quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

A MALDIÇÃO DO PETRÓLEO


A MALDIÇÃO DO PETRÓLEO
Fonte: planetasustentavel.abril.com.br

O presidente Lula comemorou a imensa descoberta de petróleo ano passado dizendo que “Deus é brasileiro”. Antes de celebrar, talvez ele devesse ouvir a opinião do venezuelano Juan Pablo Pérez Alfonso (1903-1979), fundador da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Para ele, petróleo não é indício da mão de Deus, mas sim do intestino do demo. Juan Pablo costumava dizer que petróleo é o “excremento do diabo”.

Ele sabia do que estava falando, já que viu sua Venezuela erodir suas instituições democráticas e se perder em corrupção. É assim na maioria dos grandes exportadores de petróleo. Quase todos são ditaduras intermináveis, como o Iraque de Saddam e a monarquia saudita. Eles crescem menos que seus vizinhos sem petróleo e seus problemas sociais levam mais tempo para ser resolvidos. Vários são países devastados por guerras civis. Mesmo as democracias do óleo tendem a ser pouco democráticas. Veja o México, onde um mesmo partido, o PRI, ficou no poder por mais de 70 anos. Dos 20 maiores exportadores de petróleo do mundo, 16 são ditaduras. E outros dois – México e Venezuela – são democracias com instituições fracas. A maioria está nos últimos lugares do mundo em desenvolvimento humano, e entre os primeiros em desigualdade e endividamento. É nesse clube que o Brasil está prestes a entrar. Será que devíamos mesmo estar comemorando? E será que tem algum jeito de escapar da “maldição do petróleo”?

Por que petróleo faz tão mal? Como é que uma das mercadorias mais valorizadas do mundo pode gerar pobreza, guerra e autoritarismo? Nos últimos anos, economistas e cientistas políticos encontraram uma série de explicações.

A primeira: petróleo enfraquece a economia. Ele custa tão caro que uma cachoeira de dólares entra no país. Com muitos dólares em caixa, a moeda nacional se valoriza. Resultado, fica barato importar produtos estrangeiros e caro produzir – aí a indústria nacional definha. Só que o preço do petróleo é uma montanha-russa. Em 1990, o barril custava mais de US$ 40. Meses depois, caiu para menos de US$ 20. Enquanto este texto era escrito, um barril custava US$ 135. Essas altas e baixas destroem qualquer um. O preço sobe, o país se alaga de dólares e as indústrias fecham. O preço cai, secam os dólares, o país se endivida e não tem indústria para ajudar.

A segunda: petróleo distancia os políticos do povo. A maioria dos grandes exportadores de petróleo nem cobra impostos da população. Não precisam. Têm dólar sobrando. Os governos não prestam contas a ninguém, roubam descaradamente, torram dinheiro público e a sociedade civil é fraca, desestruturada.

A terceira: petróleo torna a política mais burra. A maioria dos países exportadores não tem um projeto de desenvolvimento, apenas grupos rivais brigando pelo poder – e pelo acesso ao poço de dinheiro. Quando chegam lá, gastam que nem loucos, sem planejamento, para não deixar nada para os rivais.

Quer dizer então que nos ferramos? Não. Num certo sentido, o Brasil deu sorte de virar exportador justo agora, quando estudiosos estão desvendando os mecanismos da maldição e inventando antídotos. Outra sorte é que o nosso petróleo está enterrado bem fundo, e vai demorar para começar a jorrar. Ou seja, dá tempo de nos prepararmos. Só que devemos trabalhar já, antes de o petróleo começar a ser vendido. Veja o que precisamos fazer:

1. Ter um projeto de país. Está na hora de governo, oposição e sociedade civil discutirem que tipo de país nós queremos. Claro que não vamos concordar em tudo, mas dá para alcançar alguns consensos. Por exemplo: o de que precisamos de educação básica decente, de infra-estrutura, de um sistema de saúde, de pesquisa científica, de proteção ao ambiente. O papel da imprensa é discutir essas questões e informar a sociedade, para que todo mundo possa participar. Com todo mundo de acordo com esse projeto, podemos planejar a longo prazo o uso do dinheiro do óleo – e cada governo novo tem a obrigação de continuar o que o anterior começou.

