quarta-feira, 18 de abril de 2012

DESCULPEM O AUÊ


DESCULPEM O AUÊ
Por Karl Marx
Psicografada através do  médium Balalauê

Após longa ausência dos problemas na Terra, finalmente fui colocado na condicional, com o intuito de tentar, pelo menos tentar, mitigar todo o mal que infligi a todos os povos do planeta.
Como muito cristãos também não entenderam a mensagem do Redentor, muitos marxistas também não sacaram o que eu prescrevi.
A primeira coisa que constatei ao chegar lá em Cima foi: DEUS EXISTE!
Com o rosto coberto de vergonha, não tive coragem de olhá-Lo.
Primeiramente fui colocado no Limbo, esperando o resultado da revolução bolchevique.A sentença dependia do resultado do desenrolar do acontecimentos. Se o resultado fosse conforme a minha teoria, eu não iria para o Inferno, mas, como Stalin bagunçou tudo, fui lançado ao fogo da Geena, onde estou assando até hoje.
Ao ser proclamada a sentença, retruquei de imediato:
AQUELE QUE NÃO TIVER PECADO, QUE ATIRE A PRIMEIRA PEDRA!
Foi então me mostrado um sinal cabalístico, onde, intuitivamente conclui:
DE BOAS INTENÇÕES O INFERNO ESTÁ CHEIO.
A partir de 1945 começaram a chegar por aqui os grandes “missionários nazi-fascistas”: Hitler, Mussolini (este chegou um pouco antes), Goebbels, Göring, Himmler, etc.Belzebú teve que construir um anexo porque já não cabia mais tanta gente por aqui. O anexo foi apelidado de “O Reich de Mil Anos”.Por causa deste anexo, as fornalhas foram reforçadas, e esta é a causa do aquecimento global, considerando que estamos abaixo de vocês que estão na superfície.Com a demanda aquecida, subiu o preço do carvão.No entanto, com a subida do “cumpanhêro” Lula ao poder, conseguimos madeira ilegal da Amazônia a preço de custo, e instruímos nossos “representantes” na Terra a fazerem lobby para a aprovação do novo Código Florestal, anistiando todos os desmatadores.
Hitler ainda tentou um acordo com Lenin, um novo acordo germano-soviético, de modo a passar , pelo menos uns dias no nosso pavilhão, que é menos quente, mas aconselhei o mesmo a não assinar mais nada com aquele bandido, que nunca respeitou nenhum acordo na Terra. E assim , continuamos separados, comunistas e nazistas.

Finalizando, gostaria de mandar um apelo aos poucos que ainda me seguem:

NÃO ME SIGAM, NÃO SOU NOVELA!
ESQUEÇAM O QUE ESCREVI!
EU FALEI NA ÉPOCA DO CAPITALISMO SELVAGEM, NÃO ENTENDEM?

Os robber barons também estão por aqui : Rockfeller, Andrew Carnegie, J.P. Morgan, Andrew Mellon, etc, no anexo conhecido como “Wall Street in Hell”.
Minha revolução deu alguns frutos, mas hoje feneceu.



terça-feira, 17 de abril de 2012

DEMÓSTENES OU A MORTE DE NARCISO


DEMÓSTENES OU A MORTE DE NARCISO


RÁPIDA INTRODUÇÃO, POR ALUIZIO GOMES.

Neste belo trabalho, uma tragédia grega recorrente agora na trágica política brasileira.

POR RAUL JUNGMANN

O senador Demóstenes Torres eram dois, sabemos agora.

Um, o Feio, servidor fiel e sócio de Carlinhos Cachoeira. Outro, o Belo, paladino da moral e da ética, grão duque da República.

Enquanto Demóstenes, o Feio, vivia na clandestinidade, o Belo assombrava com seu destemor de quixote, a perseguir corruptos e posar de herói da moralidade pública.

Sua perdição foi o Feio, o real Demóstenes, se apaixonar pela sua persona, o Belo, e acreditar na sua imagem de paladino do bem, que o tornava invulnerável.

