sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

CARTOLIN

CARTOLIN,PRESENTE!
Por Aluizio Gomes

Cartolin estava presente às margens de um riacho, no dia 7 de Setembro de 1822, na antiga província de São Paulo, quando surgiu um mensageiro entregando uma ordem a um fidalgo a cavalo que estava a caminho da capital com sua comitiva.
O cavaleiro leu, ergueu sua espada e deu um brado retumbante.
Cartolin deu um profundo suspiro, e sussurrou, em desalento:
"Não vai dar certo".

Cartolin estava, no dia 22 de Junho de 1941, em uma cabana na fronteira da Polônia ocupada pela Alemanha com a U.R.S.S. quando foi despertado pelo enorme rugir das panzers nazistas atravessando a fronteira.Pelo ar, roncavam os motores de Stukas e Messerschmidts.
Em desespero, Cartolin correu para a janela e bradou, em plenos pulmões:
"Voltem, voltem! Não vai dar certo!"

Cartolinus estava presente na fronteira norte de Roma, no dia 10 de Janeiro de 49 A.C., quando surgiu um general, com seu exército vindo da Gália.O general parou momentaneamente na fronteira (o Rubicão), ergueu a espada e bradou:
"Alea jacta est!"
Cartolinus colocou as mãos na cabeça e exclamou:

"Por Júpiter, não vai dar certo!"

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

HISTÓRIA DE UM FRACASSO

HISTÓRIA DE UM FRACASSO
Por Aluizio Gomes

1.INTRODUÇÃO

Em algum desvão da História pode-se encontrar uma lição preciosa, a qual servirá intensamente para momentos atuais. Agora e aqui na América Latina, despontam líderes esquerdistas, ávidos em estatizar ativos privados, dentro da obsoleta ótica socialista. Pois bem, uma lição esquecida e que vamos abaixo rememorar, pode nos alertar sobre os perigos do socialismo.

A década de 30, século passado, foi na Europa uma fase dificílima, fruto de revoluções que abalaram o próprio núcleo do mundo ocidental. A Revolução Comunista de 1917 acabou com a aristocracia russa, e imediatamente ameaçou se propagar para outros países, através do Comintern. No rescaldo da I Guerra Mundial, veio o Tratado de Versalhes, que puniu duramente a Alemanha, levando-a a um nível de inflação jamais visto. No seu auge, era preciso um carrinho de mão cheio de marcos, para comprar um simples pão. A República de Weimar fracassou, devido ao ambiente caótico, abrindo caminho para a ascensão de Hitler. E mais, o crack da Bolsa em 1929, e a Guerra Civil Espanhola, em 1936, além, claro, do fascismo na Itália, levavam a indicadores apocalípticos para o sistema democrático. Em retrospectiva, custa a crer que o mundo tenha sobrevivido a tais situações.



2.A FRANÇA EM 1940

O fracasso dos franceses em conter a onda nazista, a blitzkrieg, em 1940, até hoje impressiona os historiadores. Apesar de, no ano anterior, a potência da máquina de guerra alemã ter sido demonstrada na Polônia, a França pouco fez para se adaptar a uma guerra moderna. No caso da aviação, os caças teriam de que ter motores no mínimo com potência de 1.000hp, sob pena de se tornarem alvos para aviões de caça mais rápidos. Os motores dos caças franceses tinham 860hp, não sendo páreo para a Luftwaffe, com seus Messerschmitts, Junkers, e outros, bem mais velozes, com motores fantásticos, de 1.700 e até 1.900hp! Entre Setembro de 1939 e Maio de 1940, correspondendo mais ou menos ao inverno europeu, houve o que se chamou de guerra falsa, os países estavam em guerra apenas no papel, não havendo combates, portanto houve tempo suficiente para adaptação, e nada foi feito.

Vejamos o que nos diz Bill Gunston, na introdução de seu livro "Caças dos Aliados da II Guerra Mundial":

"Durante os anos 30, as empresas construtoras de aviões da França colocaram nos céus cerca de 150 tipos diferentes de aviões militares. Muitos se destacaram pela sua feiura, porém, a partir de 1935, os projetistas gauleses, criaram aparelhos cada vez mais competitivos, que poderiam ser o alicerce de um poderio aéreo, e que nem mesmo Hitler conseguiria desdenhar.