2. Proteger a economia. Quando o dinheiro vier, nos encheremos de dólares. Precisamos evitar que essa dinheirama inunde a economia e supervalorize o real. O ideal é colocar tudo numa conta separada, que precisa ser vigiada de perto pela oposição e pela sociedade civil, para que ninguém tire dela mais do que o permitido. O governo só pode sacar até um certo limite, e deixar o resto guardadinho para os nossos netos. Se o preço do petróleo cair, pode sacar um pouquinho mais para evitar depressão na economia. Se subir, é hora de guardar para tempos bicudos. E tudo o que o governo sacar tem que ser usado para colocar em prática o projeto de país descrito no item 1. Nada de aumentar a gastança do governo.


3. Transparência. O único jeito de evitarmos que surrupiem a grana é abrirmos todas as janelas. Precisamos que cada funcionário do governo tenha obrigação de prestar contas do que faz. Precisamos de organizações independentes destinadas a investigar gastos públicos. Precisamos de uma imprensa menos gritona e mais vigilante e racional. Precisamos que cada órgão do governo tenha como uma de suas funções fiscalizar um outro órgão do governo. Precisamos que o orçamento seja claro, transparente e público. O saldo da conta do dinheiro do petróleo, por exemplo, tem que poder ser acessado online por qualquer brasileiro. Se fizermos tudo isso, o petróleo não só deixará de ser uma maldição como resolverá a maioria dos problemas do Brasil. Está aí a Noruega, 3a exportadora de petróleo e 2o maior índice de desenvolvimento humano do mundo, para provar que é possível. Mas, se não fizermos a lição de casa... Hmm, a coisa vai feder.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

MULHERES

KKKKKKKKKKKKK

PRIVATIZAÇÃO

PRIVATIZAÇÃO

O que é isso? “Não, foi concessão”, diz o abc do PT

Blog do Augusto Nunes

Desde 1997, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu reduzir o peso e aumentar a eficácia do mamute estatal, o PT fez o que pôde para transformar a privatização no oitavo pecado capital.

Sempre de olho na próxima eleição e de costas para as próximas gerações, a seita chefiada por Lula passou 15 anos enxergando mais uma perfídia infiltrada na “herança maldita” no que foi um notável avanço civilizatório. Graças ao governo FHC, o Brasil ficou menos primitivo.

A privatização dos três principais aeroportos informa que os pastores do atraso enfim capitularam, constatei nesta quarta-feira no comentário de 1 minuto para o site de VEJAA teimosia insensata da companheirada custou muitos bilhões de reais, desperdiçados pelo governo em remendos, puxadinhos e outros monumentos ao improviso erguidos para distrair a atenção de eleitores tapeados por promessas que seguem acampadas nos palanques.

Os defensores do Estado obeso também consumiram o estoque de paciência de multidões de passageiros flagelados por congestionamentos nos saguões, nas salas de embarque, nas imediações das esteiras de bagagens, nas filas de táxi. O tempo que se perdeu é irrecuperável. Mas antes tarde do que nunca. “O ‘reposicionamento dos petistas em relação aos aeroportos nos livrou, para todo o sempre, do estelionato eleitoral em torno das privatizações”, registrou o senador Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB paulista.

Ainda não, avisa a discurseira de oficiais do PT decididos a provar que, embora os aeroportos tenham sido privatizados, não houve privatização nenhuma. “Querem confundir uma coisa com outra”, ensina o inevitável José Dirceu. “O que houve foi uma concessão”.


O guerrilheiro de festim vive criticando o governo paulista por ter entregue à iniciativa privada, em regime de concessão, a administração das rodovias estaduais. “Os tucanos privatizaram o patrimônio rodoviário”, berra desde o século passado. É o que acaba de fazer o governo federal com a fatia mais valiosa do patrimônio aeroportuário, mas para isso existe a novilíngua companheira. “Privatização”, no dicionário do PT, virou “concessão”. O rebanho vai balir como ordenam os guias. Tomara que o eleitorado não seja tão paspalho, ou que já não sejam tantos os brasileiros idiotizados com direito a voto.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

CUBA

QUANDO O CAPITALISTA INVESTE NO COMUNISTA, DESCONFIE, AÍ TEM COISA.

EM OUTRAS PALAVRAS, ESSA HISTÓRIA DE QUE O PAPA FRANCISCO FOI MEDIADOR ENTRE BARACK OBAMA E RAUL CASTRO, EU MESMO NÃO ENGULO.

LEMBRO-ME MUITO BEM, NA ÉPOCA DA GRANDE GUERRA, QUE, QUANDO O PAPA SE METIA EM ASSUNTOS ESTRATÉGICOS,STALIN LEVOU-O AO RIDÍCULO, PERGUNTANDO:

"QUANTAS DIVISÕES TEM O PAPA?"