Como Narciso, ignorou a profecia de Tirésias, de que só teria vida longa se jamais contemplasse a sua face refletida no espelho.

Embevecido, o Feio se acreditou o Belo refletido na mídia e na tribuna, até provocar a sua destruição. Pois, se o segundo era invulnerável e irreal, o primeiro, o Feio e criminoso, não.

Narciso morre porque se apaixona pela imagem de si mesmo refletida na água e se afoga. Ou, mais precisamente, porque confunde os limites de si próprio e do mundo.
17/04/22012

segunda-feira, 16 de abril de 2012

MENSALÃO


·         VOCÊ SABE DO QUE LULA E O PT TEM TANTO MEDO?

Lula e petistas aumentam pressões sobre ministros do STF no mensalão

Ex-presidente diz a aliados preferir adiamento do julgamento para evitar prejuízo a candidatos do PT

Presença de Toffoli, que trabalhou para o PT e no governo, e proximidade da eleição preocupam o partido

CATIA SEABRA
FELIPE SELIGMAN
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA
Sob a supervisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, integrantes do PT se lançaram numa ofensiva para aumentar a pressão sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal que julgarão o processo do mensalão.

Parlamentares e petistas com trânsito no Judiciário foram destacados para apresentar aos ministros a tese de que o julgamento não deve ser político, mas uma análise técnica das provas que fazem parte do processo.

O medo dos petistas é de que os ministros do tribunal sucumbam a pressões da opinião pública num ano eleitoral. O mesmo movimento tenta convencer o Supremo de que o julgamento não deve acontecer neste ano.

Um dos petistas que participam da ofensiva disse à Folha que fez chegar a integrantes do STF a avaliação de que não há provas suficientes para condenação do ex-ministro José Dirceu e do ex-presidente do PT José Genoino.

Na denúncia que deu origem ao processo do mensalão, Dirceu é apontado pela Procuradoria-Geral da República como chefe de um esquema que teria desviado recursos públicos para os partidos que apoiavam o governo Lula no Congresso.

O foco mais evidente do assédio petista é o ministro José Dias Toffoli, que foi assessor do PT e advogado-geral da União no governo Lula. Emissários do ex-presidente já fizeram chegar a Toffoli a preocupação com a possibilidade de ele se considerar sob suspeição durante o julgamento do mensalão.

Responsável pela indicação de Toffoli, o próprio Lula passou a reclamar dele. Segundo petistas, o ministro estaria emitindo "sinais trocados" sobre o julgamento.

Toffoli pode se declarar impedido para julgar o caso, por causa de seu envolvimento com o PT e o governo Lula, e porque sua namorada foi advogada do ex-deputado Professor Luizinho (SP), que também é réu no mensalão e hoje está afastado da política.

À Folha Toffoli disse que não se considera impedido, mas que só tomará uma decisão quando o julgamento estiver marcado. "Ele não tem esse direito", disse o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), amigo do ex-presidente.

Segundo a Folha apurou, Lula já afirmou a ao menos dois ex-ministros de seu governo que não gostaria que o julgamento ocorresse neste ano por temer prejuízos aos candidatos que apoiará nas eleições municipais. Dos 11 integrantes do Supremo, seis foram nomeados por Lula.

pressão jurídica

Além da movimentação política, os ministros também passaram, nos último meses, a receber outro tipo de pressão, desta vez jurídica, vinda de Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça de Lula.

Contratado para defender um ex-diretor do Banco Rural que também é réu, Thomaz Bastos enviou ao Supremo uma questão de ordem para tentar mais uma vez desmembrar o processo.

Isso deixaria no tribunal apenas três réus e mandaria para a primeira instância todos aqueles que não têm foro privilegiado no Supremo, entre eles Dirceu e Genoino.