Infelizmente, o moral da França era baixo. Em 1936, um governo de ala-esquerda, recém-eleito, nacionalizou todas as indústrias de defesa, cortando ao meio todas as velhas companhias, e formou gigantescos grupos, numa base puramente geográfica. Longe de aumentar a produção, esta atitude provocou um caos, e excelentes projetos que sobraram nas esfarrapadas firmas remanescentes tiveram as peças essenciais negadas e sofreram atrasos de um ano ou mais. Até mesmo os projetos nacionalizados foram prejudicados por descontentes e sabotadores que aleijaram a produção, a despeito dos esforços desesperados de uma minoria dedicada.

Outro importante fator foi que os motores disponíveis eram quase impotentes para tornar os caças franceses capacitados quando o duro teste da guerra começou. A Lorraine e a Farman realmente desistiram. A Hispano-Suiza tinha um V-12, basicamente bom, o qual, em 1935, foi testado com 860hp e, na II Guerra Mundial, ele seria a base para mais de 100.000 motores fabricados na União Soviética, alcançando até 1.650hp. Porém o único caça disponível em grande quantidade na Armée de l'Air, em 1939, o M.S. 406, foi impotente com os 860hp, de modo que, quando enfrentou o Bf 109E, foi abatido aos montes.

A Gnome-Rhône, a partir de 1921, licenciada da Bristol, adquiriu uma licença da companhia britânica de um Hércules de válvulas de manga, radial, de 1.375hp, porém nunca o produziu para a guerra. Em vez disso tudo o que ela conseguiu produzir foi um radial  de alta compressão para 1.000hp, que foi colocado no Bloch 151, basicamente excelente. A potência foi simplesmente insuficiente, sendo uma das gratas recordações do Bloch a quantidade de aparelhos que conseguiu retornar aos pedaços, mas de cabeça erguida. A capacidade de um caça em absorver golpes é necessária, mas não é o caminho para a vitória.

Excluídos os excelentes protótipos dos engenheiros Vernisse e Galtier, do Arsenal de l'Aéronautique, que não chegaram às esquadrilhas, o Dewoitine 520 foi considerado o melhor caça francês da II Guerra Mundial. Ele possuia motor Hispano V-12, de 910hp; era pequeno, leve e suficientemente ágil para ter bom desempenho. Se os operários tivessem se "colocado em seus lugares" um ano mais cedo, em 1938, os 109 da Luftwaffe não teriam obtido tanta facilidade nos céus da França.

Nessas circunstâncias, o desesperado governo francês, em 1938, voltou-se para o mercado externo em busca de caças e fez encomendas maciças nos EUA.O Curtiss Hawk 75 chegou às esquadrilhas em grande quantidade e quase conseguiu igualar-se ao 109, a despeito de seu fraco desempenho em voo. No momento em que as outras marcas de caças estavam encaixotadas para embarque, a França já havia capitulado."

04/02/2007

Fonte:

 Gunston, Bill."Caças dos Aliados da II Guerra Mundial." Ed. Melhoramentos. Tradução da obra em inglês: AN ILLUSTRATED GUIDE TO ALLIED FIGHTERS OF WORLD WAR II;1981, Salamander Books Ltd.; Londres.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

