ALGO SOBRE O CADUCEU DE MERCÚRIO.O AUTOR ALERTA SOBRE O PERIGO DE SE USAR DROGAS.
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O Caduceu de Mercúrio,
o símbolo da medicina, representa os três canais sutis principais e centrais
situados invisivelmente ao longo da coluna vertebral, sendo o local de
confluência e distribuição de todas as energias captadas pelo corpo energético
e pelos centros de força (chacras), consubstanciando assim na estrutura
mais diretamente ligada à consciência comum e àquelas latentes. È por meio da
purificação progressiva desses três canais que as energias cósmicas, cada vez
mais sutilizadas, abrem o acesso aos estados mais superiores da consciência.
Os três canais
principais, ou nadis, com sua distribuição característica,
ou seja, um canal central (sushuma), ladeado por dois outros, um solar
(pingala) e outro lunar (ida), são um perfeito reflexo do processo cósmico da
bipolaridade complementar que gera e mantém a vida mas só se realiza na
síntese. Os dois canais laterais, o direito, masculino (yang), e o esquerdo,
feminino (yin), estão em relação direta com o canal central , ou principal, sushuma,
neutro e sem atributos. Este representa uma síntese dos canais laterais. À
medida que o ser evolui, a energia fundamental começa a concentrar-se mais
harmonicamente nos canais laterais, ou seja, o indivíduo passa a não oscilar
tão fortemente entre os aspectos polares da vida (solicitação de sentidos
físicos, desejos, noção de separatividade do ego, ambições egocêntricas etc.),
tendendo cada vez mais a concentrar-se em sua vida interior, devido à
permanência gradativamente maior da consciência comum no canal central, chamado
“portal do espírito”. É desse modo que a consciência individual passa a
cultivar mais noções abstratas, que obviamente são de difícil compreensão para
a mente concreta trivial. É sushuma a via principal que permite a evolução
da consciência aos planos superiores que no caduceu de Mercúrio, é representado
pelo cetro com asas no topo, como a simbolizar que sushuma é a via que permite o “vôo” da
consciência liberta rumo a divinização. Esta alegoria obedece ao magistral
ensinamento de que a chave para o acesso a Deus não pode ser encontrada fora,
como querem as religiões e dogma, mas dentro de cada um, como ensinam os
sistemas de iniciações. O caduceu de Mercúrio é o símbolo desta chave.
Para a medicina
tibetana, esses três canais são as primeiras estruturas que surgem no embrião
humano e até a oitava semana de gestação estão formados os principais chakras e todos os “nervos psíquicos” sutis.
Os canais sutis
existem em nível etéreo e astral e correspondem, de certo modo, às veias e
nervos físicos, mas não são iguais a eles. Purificados e controlados através do
tantra, correspondem ao Nirmana-kaya. Os fluídos sutis que
neles existem correspondem às essências humorais mais nobres do corpo, que a
medicina tibetana divide em cinco tipos; purificados, estes correspondem ao Sambhogakaya. A essência mais sutil da energia
principal que flui nos canais centrais está relacionada com a energia chamada ojas e diz respeito ao sêmen físico, ao
sangue menstrual e às secreções vitais. Sua forma purificada corresponde ao Dharmakaya.
A literatura
especifica afirma que os canais sutis são numerosos, aproximadamente em torno
de 72000. Todos eles, entretanto, à semelhança do sistema de afluentes dos
rios, confluem para os três canais principais centralizados na coluna
vertebral, que reunidos, são simbolizados pelo caduceu de Mercúrio.
Sushuma sai do topo da
cabeça, sob a área mole do crânio chamada “porta de Brahma”, e vai até um
espaço localizado a quatro dedos abaixo do umbigo. Algumas obras tântricas
consideram que o canal central se estende até o órgão sexual. Esse nadi representa
o aspecto absoluto, a consciência, a sabedoria não dual. É um canal reto, oco,
luminoso e azul. Diz-se ser tão fino quanto a haste de uma seta. Não é o mesmo
que a medula espinhal, mas corresponde a ela, pois é o eixo vertical do corpo
sutil, enquanto a medula espinhal é o eixo denso.
Pingala e ida nascem também no crânio, surgindo
juntos de um ponto sagrado, situado na medula, conhecido como Triveni.
Nascem próximos asushuma,
mas afastam-se deste logo acima das sobrancelhas, correndo paralelamente no
sentido distal, a aproximadamente uma polegada de distância, e juntando-se logo
acima da parte inferior de sushuma, pouco abaixo do umbigo (ou pouco acima
da área genital). Essa é a forma como os canais são visualizados na meditação,
mas, na realidade, os dois canais laterais se entrelaçam com o canal central em
vários pontos importantes ao longo do percurso, assumindo o aspecto de duas
serpentes perfeitas e geometricamente entrelaçadas, formando espaços entre os
pontos de entrelaçamento, sem nunca se tangerem. Foi exatamente essa imagem que
inspirou o caduceu de Mercúrio.