O STF rejeitou a ideia em 2006, quando a denúncia ainda não havia sido aceita pelo tribunal e a discussão foi proposta pelos advogados do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

Thomaz Bastos diz ter novos argumentos para defender a tese e já conseguiu convencer parte dos ministros do STF de que será preciso analisar a questão novamente antes do julgamento.
·         Fonte: Facebook do deputado Raul Jungmann

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segunda-feira, 9 de abril de 2012

CAEM OS JUROS


Alguns brasileiros ainda estão com a cabeça mergulhada no passado, quando tínhamos uma inflação galopante, totalmente sem controle.
Quando os bancos estatais anunciaram uma substancial redução nos juros do cheque especial  houve quem criticasse isso, alegando ser inviável, economicamente.
Primeiro, os juros internacionais são ainda mais baixos do que isso, dezenas de vezes mais baixos. Se a Caixa vai emprestar a 1,35%/mês, lá fora isso é ao ano!  
Segundo, se o Brasil quer mesmo se inserir como país sério, tem mesmo que baixar os juros, e não se comportar como uma republiqueta.
Terceiro, se a inflação mensal está em 0,48% ao mês, e a poupança só paga 0,65%, fica perfeitamente viável emprestar a 1,35%.Os custos bancários, devido à ampla automatização nas últimas décadas, só tem caído, quando a máquina substitue o homem, a produtividade aumenta e o custo cai, todo mundo sabe disso.



sábado, 7 de abril de 2012

SER PERNAMBUCANO É


Ser Pernambucano é:

