O QUE É BOM PARA OS ESTADOS UNIDOS DEVE SER
PÉSSIMO PARA O BRASIL
Existe uma morbidez
intrínseca à sociedade que se reflete nos meios de
comunicação.Uma boa notícia não tem muita repercussão. Porém, uma má notícia é objeto de manchetes, comentários, debates e desdobramentos. Esta distorção chega aos meios técnicos e decisórios, impedindo avaliações sensatas de situações sociais, econômicas e políticas.
Como tais situações são incorretamente avaliadas, as decisões são, inevitavelmente errôneas, resultando no brutal atraso nacional no campo das idéias, e por via de conseqüência, no campo econômico e político.
Veja-se por exemplo o caso do neoliberalismo: seus aspectos positivos nunca são ressaltados, porém efeitos colaterais, durante a fase de adaptação, são explorados intensivamente, de modo a incutir no público uma falsa idéia do que ele realmente seja: alguns setores mais retrógrados da sociedade acusam a Nova Economia de causar desemprego e miséria. Ora, sendo estes males seculares no Brasil, conclui-se de imediato que não há nenhuma relação entre eles.
Realmente, na fase inicial, a Nova Economia extingue o velho emprego, substituindo-o pelo novo emprego depois, na fase seguinte.Ora, os próprios marxistas sempre afirmaram que não se pode fazer um omelete sem quebrar os ovos.Então....
O que faz a esquerda? Quando o velho emprego é extinto, ela faz uma gritaria enorme, acusando a Nova Economia de propiciar o desemprego.Mas não é por aí, calma.E quando o novo emprego é criado? Silêncio total.
Isto é importante saber?Claro, aconteceu recentemente na França, onde políticos populistas, como Lionel Jospin, assumiram a liderança como resultado de um eleitorado mal informado.A Nova Esquerda está se espalhando na Europa levando populistas e oportunistas ao poder, os quais nem sabem direito o que fazer.
A esquerda fica lutando por empregos públicos, empresas estatais, e outros penduricalhos, quando o estado provedor esgotou-se em todo mundo, a fonte secou.
No Brasil, a esquerda deve lutar isto sim, pela reforma agrária. Isto é básico e fundamental para se chegar a uma economia adulta. Americanos, franceses, ingleses e alemães, primeiro fizeram a reforma agrária, depois entraram na Revolução Industrial.
Bismarck, ao unir os alemães revogou uma série de entulhos legais da Idade Média, permitindo que a Alemanha se tornasse uma potência em apenas 10 anos. Esta só não dominou o mundo porque sua unificação foi tardia demais, e todo espaço colonial já havia sido ocupado pelas outras potências.
Educação é outro fator importantíssimo para o desenvolvimento. Com o Estado ocupado em hidrelétricas, navegação, petróleo, telefonia, ferrovias, como investir em educação?
Aí está outra incoerência das esquerdas. Não há necessidade de o Estado investir em petróleo, ferro, comunicações.
Isto, a iniciativa privada pode cuidar melhor. Estratégico? Balela. Nos Estados Unidos, o petróleo nunca foi estatal, e nem por isso faltou combustível nas horas críticas da II Guerra Mundial. Imagina se um executivo da Esso ou Texaco fosse sabotar o esforço de guerra americano na luta contra japoneses e alemães; seria fuzilado como traidor.
Lá, ferro, ouro, todos os minérios estão nas mãos da iniciativa privada. São estratégicos, mas nem por isso, o Estado perde seu poder regulamentador.O Estado forte é aquele que tem superávit financeiro. Todos os impérios foram construídos assim: Egito, Roma, Inglaterra etc. No Brasil, quer se construir um Estado forte com excesso de leis e decretos, porém com déficit financeiro.
O programa de privatizações precisa avançar mais, nem tanto para abater a dívida pública, por que esta chegou a um patamar de tal ordem, que um cheque de 3 ou 5 bilhões de dólares pouco significa em relação ao total da dívida, a qual já passou da casa dos 600 bilhões de reais. Se as privatizações tivessem sido feitas em 1994, quando a dívida estava nos 90 bilhões de reais, esta poderia ter sido abatida substancialmente, e hoje o Brasil teria reservas em dólares para enfrentar a crise mundial.Agradeça-se à esquerda este prejuízo que tivemos.Mas, uma empresa estatal será sempre um mamute, lerdo, burocrático e ineficiente.
Se esta estatal for monopolista, aí piora a coisa: seus custos são irreais, seus preços de venda não têm nada a ver com a realidade do mercado; veja-se o caso da Petrobrás, uma estatal com monopólio do petróleo; ela vende uma gasolina cara e ruim, não tem competidor, e o preço da gasolina está totalmente divorciado dos custos de produção. Ou seja, o país não se beneficiou, no passado, com um combustível mais barato, apenas ela, a Petrobrás.
Com a privatização pode-se reativar a economia, com mais investimentos. Isto gerará mais empregos, e o que é mais saudável, emprego produtivo.Isto já está acontecendo, nos casos de siderurgia e telecomunicações.
A revolução no Ceará
Agora, foquemos o caso do Ceará: a revolução foi iniciada com a demissão de 40.000 funcionários públicos. Claro que houve desemprego, todavia o Estado ficou livre para fazer investimentos, e o que é melhor ainda, baixar os impostos, e assim atrair indústrias.Houve assim, um boom industrial, que absorveu com folga os desempregados da carreira pública.