ARGENTINA

[17/2 18:20] José Cancio: Coluna de Renato Follador: Inveja da Argentina
Por radio.cbn.curitiba , 12 de fevereiro de 2016 • ( 0 )
Em somente dois meses na presidência da Argentina, Maurício Macri retirou todas as restrições de importações, zerou o imposto de exportação de trigo, milho e carne, e reduziu o da soja, automóveis e motos. Mesmo assim, a arrecadação aumentou.
Denunciou o acordo com o Irã, expulsou médicos cubanos sob a justificativa de que não financiaria ditaduras enganando a população com uma pseudo assistência médica. Demitiu 19 mil comissionados, desmontou a “Ley de Medios” e anunciou que vai pagar todas as dívidas dos importadores argentinos, no total de US$ 5 bilhões, 80% delas com exportadores brasileiros.
Na semana passada, ainda quitou US$ 2,3 bilhões com credores italianos e conseguiu deságio de 30% para pagar a parcela restante de US$ 9 bi com fundos “abutres”. A Argentina voltou ao mercado mundial de capitais, depois de 10 anos de kirchnerismo, em que foi a leprosa do mundo.
Há duas semanas, investidores internacionais fizeram fila em Davos para falar com ele.
Enquanto isso, no Brasil, o Congresso parado sob o comando de dois denunciados e a presidente, sustentada por um partido esfacelado pela contradição e pela corrupção, reafirma sua incompetência, arrogância e impopularidade para fazer as reformas necessárias.
Mais uma vez se confirma a tese de que governos são resultado da qualidade e da visão estratégica de seus governantes.
Nunca pensei que teria inveja da Argentina.
[17/2 18:20] José Cancio


sábado, 20 de fevereiro de 2016

NEPOTISMO

NA CAPITANIA HEREDITÁRIA DE PERNAMBUCO É ASSIM

Arthur Leal Arraes de Alencar – primo do governador. Em 30 de dezembro de 2010 (último dia do primeiro mandato de Eduardo Campos), foi nomeado assessor de apoio técnico operacional da administração do Distrito Estadual de Fernando de Noronha (a nomenclatura do cargo é CAA-3), a partir de 1º de janeiro de 2011, ganhando mensalmente R$ 2.159,44 Arthur tinha na época 18 anos de idade. Era o mais jovem da família na gestão do primo.

Carla Ramos Santos Leal — Mãe de Arthur, segunda esposa de Marcos e tia do governador. Desde janeiro de 2009, trabalha como chefe de administração do Palácio do Campo das Princesas. Segundo o Portal Transparência do Governo de Pernambuco ganha R$ 7.308,00 por mês. Carla é a responsável por gerir a verba de suprimentos do Palácio, apelidada de “caixinha”, recurso legal usado para cobrir pequenas despesas urgentes. O governador Paulo Câmara a manteve no mesmo cargo. Carla começou a fazer faculdade privada de Ciências Contábeis apenas em 2015.

Cyro Andrade Lima – Médico, ex-secretário da Saúde de Pernambuco e sogro do governador. É pai da primeira-dama, cujo nome completo é Renata de Andrade Lima Campos. Desde maio de 2011, integra o conselho de administração Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), a estatal de água e esgotos pernambucana. Recebe R$ 3,7 mil para participar de uma reunião mensal. O Diário Composiano, publicação dos trabalhadores da empresa, já denunciou o caso. Exerceu cargos em estatais nos 02 (dois) governos Lula sempre para participar de uma reunião mensal.

Ana Elisabeth Andrade Lima (Bebeth) — É irmã de Renata Campos e cunhada do governador. Médica, com mestrado em Saúde Pública e foi gerente da Política de Saúde do Estado nos 02 (dois) governos Eduardo Campos. N gestão Paulo Câmara é Secretária Executiva de Saúde de Pernambuco.

Rodrigo de Andrade Lima Molina e Marcela de Andrade Lima Molina – São filhos de Bebeth e sobrinhos de Renata e Eduardo Campos.
Rodrigo estava lotado inicialmente na chefia de gabinete do governador desde os seus 23 anos De 26 a 29 de abril de 2009,viajou para Houston, Texas (EUA), como integrante da comitiva do governo, por solicitação da chefia de gabinete de Eduardo Campos. Em fevereiro de 2011, já gerente de Finanças da Secretaria de Desenvolvimento Econômico,cujo secretário era Geraldo Júlio, atual prefeito, recebeu poderes para “assinar contratos, convênios e instrumentos congêneres”. Na gestão Paulo Câmara foi trabalhar como Diretor de Planejamento de Pernambuco na Secretaria de Planejamento comandada por Danilo Cabral.