- Ser acusado justamente de que somos os mais megalomaníacos dos brasileiros e de estarmos no topo de um tal de IGPM (Índice Geral de Pouca Modéstia).
- Ter a mania de dizer que tudo daqui é melhor!(e não é mermo???)
- Dizer de boca cheia que o Shopping Center Recife é o maior da América Latina;
- Falar também que o Chevrolet Hall é a maior casa de show da América Latina;
- Ter a maior avenida em linha reta do mundo - a Caxangá, no Recife
- Ter a maior feira ao ar livre do mundo- a de Caruaru.
- Ter também o maior teatro ao ar livre do mundo - Nova Jerusalém, no município de Fazenda Nova, onde é encenada na Semana Santa o espetáculo A Paixão de Cristo.
- Ter a mais antiga sinagoga da América Latina - fica no Bairro do Recife, situado na ilha de Santo Antônio...Sem falar que foram judeus recém-saídos do Recife que migraram para os Estados Unidos e ali fundaram Nova York.
- Achar a Torre de Cristal do Brennand a obra de arte mais bonita do mundo;
- Ter o maior paraíso do mundo e poder dizer com todas as letras: Fernando de Noronha é NOSSA!
- Saber que Recife é um dos grandes pólos de informática e de medicina do Brasil;
- Saber que O Galo da Madrugada é o maior bloco carnavalesco do mundo (conduz mais de 1,5 milhão de pessoas nas ruas do Recife), de acordo com o Livro dos Recordes;
- Ter orgulho do nosso São João que é o maior e melhor do universo;
- Ter O Diário de Pernambuco como o jornal mais antigo da América Latina;
- Saber que a primeira emissora de rádio da América Latina é a Rádio Clube de Pernambuco, que tem como slogan "Pernambuco falando para o mundo";
- Dizer que Olinda se transformou recentemente na Capital Cultural do Brasil;
- Estudos da Fundação Getúlio Vargas, que aponta as características econômicas de cada região, mostra que somos mais eficientes no comércio (influência dos holandeses?);
- Passar um tempo fora, chegar na capital e cantar: "Voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço, quero ver novamente Vassouras na rua passando, tomar umas e outras e cair no passo..."
- Ah... Fazer a maior festa de forma bem calorosa, ao encontrar um conterrâneo em outro estado ou país;
- Morar em outro estado ou país e não perder o sotaque pernambuquês;
- É encher o peito pra cantar: ".. eu sou mameluco, sou de Casa Forte, sou de Pernambuco, eu sou o Leão do Norte..."
- É ser original, alegre, receptivo e solidário. É você perguntar onde fica o local tal e ser bem orientado por qualquer pernambucano;
- É valorizar a cultura popular, apreciar suas belas praias, é ser um cabra da peste!!!!!!!!!
- É ser muito sortudo por nascer numa terra tão linda como essa.
- E fazer qualquer coisa por um taquinho de rapadura e/ou queijo coalho quando reside fora de Pernambuco;
- Se você reside fora do estado, é recomendar aos filhos omitirem o fato de serem Pernambucanos para não humilhar os colegas.
- É se arrepiar com o nosso hino como se fosse o hino nacional, é usar nossa bandeira com todo orgulho, é saber a riqueza de nossa história...
- Usar camiseta, boné, botton com a bandeira do estado (que aliás, é a mais linda do país)
- Saber cantar o Hino de Pernambuco em todos os ritmos: forró, frevo, maracatu. Enfim... é amar a nossa terra e defendê-la acima de qualquer coisa!
- Poder dançar um frevo em Olinda e se orgulhar em dizer que é nosso;
- Encher os olhos d'àgua com aquele sorriso no rosto e até se tremer de emoção só de falar do carnaval de Olinda...
- Saber distinguir entre o Maracatu do Baque Solto do Maracatu do Baque Virado
- Ir ao Recife antigo e pode constatar todo aquele patrimônio arquitetônico;
- Acreditar que Recife é mesmo a "Veneza Brasileira";
- Amar as pontes e Rio Capibaribe do Recife;
- E as praias de Pernambuco? Boa Viagem, Piedade, Candeias, Gaibu, Paraíso
- Jantar olhando para a lua incrivelmente cheia e linda nos bares e restaurantes na beira do rio Capibaribe ou da praia de Boa Viagem.
- Achar que Recife seria melhor se os holandeses tivessem permanecido e admirar Maurício de Nassau mesmo sabendo pouco sobre ele;
- É sabermos da nossa importância na construção da história desse país, da nossa identidade cultural. Do nosso passado fundiário, dos nossos engenhos de açúcar.
- Ir ao monte das Tabocas perto de Vitória de Santo Antão e passar horas imaginando como uma batalha naquele lugar "deu origem" a um lugar tão maravilhoso quanto Pernambuco.
- Dar mais importância ao Campeonato Pernambucano de Futebol do que qualquer Campeonato Nacional, pois futebol se restringe a rivalidades entre Náutico, Sport e Santa Cruz;
- Ir ao Alto da Sé em Olinda apenas para ver Recife ao longe e comer tapioca;
- Ir prá Gravatá, Garanhuns... e se encher de casacos, luvas...independente do frio que esteja fazendo;
- Ficar sempre dividido entre as belezas das Praias de Porto de Galinhas e de Calhetas;
- Ouvir Alceu, Geraldinho Azevedo, Chico Science, Luiz Gonzaga, Lenine e outros tantos e poder dizer "São meus conterrâneos"
- Nos orgulharmos dos nossos grandes literatos: de João Cabral de Melo Neto, de Manuel Bandeira, de Carlos Penna Filho, de Osman Lins, de Gilvan Lemos, Raimundo Carrero, Luzilá Gonçalves, Nélson Rodrigues, Josué de Castro, Paulo Freire, Gilberto Freyre, além de Ariano Suassuna (que só fez nascer na Paraíba)...Entre tantos outros.
- Considerar Reginaldo Rossi o nosso Rei;
- Achar que José Pimentel é a cara do Cristo;
- Ir pra o teatro assistir "Cinderela" com Jason Wallace e se identificar com o sotaque e as gírias usadas no espetáculo.
- Vibrar com a chegada de Joana Maranhão na final das olimpíadas, pois desde 54 que nenhuma nadadora brasileira consegue tal feito.
- Freqüentar a praia de Boa Viagem em frente ao Acaiaca
- Tomar um banho no mar de Boa Viagem mesmo com placas de advertência de tubarão em todos os lugares;
- E ir à Praia de Boa Viagem e tomar um "Caldinho Ele e Ela" p/ curar ressaca, gripe e dor de corno;
- Adorar bolo-de-rolo e suco de pitanga
- Saber a delícia que é um bolo de bacia com caldo de cana
- Correr no Parque da Jaqueira e depois se empanturrar de caldo de cana na saída
- Tomar um caldo de cana no centro da cidade
- Tomar café da manhã (macaxeira com charque) no Mercado da Madalena depois da noitada;
- Adorar o tempero da comida pernambucana: Buchada, Chambaril, Mão-de-Vaca, Rabada, Vaca atolada, Sururu, Caranguejo, Carne de Bode, Carne-de-Sol, Feijoada, Dobradinha, etc.
- Nunca usar artigo na frente de nome proprio: nada de A Maria, ou O Recife....
- Saber o significado das palavras "pirangueiro", "pantim", "mangar" e "lascou"
- Chamar Paínho e Maínha p/ visitar Voínho e Voínha;
-Falar "visse" no final de cada frase;
-Dizer: "É rocha !" , "É porque não dá mermo", "Di cum força", "digaí", ta ligado!?", "oxente" entre outras...
PENSE NUMA TERRA ARRETADA! 

