COMO
O NACIONALISMO MÍOPE TEM PREJUDICADO SEMPRE O BRASIL
Entrevista
de Delfim Netto à Folha de São Paulo.
Publicada
em 05/4/ 2014, durante a série “50 anos do Golpe de 1964”.
A
resistência do ex-presidente Ernesto Geisel em abrir a exploração do petróleo à
iniciativa privada, quando comandou a Petrobrás, no governo Médici, levou a
economia brasileira à falência no fim da década de 70.
A
afirmação é do economista Delfim Netto, ex ministro de diversas pastas da área
econômica durante o regime militar. “Quem quebrou o Brasil foi o Geisel”, diz
Delfim.
Dependendo
da importação da commodity, o Brasil foi prejudicado com as fortes altas de
preços durante o choque ocorrido em 1973 e 1979.
Continua
Delfim:
“Em
1972, eu estava em Roma numa reunião do FMI. E o Giscard D’Estaing, que era o ministro de finanças da França, tinha ficado
muito amigo do Brasil. E ele me disse: olha, Delfim os árabes estão preparando
um cartel. Eles vão elevar o preço do petróleo a 6 dólares. Nós pagávamos, na época
1,2 dólares, por barril.
Quando
voltei para o Brasil, comuniquei isto ao presidente, e ele convocou uma
reunião. Nossa proposta, minha e do então ministro das Minas e Energia, Antônio
Dias Leite era: vamos abrir a exploração de petróleo. Vamos fazer contratos de
exploração de petróleo com empresas privadas, que era para acelerar a produção.
O
Geisel se opôs dramaticamente. Quem quebrou o Brasil foi o Geisel. Ele era o
presidente da Petrobrás. A Petrobrás passou 20 anos produzindo apenas 120 mil
barris por dia. Quando houve a crise do petróleo, as reservas monetárias eram
iguais a um ano de exportação, não havia dívida. A dívida foi feita no governo
Geisel.
O
Geisel, na verdade, era o dono da verdade. Sempre tinha a verdade pronta.”
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