NO
RASTRO DA AIDS: DA SELVA AFRICANA ATÉ A SELVA NOVAIORQUINA
Por
Aluizio Gomes
É
um lugar comum a sentença:”A Natureza não se defende, ela se vinga”.Nesta
história de arrepiar os cabelos, isto nunca foi tão pertinente.
Desde
a origem da AIDS se sabe que o vírus HIV, que habita os gorilas e chimpanzés
africanos, de alguma forma, e em determinado momento, passou para o humano.
Após exaustivas pesquisas, baseadas na engenharia genética, cientistas conseguiram
o rastro da epidemia e chegaram mesmo até o seu ponto de origem: Kinshasa, a
capital do Congo. Esta cidade é agora chamada de “Ground Zero”, o big bang da
epidemia.
O
SÉCULO XIX
Em
fins do século XVIII e na primeira metade do século XIX , as potências
coloniais européias perderam a boquinha na América: Brasil, Peru, Venezuela, Estados
Unidos, etc.
Assim,
na segunda metade do século XIX, a cobiça européia voltou-se para a África, a
fim de explorar suas riquezas, a preço de banana.
Uma
grande riqueza era o marfim, e na sua busca desenfreada, os elefantes foram
quase extintos, assim como aconteceu com o búfalo (bisão) americano, logo passando
para a borracha, com a demanda impulsionada pela nascente indústria
automobilística
NO
RASTRO DO HIV
Primeiramente,
os cientistas começaram a investigação na República dos Camarões, e numa
sintonia fina, instalaram 10 estações de pesquisa na região. Duas delas estavam
em áreas muito remotas, no extremo sudeste, muito longe dos centros
populacionais.
E
foi nestas duas estações que os cientistas localizaram o vírus HIV-1, do grupo
M, responsável pela morte de milhões de humanos.
UNINDO
OS PONTOS
Dois
pontos do rastro foram preservados em laboratório. O primeiro, de 1960 está num
nódulo canceroso, guardado numa caixa de cera, coletado numa autópsia. E o
segundo, numa amostra de sangue coletada em 1959, em Kinshasa.
Baseado
nestas duas amostras, o biologista evolucionário Michael Worobey determinou que
o vírus HIV, na sua forma letal, é muito mais antigo do que se pensava,
anteriormente. Ambas as amostras eram descendentes de um ancestral comum, algo
em torno de 1884 a 1924, mais provavelmente em 1908.
A
VIA FLUVIAL
Na
região em foco corre o rio Sangha, correndo para a África Central; nesta parte,
ele não é navegável, por conter muitos bancos de areia e densa vegetação.Por
isso, sempre foi uma região muito pouco habitada. Porém, mais um pouco ao sul,
corre o rio Congo, a super-estrada da África Central.
Uma
vez que o vírus passou do macaco para o humano, uma pessoa pode ter viajado
pelo rio Sangha, daí para o rio Congo, até atingir Kinshasa. Na era colonial,
esta cidade se chamava Leopoldville, fundada pelos belgas em 1881.Daí, prossegue
o rastro até o lago Vitória, depois Zambia, Botswana, até a África do Sul.Uma
pessoa infectada viajou para o Haiti, daí irradiando a AIDS para os maiores
centros urbanos, Estados Unidos e Europa.
CONCLUSÃO
Com
a invasão européia no centro da África, em busca de riquezas naturais, e destruição
do meio ambiente, a conseqüência foi um mal que tem causado esta mácula em
nossa civilização.
Recife,
28/02/2012.
Fonte:
www.washingtonpost.com
Livro
base: “Tinderbox”, de Craig Timberg e Daniel
Halperin.
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