sexta-feira, 6 de abril de 2012

REESCREVENDO A HISTÓRIA......


  

REESCREVENDO A HISTÓRIA...

POR ROBERTO CAMPOS


Introdução:
Por Aluizio Gomes
Roberto Campos foi uma das maiores inteligências brasis, um homem muito à frente do seu tempo. Na década de 50, a xenofobia, a demagogia, e a santa ignorância grassavam na política brasileira. Campos foi um farol , tentando iluminar as mentes carcomidas.Mas, uma andorinha só não faz verão, e o petróleo tornou-se monopólio estatal, para graves prejuízos ao nosso desenvolvimento.
Hoje, ele é um homem esquecido, enterrado historicamente pelas mentes petistas. Com esse trabalho, pretendo resgatar um herói de nossa história, que foi estigmatizado como entreguista, mas era apenas um homem inteligente.

Quando for escrita a história econômica do Brasil nos últimos 50 anos, várias coisas estranhas acontecerão.A política de autonomia tecnológica em informática, dos anos 70 e 80, aparecerá como uma solene estupidez, pois significou uma taxação da inteligência e uma subvenção à burrice dos nacionalistas e à safadeza de empresários cartoriais.Campanhas econômico - ideológicas como a do "o petróleo é nosso" deixarão de ser descritas como uma marcha de patriotas esclarecidos, para ser vistas como uma procissão de fetichistas anti-higiênicos, capazes de transformar um líquido fedorento num ungüento sagrado. Foi uma "passeata da anti-razão" que criou sérias deformações culturais, inclusive a propensão funesta às "reservas de mercado" . 
A criação do monopólio estatal de 1953 foi um pecado contra a lógica econômica. Precisamente nesse momento, o ministro da Fazenda, Oswaldo Aranha, mendigava um empréstimo de US$ 300 milhões ao Eximbank, para cobertura de importações correntes(inclusive de petróleo).A ironia da situação era flagrante: de um lado, o país mendigava capitais de empréstimos que agravariam sua insolvência, de outro, pela proclamação do monopólio estatal, rejeitava capitais voluntários de risco. Ao invés de sócios complacentes(cuja fortuna dependeria do êxito do país), preferìamos credores implacáveis(que exigiriam pagamento, independentemente das crises internas).Esse absurdo ilogismo levou Eugene Black, presidente do Banco Mundial, a interromper financiamentos ao Brasil durante cerca de dez anos(com exceção do projeto hidrelétrico de Furnas, financiado em 1958).Houve outros subprodutos desfavoráveis. 
Criou-se uma cultura de "reserva de mercado", hostil ao capitalismo competitivo. Surgiu uma poderosa burguesia estatal que, protegida da crítica e imune à concorrência, acumulou privilégios abusivos em termos de salários e aposentadorias. 
Criou-se uma falsa identificação entre interesse da empresa e interesse nacional, de sorte que a crítica de gestão e a busca de alternativas passaram a ser vistas como traição ou impatriotismo. 
Vistos em retrospecto, os monopólios estatais de petróleo, que se expandiram no Terceiro Mundo nas décadas de 60 e 70, longe de representarem um ativo estratégico, tornaram-se um cacoete de países subdesenvolvidos na América Latina, África e Médio Oriente.Nenhum país rico ou estrategicamente importante, nem do Grupo dos 7 nem da OCDE, mantém hoje monopólios estatais, o que significa que os monopólios não são necessários nem para a riqueza nem para a segurança estratégica. 
Essas considerações me vêm à mente ao perlustrar os últimos relatórios da Petrossauro.Ao contrário de suas congêneres terceiro-mundistas, que são vacas-leiteiras dos respectivos Tesouros, a Petrossauro sempre foi mesquinha no tratamento do acionista majoritário. Tradicionalmente, a remuneração média anual do Tesouro, sob a forma de dividendos líquidos, não chegou a 1% sobre o capital aplicado. Após a extinção de jure do monopólio, em 1995(ele continua de facto), e em virtude da crítica de gestão e da pressão do Tesouro falido, os dividendos melhoraram um pouco, ma non troppo.
Muito mais generoso é o tratamento dado pela Petrossauro à Fundação Petros, que representa patrimônio privado dos funcionários. 
 
