de companheiros
e de eremitas que viviam no local, construiu uma pequena Ermida perto da gruta
de Elias e próximo a algumas ruínas existentes.
Provavelmente
em 1209, aqueles homens almejando organizar a Comunidade em que viviam, pediram
ao Bispo Alberto, Patriarca de Jerusalém, que era um homem piedoso e de
reconhecida sabedoria e prudência, que lhes fizesse uma Regra de vida, a qual
receberam com respeito e a seguiram com muita devoção. Posteriormente fizeram
aquele documento chegar às mãos de Sua Santidade o Papa Honório III, que o
aprovou integralmente no dia 30 de Janeiro de 1226.
Naquele
local ermo, vivendo abrigados na própria natureza, aqueles homens puderam cultivar
ardorosamente a devoção à VIRGEM MARIA, manifestando a grandeza de seu amor.
Inicialmente ao ar livre, unidos ao redor da rústica Ermida, junto à fonte de
Elias, onde piedosamente rezavam à VIRGEM DO CARMELO, exaltando e louvando a
bondade Divina. Na continuidade dos anos construíram um modesto Mosteiro que
atendeu às suas necessidades.
Entretanto
a ameaça otomana estava sempre presente, lutando contra os cristãos das
Cruzadas e não desistindo de dominar a Terra Santa, mantinham uma sangrenta e
impiedosa luta. Em consequência, alguns soldados cruzados, que já viviam com os
eremitas do Monte Carmelo, com receio do inimigo mortal, desde o ano 1220
começaram a regressar aos seus países de origem na Europa.
Pelo
ano 1222, dois cruzados ingleses levaram para a Inglaterra, alguns daqueles
eremitas que habitavam o Monte Carmelo. Simão Stock, que vivia no interior do
país e era um homem de oração, austero e penitente, assim que soube se uniu a
eles. Segundo uma lenda que se mantém viva até hoje, o fato de Simão se ter
unido aquele grupo mariano foi em consequência de uma forte inspiração.
Enquanto rezava, lhe foi sugerido que se unisse a aqueles eremitas devotos de
MARIA que vinham do Oriente Médio.
No
ano de 1238, quando finalmente a Terra Santa caiu em poder dos muçulmanos, a
maioria dos eremitas fugiu para as suas pátrias: Itália, Grécia, França,
Inglaterra, e aqueles que ficaram, imaginando que poderiam continuar no Monte
sem qualquer dificuldade, foram massacrados pelos turcos.
Na
Europa, nas diversas regiões onde se fixaram aqueles eremitas, eles foram se
reunindo em pequenos grupos, cada um procurando se adaptar ao novo ambiente,
vivendo do modo que todos viviam, trabalhando incansavelmente para alcançar os
seus ideais e objetivos. E dessa maneira, com esforço e dedicação também deram
vida a uma força interior idealizadora, que se mantinha acesa em seus corações,
a qual deu origem a Ordem Carmelita.
Por
causa da devoção que tinham a NOSSA SENHORA, ficou popularmente conhecida como
a Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada VIRGEM MARIA do Monte Carmelo ou Ordem do
Carmo, ou simplesmente Carmelitas.
A
Ordem Carmelita cresceu e se espalhou por muitos países. No século XVI, na
Espanha, houve uma renovação liderada por Santa Teresa d'Ávila com o precioso
auxílio de São João da Cruz, famosos místicos da Ordem do Carmo, dando origem
aos Carmelitas Descalços. È um estilo de vida diferente do anterior,
acrescentando novos elementos à formação religiosa, criando o que é denominado
“Carisma Teresiano”. Por outro lado, a palavra “Descalço”, na Idade Média, era
usada para expressar a pobreza, o despojamento interior que fazia parte das
ordens reformadas. Por essa razão, vivendo o novo Carisma a Comunidade
Religiosa adotou também o nome Descalço, com o mesmo objetivo de cultivar a
pobreza e o despojamento interior. Todavia embora com sua denominação própria
de "Carmelitas Descalços", pertencem a mesma Ordem do Carmo.
Atualmente,
o espírito Carmelita também é vivido por leigos nas Ordens Terceiras, nas
Confrarias e Fraternidades do Escapulário, na Juventude Carmelitana
Missionária, Infância Missionária Carmelitana e nas diversas congregações que
estão agregadas à Ordem do Carmo.
Fonte:
História do Carmelo
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