DESMISTIFICANDO
Por
Aluizio Gomes
Em
1999 lancei o MOVAP, Movimento de Apoio às Privatizações, numa época quando
sindicatos e jornalistas andavam de mãos dadas para combater as privatizações.
O primeiro artigo foi “O Que é Bom para
os Estados Unidos Deve Ser Péssimo Para o Brasil”, onde eu, bàsicamente,
procurava demonstrar que a Nova Economia não provocava desemprego, apenas
acabava com o Velho Emprego e o substituía pelo Novo Emprego.
Por
criticar jornalistas e sindicalistas devido a uma visão míope deles, arrumei a
inimizade de toda redação do Jornal do Commercio, onde seu diretor jamais me
perdoou por minha franqueza, e numa
vingança mesquinha e pequena, do tamanho de seu corpo de anão, me excluiu como
colaborador, jamais publicando meus artigos sobre economia.
Tem
nada não. Isto acontece com qualquer visionário, não sou o primeiro, e nem
serei o último.
Hoje,
saboreei um artigo do Washington Post, onde tudo que previ está acontecendo,
não só nos EUA, mas em todo canto, até mesmo aqui em Pernambuco.
Afinal,
o que está acontecendo? Como eu previa, a automação dispensou muitos operários,
e os burretes na época, previam desemprego em massa, alegando que as máquinas
iam fazer tudo sozinhas. Que erro gigantesco, o resultado não foi nada disso,
foi exatamente o que eu previ, as fábricas iriam precisar de trabalhadores
capacitados para trabalhar nas novas máquinas. Porque? Porque uma máquina não
trabalha sozinha, por mais sofisticada
que seja. E quem vai desenhar, construir, manter essa máquina? Pessoal
habilitado, com especialização em computação, nas diversas áreas.
Por
ignorância e má fé, os políticos do PT fizeram enorme campanha contra as
privatizações, interessados no status quo, onde empresas não competitivas
poderiam manter a escumalha preguiçosa do PT, pouco ligando para as
conseqüências futuras.Apesar disso, quando FHC tomou posse, privatizou muitas
empresas, hoje bastante competitivas.
Já
nos Estados Unidos, onde não há estatais industriais, o problema foi outro,
devido mais à globalização e ao Welfare State. Os industriais internacionais,
de forma até gananciosa e antipatriótica, levaram suas fábricas para a China,
atraídos pelos baixos salários e pela total ausência de organização sindical,
produzindo assim artigos baratos e competitivos. Por seu lado, a China investiu
m educação, e com sua gigantesca população, pode absorver as indústrias de
fora. A defasagem de mão de obra nos EUA foi enorme, os antigos operários foram
demitidos, os jovens não se interessaram mais por emprego industrial, o governo
acomodou-se, não percebeu o problema, enquanto os industriais ganhavam bilhões
de dólares na China.
Aos
poucos, as fábricas locais passaram a se modernizar, e deram de cara com a
escassez de mão de obra especializada. Os velhos, não mais serviam, estavam se
aposentando e eram incapazes de trabalhar num ambiente estranho a eles. Podemos
chamá-los de dinossauros? Sim, podemos.
De
acordo com o Washington Post, há 12,8 milhões de desempregados nos EUA, o que
dá um índice de 9%. Na era Clinton, para se ter uma idéia, a taxa não passava
de 4%, e esse contingente era de gente que não precisava trabalhar, por
diversas razões. Hoje, com tantos desempregados, há 600.000 vagas não
preenchidas, segundo o Manufacturing Institute.
Na
Boeing, 28% dos operários já passaram dos 55 anos, e a empresa precisa renovar
sua força de trabalho.Por outro lado, as escolas estão preparando os alunos
para a universidade, negligenciando o curso profissionalizante, nível médio.
E
os políticos? Espalhando a idéia que não há empregos nas fábricas, afastam os
jovens, que procuram a universidade por isso, As vagas existem, há escassês de
mão de obra, o que é uma terrível contradição, para um desemprego tão alto. A
direita apregoa o alto desemprego para
conseguir redução de impostos para os
ricos, enquanto a esquerda se aproveita disso para pedir mais
investimento do governo em obras de infraestrutura, onde operários não qualificados
poderiam achar vagas para trabalhar.
Hoje,
as máquinas recebem a sigla CNC (Computer Numerically Controlled), elas operam
obedecendo um software, que um homem, de carne e osso programa, de acordo com a
necessidade da produção. Então, onde está o desemprego? O que falta é um
trabalhador habilitado, que consiga programar.
Recife,
20/02/2012
Paradoxo: O operário, nos EUA, está ganhando mais do que o pessoal do escritório,porque está na faixa dos 18 a 28 dólares/hora,contra 14 a 24 dólares/hora do pessoal de escritório.
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