 

A empresa é dessarte muito mais um instituto de previdência, que trabalha para os funcionários, do que uma indústria lucrativa, que trabalha para os acionistas. Aliás, é duvidoso que a Petrossauro seja uma empresa lucrativa.Lucro é o resultado gerado em condições competitivas. No caso de monopólios, é melhor falar em resultados.Quanto à Petrossauro, se fosse obrigada a pagar os variados tributos que pagam as multinacionais aos países hospedeiros-bônus de assinatura, royalties polpudos, participação na produção, Imposto de Renda e importação-teria que registrar prejuízos constantes, pois é alto seu custo de produção e baixa sua eficiência, quer medida em barris/dia por empregado, quer em venda anual por empregado. 
 
Examinados os balanços de 1995 a 1998, verifica-se que o somatório dos dividendos ao Tesouro(pagos ou propostos) alcançam R$ 1,606 bilhão enquanto que as doações à Petros atingiram 2,054 bilhões. 
Considerando que o Tesouro representa 160 milhões de habitantes e vários milhões de contribuintes, enquanto que a burguesia do Estado da Petrossauro é inferior a 40 mil pessoas, verifica-se que é o contribuinte que está a serviço da estatal e não vice- versa. 
Nota-se hoje no Governo uma perigosa tendência de postergação das privatizações seja na área de petróleo, seja na área financeira, seja na eletricidade.É um erro grave, que põe em dúvida nosso sentido de urgência na solução da crise e nossa percepção dos remédios necessários.A privatização não é uma opção acidental nem coisa postergável, como pensam políticos irrealistas e burocratas corporativistas.É uma imposição do realismo financeiro.Há duas tarefas de saneamento imprescindíveis.A primeira consiste em deter-se o "fluxo" do endividamento ( o objeto mínimo seria estabilizar-se a relacão endividamento/PIB).Essa é a tarefa a ser cumprida pelo ajuste "fiscal". 
A segunda consiste em reduzir-se o estoque da dívida.Esse o objetivo da reforma "patrimonial", ou seja, a "privatização". 
Não se deve subestimar a contribuição potencial da reforma patrimonial para a solução de nosso impasse financeiro. 
Tomemos um exemplo simplificado. 
Apesar da crise das Bolsas, a venda do complexo Petrossauro-BR Distribuidora poderia gerar uma receita estimada em R$ 20 bilhões.
Considerando-se que a rolagem da dívida está custando ao Tesouro 40% ao ano, uma redução do estoque em R$ 20 bilhões, representaria uma economia a curto prazo de R$ 8 bilhões.Isso equivale a aproximadamente 20 anos dos dividendos pagos ao Tesouro pela Petrossauro na média do período 1995-1998 (a média anual foi de R$ 401,7 milhões). 
Se aplicarmos o mesmo raciocínio à privatização de bancos estatais e empresas de eletricidade, verificaremos que a solvência brasileira dificilmente será restaurada pela simples reforma fiscal.Terá que ser complementada pela reforma patrimonial. 
É perigosa complacência a atitude governamental de que a reforma fiscal é urgente e a reforma patrimonial postergável. É dessas complacências e meias medidas que se compõe nossa lamentável, repetitiva e humilhante crise existencial. 