As controvérsias sobre
o posicionamento do três nadis principais devem-se ao fato de
que apenas os videntes adiantados conseguem observá-los e, como eles existem na
quarta dimensão (astral) e no plano etérico invisível, é extremamente difícil apontar
sua localização exata, obrigando os estudiosos a lançar mão do recurso da
aproximação. Muitos textos orientais mostram localizações um tanto diferentes,
embora sempre guardando certa semelhança.
Os dois nadis laterais, embora mais finos do que o
central, são igualmente ocos e luminosos. Quanto a suas cores, existem também
algumas discussões. Para a medicina tibetana, o canal esquerdo, ou lunar, é
branco: ele representa o aspecto feminino e o básico obscurecimento do
desejo-apego. O lado direito é vermelho, representa o aspecto masculino, o
elemento água e o obscurecimento básico do ódio-aversão. Mas posições
totalmente opostas, tanto no tantrismo tibetano quanto no sistema de yoga as
Índia. No budismo esotérico, por exemplo, o canal direito é predominantemente
vermelho, enquanto no esquerdo predomina a cor verde. Essa colocação se baseia
no fato de que esses canais carreiam modalidades de energia ligadas às forças
cósmicas chamadas kundaline e fohat, que são respectivamente
vermelha e verde. Mas essas cores ocorrem com mais exuberância nos mestres e
seres mais adiantados, enquanto no homem comum aparecem alguns breves lampejos
desses tons. Existem também obras que mostram uma posição invertida desses
canais segundo o sexo, ou seja, na mulher ida está à direita e pingala à esquerda. Contudo esse
posicionamento é bastante improvável, pois diverge da ordem cósmica básica.
A descrição das veias
sutis e dos chacras a elas associados varia de acordo com o sistema médico ou
com o sistema tântrico. Os mestres ensinam que as variações de descrição dos
três canais apontam para o fato de ter o meditador de encontrá-los sozinhos e
localizá-los conforme as próprias capacidades e tipo de prática.
A confusão quanto ao
posicionamento e ás cores dos canais sutis laterais, e do próprio conjunto dos
três, deve-se ao fato de que foi necessário ocultar (velar ou “colocar um
véu”…) o conhecimento verdadeiro da curiosidade profana, que poderia dele fazer
mau uso. Esse foi um recurso utilizado para proteger o conhecimento sagrado,
tanto dos homens comuns de seus países quanto de invasores estrangeiros. Por
isso, muitas obras ocidentais sobre a medicina tibetana apresentam informações
diferentes da realidade esotérica.
Por meios de métodos
tântricos e práticas especiais, o fluxo vital (também denominado “ares” ou
“essências”) nos três canais é mantido conscientemente no ponto de reunião
abaixo do umbigo, para fazer surgir o “calor místico”, que desimpede os canais
para fazer a passagem adequada do fluxo vital. Os “ares” sutis contêm a força
vital ou prana. Os tibetanos identificam um
caráter de reciprocidade entre a mente e oprana,
de modo que o domínio a estabilização do prana nos canais centrais também estabilizam
a mente. Esse é o princípio básico de todoyoga e das técnicas de pranayama.
O padrão respiratório do homem se altera conforme o estado mental e emocional e
por isso os estados de espírito e os sentimentos refletem-se no ritmo da
respiração. Pela prática do pranayama, manipulando
adequadamente a respiração é possível influenciar a mente e a consciência.
Durante a respiração,
os dois canais laterais inflam sob a ação do ar aspirado pelas narinas.
Ordinariamente, o prana contido no ar aspirado se dispersa por
todo o corpo através de inúmeros caminhos para, nos canais laterais a sushuma,
formar os “ares psiquicos”, também chamados de “ares kármicos”, porque carregam
consigo as forças do obscurecimento mental. O yogue controla os ares kármicos e
faz com que cheguem ao canal central de modo a dominar conscientemente e
transmutar a força das corrupções “kármicas”.
O corpo depende dos
canais centrais, estes dependem do prana para formar a força psíquica, que por
sua vez é a base da atividade da mente. A mente comum é a fonte de emoções
negativas, com a capacidade de gerar doenças e “demônios”. Pela pacificação da
mente por meio das práticas voltadas ao aperfeiçoamento dos canais psíquicos
centrais, todas as forças negativas e enfermidades podem ser eliminadas. Com o
trabalho sobre os canais centrais, seja pelo pranayama ou pela meditação, vai ocorrendo a
purificação dos chacras, quando são retirados os “venenos” as toxinas psíquicas
associadas a cada um deles. Essa purificação é feita através da sublimação das
energias sutis que passam a ser condensadas na base do canal central, onde é
ativada a essência deboddhi que gera o “calor vital” capaz de
“queimar e destruir os “venenos”.
O domínio da
respiração pode transformar os “venenos” em “sabedorias” pelo controle dos
“três caminhos”. O ar aspirado circula para baixo através dos dois canais
externos e chega ao canal central em sua parte mais baixa. Quando se retém a
respiração enquanto se ligam os dois canais laterais na base do canal central,
a essência do “ar da sabedoria” mantêm-se dentro do canal central, ao passo que
as corrupções e os “karmas” negativos são expelidos com a exalação consciente.