POIS É, A PERESTROIKA CUBANA ESTAVA NO FORNO HÁ TEMPO, POR BAIXO DOS PANOS, E O PORTO DE MARIEL É PROVA DISTO.

KKKKKKKKKKKK, EM BREVE TEREMOS NOS SHOPPINGS E VUCO VUCOS, BUGINGANGAS "MADE IN CUBA".

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

PEDAÇOS DA HISTÓRIA DO BRASIL-CAPÍTULO II

A TRAGÉDIA DE TRACUNHAÉM
(Compilação da Internet)
1.INTRÓITO

Após a assinatura do Tratado de Tordesilhas, que firmava um acordo entre o Reino da Espanha e o Reino de Portugal referente a divisão das terras recém descobertas, Portugal decidiu dividir a sua parte no território em faixas e deixar cada faixa sob a responsabilidade de uma pessoa apenas. Essas pessoas que ficavam cuidando do desenvolvimento das terras em nome da coroa eram nobres de Portugal devidamente escolhidos pelo rei. Caso  pessoa a quem a tarefa foi delegada morresse, o seu filho assumiria imediatamente o comando das terras, por isso essas faixas de terra ficaram conhecidas como “Capitanias Hereditárias”.

A capitania de Itamaracá era uma das quinze faixas de terra chamadas capitanias hereditárias, que dividiam a parte que Portugal detinha do território  brasileiro. A capitania de Itamaracá, de maneira mais específica, passou por diversas turbulências: Uma chacina encabeçada pelos índios potiguaras dizimou os colonos portugueses da região, a capitania passou mais de 10 anos sem um representante da coroa nas terras e mudou de nome.

Linha do tempo da história da Capitania de Itamaracá
1533  – As capitanias hereditárias são divididas e a Capitania de Itamaracá é doada a Pero Lopes de Souza. Essa Capitania ficava onde hoje encontramos a cidade de João Pessoa, no estado da Paraíba. Antes da chegada dos portugueses os franceses já tinham começado no local a exploração da árvore pau-brasil e mantinham uma relação cordial com os índios que viviam lá, os índios potiguaras.
1534  – O Donatário das Terras, Pero Lopes de Souza morre. Como não foi cumprida a Lei das Sesmarias, que dizia que o donatário tinha o dever de fixar trabalhadores nas terras e diminuir o despovoamento, as terras voltaram ao patrimônio da Coroa, e a Capitania de Itamaracá tornou-se capitania real.
 1540  – O administrador real que iria ser responsável por Itamaracá foi nomeado: João Gonçalves. Mas ele só chegou nas terras em 1548.
1574(Início do ano) – Acontece a tragédia de Trucunhaém. Índios potiguaras, que mantinham um bom relacionamento com os franceses, foram até o Engenho Trucunhaém (próximo a onde hoje é a cidade de Goiana, no estado de Pernambuco), e atacaram a população de lá, depois que o proprietário do engenho, Diogo Dias, se recusou a entregar uma índia que havia sido levada da aldeia para se casar com um rapaz que morava no engenho. No ataque morreram todos os colonos, os escravos e o proprietário do engenho.
1574 (Final do ano) –  Depois do ataque o rei de Portugal extingue a capitania real de Itamaracá e cria a capitania real da Paraíba, que só viria a ser instalada em 1585.
1599 – A paz com os índios potiguaras é alcançada após uma epidemia de varíola levar vários deles à morte.
1654 –  O território passa a se chamar definitivamente Parahyba.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

2.TRACUNHAÉM , UMA CHACINA DE 1574

Um aventureiro mameluco ( mestiço de português com índio ) chega à aldeia potiguara do cacique Iniguassu , em Cupaóba ( atual Serra da Raiz ) no Brejo Paraibano , e é recebido com hospitalidade pelos silvícolas .

Ele se casa com uma das filhas de Iniguassu , índia de grande beleza,chamada Iratembé ( Lábios de Mel). O casamento é consentido , desde que o par permaneça na aldeia .

Numa ausência do cacique , o esposo resolve voltar ao seu lugar de origem e leva a índia consigo .

Iniguassu imediatamente envia dois de seus filhos a Olinda, em Pernambuco, para reclamar justiça. Por acaso encontraram em visita a Pernambuco, o governador do Brasil, Antônio Salema, que ordena a volta imediata da bela índia à casa do pai.