O Ceará , portanto extinguiu o velho emprego e depois criou o novo emprego. Por que Pernambuco não faz isso? Porque a constituição estadual sacralizou a estabilidade do funcionário público, impedindo que haja demissão de funcionários fantasmas.
Os impostos estaduais em Pernambuco são muito altos, porque precisam cobrir estes desmandos, e também falta vontade política para mudar. Assim, Pernambuco é classificado como " a vanguarda do atraso " nos meios empresariais. Sua vantagem competitiva reside no parque industrial relativamente avançado, situação geográfica confortável e boas universidades.
Porém, ao longo do tempo, isto vai perdendo terreno, devido ao progresso da Bahia e do Ceará.A COMPESA não atende mais à demanda . Começa a faltar água. Porque mantê-la na mão do Estado incompetente? Qual a capacidade de investimento do Estado de Pernambuco? Muito pouca. Pirapama está parada, apesar de sua extrema prioridade. Em Boa Viagem e outros bairros, os condomínios estão fazendo poços artesianos, porque a COMPESA não abastece.Os aqüíferos subterrâneos no Grande Recife estão super-explotados, devido ao racionamento da COMPESA.
Os fundamentos da Nova Economia
Voltando à colocação inicial, pouco se fala que os Estados Unidos apresentam um crescimento econômico enorme. Por que? Será que é a vitória do neoliberalismo, que ninguém quer reconhecer?
O pior cego é aquele que não quer ver.Todas as análises econômicas sobre o novo ciclo econômico, que atualmente se observa nos Estados Unidos, são unânimes em reconhecer que ele é o resultado da colocação em prática do receituário neoliberal: desregulamentação, competição e produtividade. Estes três fatores conseguiram a façanha de diminuir o desemprego e a inflação ao mesmo tempo! Com mais emprego e menos inflação, aumentou o consumo, e depois os salários ( por via do aumento da produtividade). Abramos um parêntese para focalizar a produtividade. No Brasil, sempre houve luta para aumentos nominais de salário. Quem paga o excedente? Ou é o imposto ou a inflação, não tem jeito. O aumento de salário deve ser real, não inflacionário. Isto só se consegue com aumento da produtividade.Mas, como aumentá-la?
É preciso desregulamentar a economia, abolir os cartórios, e expor todos à competição. Seleção natural? Darwin? Bom, quem criou o mundo foi Deus, o homem está longe de ser demiurgo. Marx fez um mal maior à humanidade que Hitler. Este matou milhões de pessoas, mas seu reinado foi localizado na Europa e só durou 12 anos. Marx, via Stalin e todos os seus seguidores, reinou 70 anos e condenou ao atraso, miséria e morte muito mais pessoas na China (link), Ex-União Soviética, Europa Oriental etc. Ele tentou igualar os desiguais, resultando num fracasso homérico.Os russos colocaram esta ideologia na lata do lixo da história, bem como toda a Europa Oriental.Porém no Brasil, persistem marxistas em lugares de comando, tentando interpretar as coisas por uma ótica obsoleta.Quando, no fim da década de 80, a produtividade na União Soviética caiu a níveis insuportáveis, Mikhail Gorbachev, ou fazia a Perestroika, ou a III Guerra Mundial. Sensatamente, preferiu a primeira opção.
Mas, como vem aumentando a produtividade nos Estados Unidos? Numa primeira etapa, com o downsizing e extinção do velho emprego, as empresas ficam capitalizadas e investem no que elas chamam de R&D (Research & Development), ou seja, Pesquisa e Desenvolvimento. Estes departamentos, vitais nas empresas modernas, estão sempre lançando novos produtos com novas tecnologias, mais baratos e melhores.A competição não é apenas entre as empresas americanas.Porém, entre empresas japonesas, alemães, francesas, enfim, todo mundo. A obsolescência é planejada, de modo que o consumo é a mola da indústria e do comércio.
As novas máquinas fazem produtos melhores, a custos mais baixos, e em menos tempo.Isto é aumento de produtividade, a qual mantém a empresa no mercado, por ser competitiva.Como esperar que uma empresa estatal possa ter jogo de cintura para fazer isto?Os economistas sempre temeram que o aumento da demanda aumentasse a inflação. Isto era verdade numa economia fechada. Entretanto, numa economia aberta, o efeito é inverso, devido à competição.Como vimos, para sobreviverem, as empresas são obrigadas a lançarem produtos mais baratos e melhores, o que gera consumo contínuo.
Então, na segunda etapa as empresas aumentam os salários para poder pagar uma mão de obra mais qualificada (leia-se o novo emprego). Isto aumenta o consumo, aumentando a produção e gerando mais empregos.O que é isto? Nada mais, nada menos, que a economia funcionando naturalmente, como funciona um motor de avião, um relógio, ou um órgão do corpo humano. Simples? Mas como deu trabalho para compreender, hein? O homem tentou botar o dedo na economia e se queimou. Se tirar este dedo pode ser que a coisa funcione. Esse negócio de luta de classes, mais-valia, poderia ir para o museu ideológico da civilização. Lá colocar-se-iam os retratos de Brizola, Arraes, Fidel Castro, et caterva, como homens bem intencionados, mas como diria meu Mestre, "equivocados sinceros".
Aluizio Emanuel Pereira Gomes
Escrito em 1996, com algumas atualizações.
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