As energias mais sutis
do corpo são geradas a partir do canal centralsushuma, e no centro do coração, através da
concentração da pura quinta essência, extremamente luminosa e colorida composta
pelos cinco elementos. Daí essa energia segue para todos os pequenos canais
sutis formando o sustentáculo da vida e da consciência. Quando as emoções
negativas embaraçam os canais, provocam o bloqueio dessas energias e,
conseqüentemente, o fluxo vital mantém-se mais grosseiro. Por ida,
passa um tipo de fluxo ligado a kama e por pingala outro fluxo ligado àmanas. Os dois juntos formam kama-manas,
o princípio desejo-mente, que se expressa no ahankara. Ao evoluir, vai havendo a
superação desse último princípio e a centralização da consciência em sushuma,
através do processo da constante purificação desses canais.
Sushuma é o canal
ligado diretamente ao qe se chama mais vulgarmente de “foco de percepção”, que
é como a pessoa “sente” e “vê” o mundo e a vida. Quando esse canal se acha
obliterado ou preenchido por energiasdemasiadamente
polarizadas (sobre a influência de kama-manas ou alimentadas por ida-pingala)
a pessoa entende o mundo de um modo obscuro, triste, tedioso, ou
desinteressante. Freqüentemente ela se mostra insatisfeita e costuma buscar
lenitivos para preencher seu “vazio”, como o álcool, esportes, coleções, etc…
estabelecendo rotinas enfadonhas para o viver. Em caso oposto, quando sushuma vai se tornando mais
desimpedido, a vida é “sentida” mais ampalmente, com satisfação e luminosidade.
Há confiança, esperança verdadeira, certeza, dinamismo, entusiasmo e uma
inusitada alegria e satisfação de “estar vivo”; são pessoas felizes e
contagiantes, que conseguem ver graça e brilho em tudo, reagem com resignação
diante dos reveses e não se abatam. Em casos de abertura maior e uma função
mais ativa de sushuma, tem-se a plenitude da consciência e a sensação de
“felicidade” é substituída pelo êxtase: a vida é sentida em sua realidade
plena, em que o individuo se mantém em “estado de graça” constante. Na verdade,
o estado normal do sentimento pela vida é a “graça”, a “bem-aventurança”, o
êxtase,e se, não vemos a vida nem a sentimos plenamente sob este ângulo, isso
se deve à obstrução dos canais sutis, que torna a vida uma coisa comum e sem
atrativos, forcejando o individuo a compensar essa lacuna coma as expectativas
frustras do prazer dos sentidos. As crianças tenras (que sempre apresentam os
canais desimpedidos e ativos) vivem felizes e alegras com qualquer coisa, por
mais simples que seja, admirando profundamente tudo o que está à volta. Talvez
seja com base nessa verdade que um certo Mestre Jesus afirmou que “ aquele que
não se tornar semelhante a uma criancinha não adentrará o reino dos céus…”
Algumas drogas
psicoativas, tais como a cocaína, a heroína, o álcool, agem forçando uma maior
concentração de prana em sushuma, anulando temporariamente a
atividade de ida e pingala. Como resultado, o
individuo tem sensações e percepções muito fortes, ás vezes fantásticas, quando
entra em conexão com planos mais sutis. Mas em cada “mergulho” nesses estados
inusitados de consciência distancia-se cada vez mais da via que o levaria
naturalmente a esses mesmos estados por meio da meditação e do yoga.
Esse é o grande perigo das drogas e dos vícios, pois acabam obliterando cada
vez mais os canais sutis.
Existia na Índia, entre os brâmanes e lamas em centros
iniciático de grande porte, a prática da ingestão do “liquor de soma”
e do “liquor desukra”,
capazes de elevar a consciência e a percepção do discípulo até Atmã e beirar o Nirvana, de modo a mostrar “o que os espera” se
dedicarem-se às praticas espirituais. Essas duas beberagens são ministradas em
rituais especialíssimos, repletos de preparativos complicados, jejuns,
depurações, etc., sendo o “retorno” dessa viagem “átmica” sempre uma fase
extremamente dolorosa para aquele que a experimenta, pois ele se sente voltando
para uma prisão e a um mundo de dor e dificuldades. Isso pode ser de certa
forma entendido com relação a drogas muito estimulantes como a cocaína e a
heroína, e o fator do vicio. Tanto soma como sukra agem diretamente sobre sushuma, mas sem produzir as obliterações que
as drogas comuns provocam nesse canal. Obviamente a composição e uso dessas
bebidas sagrdas são de domínio exclusivo de altos sacerdotes e sua aplicação
faz parte de técnicas espirituais herméticas inacessíveis ao homem comum.
(Extraído da obra O Caduceu de Mercúrio,
de autoria de Marcio Bontempo. Editora Best Seller)