ATUALIDADES
AMERICANAS
Por
Aluizio Gomes
Hoje
em dia, muita gente está intrigada com o que está acontecendo nos Estados
Unidos, se perguntando:
“Por
que dois extremistas, um de esquerda e outro de direita, estão prevalecendo
sobre os tradicionalistas nas primárias para eleger o candidato à Casa Branca?”
Realmente,
duas coisas novas estão aflorando no panorama geral, mudando as peças no
tabuleiro político, uma sendo étnico-demográfica e outra tecnológica, tudo no
embalo da globalização.
1. VARIAÇÃO ÉTNICO-DEMOGRÁFICA. Com o
passar dos anos, a maioria branca (WASP) vem perdendo terreno para imigrantes
de outras etnias. Nos séculos XIX e metade do século XX a imigração foi
predominantemente da Europa do Norte, por razões religiosas e políticas. Com a
pacificação da Europa, após 1945, e a recuperação da mesma pelo plano Marshall,
perdeu-se a razão primordial de emigrar. Já na América, ocorreu o “baby boom”,
aumentando a população branca. Passam-se os anos, fenece o “baby boom”, e
começa a imigração de asiáticos, latinos e africanos. Com oportunidades de bons
empregos, e a urbanização, o americano branco prefere fazer faculdade, ser
engenheiro, trabalhar na NASA, vale do Silício, indústria em geral. Então, quem
iria colher as frutas nos pomares da Califórnia? O mexicano pobre. Em 1956,
Fidel Castro tomou posse em Cuba, e muitos cubanos emigraram para a Flórida. Então,
a proporção branco-europeu/outras etnias mudou muito, de 1945 para cá. O reflexo
disto é que os brancos caucasianos se revoltam por perderem empregos para chineses,
coreanos, etc. tornam-se xenófobos, desaguando no fenômeno Trump.
2. REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA. A realidade
da automação virou a balança operária para o lado do “capital intensive”. A
globalização permite produtos de todo mundo atingir mercados distantes:
computadores, internet, navios mais rápidos, mais econômicos, mais eficientes,
enfim, tornam realidade a Aldeia Global. Assim, nos Estados Unidos os
sindicatos operários perderam sua força de negociação, refletindo no rebaixamento
geral dos salários. Há emprego, mas os salários não estão acompanhando os
enormes ganhos de produtividade. Resultado, os ricos ficam mais ricos e os
pobres mais pobres. Se o americano vê o capitalista faturando alto em Wall
Street e ele mal pode pagar a hipoteca da casa, ele se volta para o extremo (Bernie
Sanders ou Donald Trump).
Assim,
os tradicionalistas estão tendo um desempenho pífio nas primárias: Rick
Santorum, Jeb Bush, Chris Christie, etc. E Hillary Clinton está sendo bem ameaçada
pelo socialista Bernie Sanders.
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