No retorno à Paraíba , os irmãos têm que pernoitar no Engenho Tracunhaém, próximo a Goiana (PE) do cristão-novo ( judeu convertido ao cristianismo ) português Diogo Dias ..
Quando surge o dia constata-se o desaparecimento da índia Iratembé , possivelmente sequestrada por Diogo Dias . Os seus irmãos reclamam sua entrega mas nada conseguem e retornam à aldeia de Cupaoba , sem a irmã .

Iniguassu ainda apelou para as autoridades , enviando emissários a Pernambuco , mas sem o menor sucesso desta vez .

Insuflados pelos franceses , com os quais mantinham realações cordiais , os chefes potiguaras se reúnem para executar uma vingança e mobilizam 2.000 guerreiros da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Os índios cercam o engenho e usam de um ardil : apenas poucos se deixaram notar para fazer crer que estavam em pequeno número ; quando os defensores do engenho saem para contra-atacar, são trucidados por uma multidão deles .

Todos os moradores do engenho - proprietários , colonos e escravos - são assassinados , sobrevivendo da família Dias , apenas dois que estão ausentes. Outros engenhos da Capitania de Itamaracá também são atacados e incendiados resultando em 614 mortes no total .

O massacre de Tracunhaém causou fortíssima comoção junto aos colonos do Brasil e à Corte do jovem Rei de Portugal , D.Sebastião .


A Tragédia  de Tracunhaém ,  precipitou a extinção da Capitania Real de Itamaracá que encontrava –se abandonada por seu donatário , dando lugar à Capitania Real da Paraíba , a qual só viria a ser instalada em 1585 .

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Foto do Editor


PEDAÇOS DA HISTÓRIA DO BRASIL- CAPÍTULO I

OS CICLOS DO AÇÚCAR E DO CACAU NO BRASIL

(Compilação da Internet)


1.     AÇÚCAR
Em meados do século XVI, Portugal, conseguiu estabelecer uma economia açucareira no nordeste do Brasil. A produção de açúcar foi alcançada devido a uma série de fatores favoráveis. Portugal já tinha o know, pois produzia açúcar nas ilhas do Atlântico e fabricava seu próprio equipamento. E mais, estando já envolvido no comércio de escravos africanos, tinha acesso à mão de obra barata, bem como acesso às habilidades comerciais e financeira dos holandeses., com isto se habilitando a penetrar nos mercados europeus.

Até princípios do século XVII, portugueses e holandeses tinham um virtual monopólio do açúcar na Europa. Contudo, entre 1580 e 1640, o paás ibérico foi incorporado à Espanha, a qual estava em guerra com a Holanda. Assim, os holandeses invadiram o nordeste do Brasil, entre 1630 e 1654, afim de controlar a produção da cana e do açúcar. Quando eles foram expulsos do Brasil, já tinham o know how para o cultivo da cana e a fabricação do açúcar, e foram produzir no Caribe, contribuindo para a queda do monopólio português.

A produção do Caribe levou à queda dos preços do açúcar, e os brasileiros e portugueses não puderam competir com os holandeses. No período compreendido entre o final do século XVII e princípios do século XVIII, Portugal teve problemas financeiros para manter a colônia, que não tinha outra commodity para substituir o açúcar. Ao mesmo tempo, isto levou ao povoamento de outras regiões do Brasil, e começou a produção da pecuária, a qual firmou-se como alternativa ao açúcar.

Constatando que precisava de outro recurso, os Portugueses intensificaram a prospecção mineral, levando ao Eldorado de Minas Gerais.

2.     CACAU

Levado do Pará, o cacau chegou à Bahia na segunda metade do século XVIII, dando origem a um ciclo econômico que acarretou profundas mutações sociais. E tão violentas foram as disputas de terras para plantio do cacau que já se disse que as fazendas do sul da Bahia foram adubadas com sangue humano. Na floresta amazônica, os cacauais nativos são parte da mata virgem. Desenvolvendo-se ao acaso, sem os cuidados necessários e de mistura com árvores as mais variadas, sua produção era pequena, não chegando a pesar na produção mundial e pouco se fazendo sentir na brasileira.

No sul da Bahia, onde até então alguns engenhos de açúcar e inexpressivas roças de café sustentavam os habitantes, o cacau encontrou um habitat perfeito, graças aos ricos solos de massapê e à umidade ambiental resultante de chuvas muito freqüentes. As facilidades de transporte, por via fluvial, e a alta cotação do cacau no mercado externo foram fatores que pesaram para o incremento do cultivo dessa nova fonte de lucro.