 
Artigo publicado no Jornal do Commercio, em 21/03/1999

segunda-feira, 2 de abril de 2012

HISTÓRIA DO PARQUE DONA LINDU


HISTÓRIA DO PARQUE DONA LINDU
Por Aluizio Gomes

No princípio, era o Recife.Cidade dos rios e das pontes, cantada em prosa e verso, bucólica, conservadora, provinciana, moradia dos senhores de engenho, intelectuais, escritores, poetas, e alguns heróis também.
Veio a 1ª Grande Cheia, 1965.
Veio a 2ª Grande Cheia, 1975.
Foi demais. A classe média abandonou seus queridos bairros ribeirinhos: Graças, Casa Forte, Dois Irmãos, Parnamirim, etc, e se mandou para Boa Viagem, se empilhando em moradias verticais, coisa inexistente antes de 1965.Como a classe média só gosta de filé, a carne de pescoço ficou para a patuléia.Talvez, talvez não, certamente a Av. Boa Viagem, que tem 6,5km de extensão, tenha a maior quantidade de área construída, em m2.Considerando o luxo das obras, é a maior arrecadadora de IPTU residencial.Como terra não estica como um elástico, veio a natural saturação, o preço do m2 disparou, mas a classe média não liga muito para isso não.”Deus me livre morar na Imbiribeira, Jiquiá”, diria uma dondoca.
Com o tempo, a classe média começou a sentir falta de ar.Como passear seus schnauzers, malteses? Onde levar seus rebentos para brincar? Logo percebeu-se um enorme terreno livre, bem na avenida, ótimo para isso, e a classe média foi tomada de repente, não mais do que de repente, de uma heróica consciência ecológica.”Precisamos de árvores, um parque para passear, chega de tanto concreto!” Foi o grito de guerra.O terreno era da Aeronáutica, remanescente da 2ª Guerra Mundial, onde poder-se-ia colocar artilharia, para bombardear possíveis navios alemães. Acabou a guerra, mas o terreno ficou como patrimônio da Aeronáutica, reserva para futuras residências dos militares, ressaltando que na avenida já existem muitos terrenos dela, onde foram construídas residências, para todas as patentes. O Clube da Aeronáutica fica na avenida.
Num golpe de sorte, a Aeronáutica doou o terreno ao governo, para construção do tão almejado parque. Mas, no meio, tinha o PT! Essa não! Um partido contrário à classe média, defensor dos pobres e excluídos! O PT quis também trazer o proletariado para a avenida, e ao mesmo tempo construir um monumento ao príncipe. Tudo caiu como uma luva, a classe média chiou, chiou, mas não teve jeito. O príncipe venceu, e ainda xingou a classe média, chamando-a de “elite intransigente”.Colocaram lá uma obra de Oscar Niemeyer (em concreto, que heresia!), e num arroubo de puxa-saquismo sem paralelo, ainda batizou o lugar com o nome da genitora de Lula: dona Lindu.A princípio esse nome soou muito mal, cafonérrimo, somos acostumados a batizar nossos prédios com nomes aristocratas, mas isso já passou.
Sem dúvida, a obra é irreversível, já incorporada ao dia a dia da cidade. A classe média teve um lugar ao sol, mas tendo que dividir o parque com as classes menos favorecidas, que vêm para cá curtir shows de graça. Hoje mesmo tem Maria Rita, às 18h.
Primeiro de Abril de 2012