Marcela de Andrade Lima Molina ocupou cargo comissionado de gestora técnica na Secretaria de Governo (salário: R$ 4.651,09). Ela foi nomeada em 7 de outubro de 2011, com data retroativa a 1º de outubro daquele ano.
Segundo o Diário Oficial de Pernambuco de 10 a 26 de março de 2012, a pedido da Secretaria-executiva de Relações Internacionais, da Secretaria de Governo, viajou a Havana para integrar a comitiva do Programa Mãe-Coruja Pernambucana, coordenado pela própria mãe. A Secretaria de Governo não tem relação operacional com esse programa. Na gestão Paulo Câmara está ocupando o cargo de gerente na Secretaria de Desenvolvimento Econômico comandada por Thiago Arraes Alencar Norões.

Aurélio Molina – Médico, ex-marido de Bebeth e ex-cunhado da primeira-dama e do governador. É secretário-executivo de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco desde a 1ª gestão de Eduardo, além de lecionar na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco.

Francisco Tadeu Barbosa de Alencar – Conhecido apenas como Tadeu Alencar. É primo de Eduardo Campos. Na 1ª gestão de Eduardo foi Procurador Geral do Estado. No segundo mandato de Eduardo, migrou para a poderosa secretaria da Casa Civil. Também foi membro do Conselho de Administração da Compesa. Em 2014 foi eleito Deputado Federal, cargo que exerce. Seu filho Tómas Alencar – namora com Eduarda Campos (filha de Eduardo e Renata) – trabalha na Prefeitura do Recife junto à Geraldo Júlio.

José Everardo Arraes de Alencar – Ou Everardo Norões, como é conhecido. Poeta, dramaturgo e primo do governador. Segundo o Diário Composiano já integrou o conselho de administração Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). Desde 2008, preside o conselho editorial da Companhia Editora de Pernambuco (CEPE), para o qual é remunerado assim como os demais integrantes da equipe, como regulamenta portaria de 2008. Após indicação da diretoria da editora estatal, os nomes são ratificados pela Secretaria da Casa Civil. Paulo Câmara o manteve no cargo.

Thiago Arraes Alencar Norões – É filho de Everardo Norões e primo em terceiro grau do governador. Substituiu Tadeu Alencar no comando da Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco. Procurador de carreira, ele foi indicado por Eduardo Campos para ser o procurador-geral no segundo mandato, Salário: R$ 29.811,78, segundo o Portal da Transparência do Governo de Pernambuco. No governo Paulo Câmara virou Secretário de Desenvolvimento Econômico, mas abre mão do salário de secretário (16 mil) para receber quase 30 mil como procurador do estado.

Paulo Câmara — Governador de Pernambuco e primo em segundo grau de Eduardo Campos governador. É casado com a juíza Ana Luíza, filha de Vanja Campos, prima de Eduardo. Vanja foi chefe de gabinete de Miguel Arraes durante o segundo mandato, entre 1986 e 1990.

Marcos Coelho Loreto, primo de Renata Campos. Desde 2007, é conselheiro o TCE-PE (nomeado por Eduardo Campos). Foi chefe de gabinete de Eduardo Campos nos dois primeiros anos do primeiro mandato. Foi ainda seu assessor especial do Ministério de Ciência e Tecnologia em 2004.
O outro no TCE é o advogado João Carneiro Campos, irmão de Vanja Campos e primo do governador. Ex-desembargador eleitoral, ele foi nomeado em março de 2011 para o cargo vitalício de conselheiro do TCE-PE.

Flávio Rubem Accioly Campos Filho, primo em primeiro grau de Eduardo Campos, trabalhou durante quatro anos no TCE-PE no Governo Arraes. Em janeiro de 2007, poucos dias após Eduardo Campos tomar posse, Flávio foi nomeado para cargo em Comissão de Assessor da Presidência do TCE, mais precisamente secretário da Coordenadoria de Controle Externo do órgão. A seu pedido, segundo o Diário Oficial, foi exonerado a partir de 2 de janeiro de 2012. NO dia 03 de janeiro de 2012 começou a trabalhar na Secretaria da Fazenda com o então secretário Paulo Câmara. Desde 2015 trabalha na Secretaria de Administração do Estado.

