OS
DOIS BRASIS
Por
Sebastião Barreto Campello
Presidente
do Centro de Estudos do Nordeste- CENOR
Publicado
no Diário de Pernambuco de 29/11/2014
Existem
dois brasi$: um muito rico no Sudeste e Sul e outro pobre e subdesenvolvido
principalmente no Norte e Nordeste. Por que isso? Vejamos:
Em
1816 passou pelo Brasil o escritor inglês Henry Koster. Ao chegar de volta a
Londres ele escreveu um livro, “Travels in Brazil”, no qual ele afirmou que é
chocante a miséria de Piratininga (atual São Paulo) e Rio de Janeiro (capital
do governo Colonial) e a opulência do Nordeste.
Roberto
Cochrane Simonsen, economista e presidente da FIESP, fez um estudo clássico
sobre a economia brasileira desde o seu descobrimento até o fim do século XIX, “História
Econômica do Brasil”, publicado em 1944. Neste livro, ele afirma que, em 1850,
Pernambuco detinha 50% do PIB brasileiro. Em 1872 foi feito o primeiro recenseamento
surge com 65% do PIB nacional.
A
partir de 1808 foi criado em Pernambuco um imposto para custear a iluminação do
Rio de Janeiro, onde encontrava-se D. João VI e a sua corte, apesar de Recife
não ter iluminação. Imposto este que mereceu protestos do então governador da
província, Gervásio Pires, o qual afirmou: “... contribuir para a Província do
Rio de Janeiro, enquanto estamos nas trevas ....... e por esta razão já fizera
a remessa dessa contribuição ....”.
Na
Assembleia Provincial de Pernambuco, na seção de 09 de Março de 1852, o
deputado Francisco do Rego Barros Barreto afirmava que “nove décimos da renda
provincial é mandado para a corte” (Em “Por Uma História do Império Vista do
Nordeste”, 1966). Em 11 de dezembro de 1845 o Diário de Pernambuco publicava que
havia sido arrecadado em Pernambuco Rs. 2,884:918$272 e que tinha sido remetido
para o Rio de Janeiro 1,902:4117$922, ou seja, 65,94%.O mesmo Diário de
Pernambuco, em 03 de Março de 1846, publicou que Pernambuco arrecadou R$ 3,131:258$371,
e remetido para o Rio R$ 2,113:258$097, ou seja, 67,49%.
E
acrescentava, dramático: “Lá foram mais um anno financeiro, que passou 2:113
contos para o sorvedouro do Rio de Janeiro, a fim de engrossar as águas impuras
daquele oceano de desperdício”.
Deixo
para outro artigo o complemento dessa política anti-nordeste.
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