Coronéis, jagunços e grapiúnas. A conquista das terras no sul da Bahia motivou lutas sanguinárias que se alastraram por toda a região -- em lugares como Itabuna, Belmonte, Coaraci, Itajuípe, Una e o porto de Ilhéus, escoadouro das grandes safras. Essas disputas entre os grandes proprietários de terras ou coronéis do cacau, travadas por verdadeiros exércitos de jagunços a soldo, prolongaram-se até as duas primeiras décadas do século XX e levaram ao estabelecimento de imensos latifúndios. Em seus limites, o poder dos coronéis era total, permitindo-lhes decidir desde a comercialização do cacau até as eventuais tocaias que seus capangas executariam contra os adversários molestos.

Além de resolverem pela força as questões de terras e as pendências políticas, os jagunços geralmente também trabalhavam nas fazendas, sob condições apenas ligeiramente melhores que as dos lavradores ditos "alugados". Estes, quase sempre flagelados da seca que desciam para o sul da Bahia em busca das promessas da zona cacaueira, incumbiam-se da derrubada das matas e do plantio das mudas, sendo vítimas de um sistema feudal de exploração. Obrigados a comprar nos armazéns das fazendas suas roupas, víveres e as ferramentas que usavam, os trabalhadores recém-chegados submetiam-se a pesadas dívidas que só faziam crescer com o tempo. Somente a partir da revolução de 1930, cujas repercussões motivaram sérias lutas dos assalariados, a exploração da mão-de-obra servil começou a tornar-se menos abusiva.

Apesar da rudeza das condições de trabalho, o ciclo do cacau, com suas possibilidades de ganhos, atraiu gente de toda parte. Aos brasileiros, sobretudo sergipanos, que migravam para o sul da Bahia juntaram-se estrangeiros de procedências diversas -- como árabes, sírios e libaneses, todos tratados indistintamente de "turcos" ou "gringos" -- que desembarcavam em Ilhéus ávidos de fortuna. A atividade comercial, implantada pelos mascates estrangeiros, que a princípio percorriam as plantações em lombo de burro para ofertar suas mercadorias, solidificou-se pouco a pouco e floresceu em toda a região.

A época da conquista das terras e da disseminação do cacau, com o consequente surgimento de povoados e pequenas cidades, deixou marcas bem definidas na psicologia e nos hábitos do povo, dando ao sul da Bahia um caráter próprio, bem diferente do que prevalece, por exemplo, na capital do estado e no Recôncavo. O amor à coragem, a entrega à aventura e a crença no progresso são considerados traços típicos dos grapiúnas, termo pelo qual são desde então designados os habitantes do sul da Bahia. Não raro, tais habilidades originaram-se, em face do significativo afluxo de estrangeiros, de gamas variadas de miscigenação racial.

Os reflexos da crise econômica mundial de 1929, assim como, no plano interno, os da revolução de 1930, influíram nos destinos da lavoura cacaueira, traduzindo-se com mais clareza, nos primeiros momentos, por sucessivas baixas nos preços do produto. Com o desaparecimento da maior parte das oligarquias, os latifúndios fragmentaram-se, por motivos de herança ou simplesmente econômicos, em fazendas de menor porte e organização menos arcaica. Passada a era do caxixe, nome pelo qual eram designadas as invasões de terras ou as muitas aquisições ilícitas, desapareceram de igual modo os jagunços. A criação do Instituto do Cacau da Bahia, em moldes de cooperativa, em 1931, e a fundação do primeiro sindicato de trabalhadores rurais reconhecido pelo governo, que data da mesma época, foram fatos relevantes para a transformação das relações de trabalho na zona de produção cacaueira.

O ciclo do cacau, com suas consequências na esfera social, deu origem a um vasto filão temático que a literatura brasileira explorou e se insere dentro do realismo nordestino. É sobretudo na ficção que as marcas da saga do cacau são mais visíveis.

Incluem-se nesse caso três romances de Jorge Amado, da primeira fase de sua obra, retratando as disputas pela posse das terras e os problemas humanos a ela relacionados: Cacau, Terras do sem fim e São Jorge dos Ilhéus. Idêntica temática foi seguida por Adonias Filho, autor de Servos da morte, Memórias de Lázaro e Corpo vivo, romances ambientados na região cacaueira. Histórias da gente do cacau motivaram ainda o escritor Hélio Pólvora, que as enfeixou em dois volumes de contos, Galos da aurora e A mulher na janela.