OS
ABUTRES DA AVIAÇÃO
Por
Leonardo Attuch
Na
teoria, o PT, como seu próprio nome indica, é o Partido dos Trabalhadores. Na
prática, tem uma repulsa completa à ideia de que trabalhadores possam exercer
funções de comando em empresas privadas - e o caso Varig talvez seja apenas um
entre vários exemplos. A história que vem sendo contada até agora pelos
governistas tem um tom fatalista. Como não havia alternativa, só se permitiu a
venda da empresa ao fundo abutre do investidor chinês Lap Chan e seus laranjas
porque, caso contrário, a empresa quebraria. Seguindo esse roteiro, a ministra
Dilma Rousseff foi uma heroína, que teve a iniciativa de meter a mão na cumbuca
para evitar a perda de milhares de empregos e o sumiço de um ícone empresarial
brasileiro.
A história real, no entanto, é diferente. Havia, sim,
um plano B, que jamais foi considerado pelo governo petista. Os trabalhadores
da empresa, que eram seus principais credores, uniram-se em torno da Associação
dos Pilotos da Varig (Apvar). Pretendiam usar seus créditos trabalhistas, os
salários atrasados e até mesmo o dinheiro que haviam colocado no Aerus, o fundo
de pensão da companhia aérea, para capitalizar a empresa. Em junho de 2006,
ofereceram US$ 450 milhões pela Varig, mas o juiz que conduzia o processo de
falência, Luiz Roberto Ayoub, não homologou a proposta.
O PT poderia optar entre os trabalhadores da Varig e oslaranjas de um chinês. Ficou com a segunda alternativa.Em grande medida, porque o governo federal a tornou inviável, ao decretar a intervenção no Aerus e também ao ameaçar seqüestrar todos os recursos pagos no leilão para a quitação de dívidas fiscais.
O PT poderia optar entre os trabalhadores da Varig e oslaranjas de um chinês. Ficou com a segunda alternativa.Em grande medida, porque o governo federal a tornou inviável, ao decretar a intervenção no Aerus e também ao ameaçar seqüestrar todos os recursos pagos no leilão para a quitação de dívidas fiscais.
Quando
os trabalhadores foram colocados em posição de impedimento, o investidor Lap
Chan, que já vinha ciscando na grande área, pôde marcar seu gol. Num novo
leilão, ofereceu US$ 24 milhões, - 5,3% do que os trabalhadores se dispunham a
pagar pela Varig. E levou a companhia sem nenhum tipo de sucessão fiscal e
trabalhista - algo que o PT jamais cogitou oferecer aos funcionários da Varig.
Os empregos sumiram e o dinheiro do Aerus também - hoje, cerca de 8,5 mil
pensionistas da companhia aérea, ex-pilotos e comissários vivem na rua da
amargura.
A venda da Varig aos empregados contrariava grandes
interesses, infiltrados na Casa Civil e na Anac. Primeiro, porque poderia
preservar a competição e evitar o duopólio entre TAM e Gol. Segundo, porque
traria ao Brasil, como sócia da Varig, um grande investidor - a Lanchile estava
interessada no negócio. Hoje, quando se fazem as contas, conclui-se que o fim
da Varig custou cerca de R$ 10 bilhões ao país. As rotas internacionais foram
ocupadas por empresas estrangeiras e o mercado brasileiro tornou-se um dos
menos competitivos do mundo.
Eis
aí o resultado do heroísmo da Casa Civil.
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