Seu filho, Flávio Rubem Accioly Campos Neto também ocupou cargo comissionado no governo estadual desde janeiro de 2007. Foram cinco anos nessa condição até que, em 2012, se desligou para disputar uma vaga na Câmara Municipal do Recife. Primo em segundo grau do governador, foi assessor da Secretaria Especial de Juventude e Emprego durante o primeiro mandato de Eduardo. Também trabalhou na gerência de redução de danos da Secretaria de Saúde. No governo Paulo Câmara manteve-se na Secretaria de Saúde. O jovem de 30 anos está há quase uma década ocupando cargos comissionados no Estado.

O TCE-PE é um dos tribunais com a melhor remuneração do Brasil. Paulo Câmara, Geraldo Júlio, Danilo Cabral, Milton Coelho e Renata Campos passaram no mesmo concurso. Na época a prova era feita pelo próprio tribunal.

Felipe Carreras (PSB) – Secretário de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco. Empresário do setor de entretenimento, Felipe Carreras foi secretário de Turismo e Lazer do Recife na gestão de Geraldo Júlio. É casado com uma sobrinha de Renata Campos, viúva do ex-governador Eduardo Campos (PSB).


João Campos, filho mais velho do ex-governador Eduardo Campos e de Renata Campos, estudante de Engenharia trabalhará pela 1ª vez na vida. Assumiu em 2016, aos 22 anos, a Chefia de Gabinete do Governador Paulo Câmara.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

ATUALIDADES AMERICANAS

ATUALIDADES AMERICANAS

Por Aluizio Gomes

Hoje em dia, muita gente está intrigada com o que está acontecendo nos Estados Unidos, se perguntando:
“Por que dois extremistas, um de esquerda e outro de direita, estão prevalecendo sobre os tradicionalistas nas primárias para eleger o candidato à Casa Branca?”
Realmente, duas coisas novas estão aflorando no panorama geral, mudando as peças no tabuleiro político, uma sendo étnico-demográfica e outra tecnológica, tudo no embalo da globalização.

1.   VARIAÇÃO ÉTNICO-DEMOGRÁFICA. Com o passar dos anos, a maioria branca (WASP) vem perdendo terreno para imigrantes de outras etnias. Nos séculos XIX e metade do século XX a imigração foi predominantemente da Europa do Norte, por razões religiosas e políticas. Com a pacificação da Europa, após 1945, e a recuperação da mesma pelo plano Marshall, perdeu-se a razão primordial de emigrar. Já na América, ocorreu o “baby boom”, aumentando a população branca. Passam-se os anos, fenece o “baby boom”, e começa a imigração de asiáticos, latinos e africanos. Com oportunidades de bons empregos, e a urbanização, o americano branco prefere fazer faculdade, ser engenheiro, trabalhar na NASA, vale do Silício, indústria em geral. Então, quem iria colher as frutas nos pomares da Califórnia? O mexicano pobre. Em 1956, Fidel Castro tomou posse em Cuba, e muitos cubanos emigraram para a Flórida. Então, a proporção branco-europeu/outras etnias mudou muito, de 1945 para cá. O reflexo disto é que os brancos caucasianos se revoltam por perderem empregos para chineses, coreanos, etc. tornam-se xenófobos, desaguando no fenômeno Trump.

2.   REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA. A realidade da automação virou a balança operária para o lado do “capital intensive”. A globalização permite produtos de todo mundo atingir mercados distantes: computadores, internet, navios mais rápidos, mais econômicos, mais eficientes, enfim, tornam realidade a Aldeia Global. Assim, nos Estados Unidos os sindicatos operários perderam sua força de negociação, refletindo no rebaixamento geral dos salários. Há emprego, mas os salários não estão acompanhando os enormes ganhos de produtividade. Resultado, os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres. Se o americano vê o capitalista faturando alto em Wall Street e ele mal pode pagar a hipoteca da casa, ele se volta para o extremo (Bernie Sanders ou Donald Trump).

Assim, os tradicionalistas estão tendo um desempenho pífio nas primárias: Rick Santorum, Jeb Bush, Chris Christie, etc. E Hillary Clinton está sendo bem ameaçada pelo socialista Bernie Sanders.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

PETROBRAS

Petrobrás: Folha Pesada
Por Claúdio Humberto
twitter: @colunaCH
A comparação da Petrobras com as outras petrolíferas internacionais ajuda a explicar a trágica situação da alquebrada estatal brasileira.
Enquanto a Petrobras paga salários a 315.000 funcionários, entre efetivos (84.000) e terceirizados (231.000),lucrando US$ 1bilhão em 2014, a Shell, a Exxon e a British Petroleum, juntas, empregam 262.000 pessoas, com lucros somados de US$ 58,6 bilhões no mesmo ano
1.    Exxon Mobil emprega 83.500 pessoas em mais de 100 países e registrou lucro de US$ 32,5 bilhões em 2014.
2.   Royal Dutch Shell paga salários a 94.000 empregados nos 90 países onde opera, e apontou um lucro de US$ 14 bilhões (2014).
3.   BP (British Petroleum), muito embora o contencioso do vazamento de óleo no Golfo do México,tem 84.000 funcionários e mesmo assim conseguiu lucrar US$ 12,1 bi no mesmo ano.
A Petrobras opera 7.000 postos de abastecimento no Brasil e mais uma meia dúzia de países.
Já a Shell soma 44 mil postos mundo afora.


(Publicado no Jornal do Commercio, 30/01/2016).

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

AINDA SOBRE A SAMARCO


OS EFEITOS SAMARCO E O GERENCIAMENTO DO CAPITALISMO FINANCEIRO

Samarco, a agonia do capitalismo financeiro.
Data: 27/11/2015
Autor: André Araújo

O caso das barragens da Samarco nos leva a reflexões colaterais sobre o capitalismo financeiro e seus personagens. A Samarco hoje é controlada pela maior companhia de mineração do mundo, a BHP, fusão da Broken Hill Proprietary, fundada na Austrália em 1851, e a Billiton, originada na Indonésia holandesa na mesma época, depois integrante do Grupo Royal Dutch Shell, e a nossa Vale, cuja origem é a americana Itabira Iron, de Percival Farquar, maior empresário do Brasil nas primeiras décadas do Século XX, empresa nacionalizada pelo Presidente Artur Bernardes e que virou Cia. Vale do Rio Doce na década de 40.

Como empresas tão experientes lograram correr um nível de risco patrimonial tão alto a ponto de incorrer em indenizações que provavelmente vão zerar o valor financeiro da Samarco? Esta faturou R$ 7,2 bilhões em 2014, ganhou líquidos 2,8 bilhões e investiu apenas 78 milhões em segurança ambiental. Com um pouco mais reforçaria as barragens, que são de terra, as mais baratas que existem, instalaria sensores para monitorar o risco da pressão do volume sobre a parede e, com mitigação maior de risco, transformaria a parte de terra despejada na represa em pellets, que poderiam ser armazenados fora da represa e diminuiriam consideravelmente o volume dentro  da barragem. Assim, ficaria com muito menor ocupação resultante apenas em água impura, mas em muito menor volume do que o conjunto lama+detritos+água. Essa solução mais definitiva custaria um pouco mais, mas seria um seguro infinitamente mais barato do que o custo econômico que agora cairá sobre a empresa que será devorada pelas indenizações.

Como os executivos não assumiram esse caminho? Por causa do modelo de capitalismo financeiro que vem assumindo a direção das grandes empresas da economia produtiva.  Foram-se os executivos "de indústria",  "do ramo". Hoje, assumiu uma geração de jovens calculistas que trabalham exclusivamente com planilhas, índices, taxas de retorno. Não tem ligação com o produto físico, com as máquinas, com a terra, com o minério, com a barragem. O mundo deles e de seus chefes e acionistas é exclusivamente financeiro.

O lucro pode ser fantástico, mais de um terço do faturamento, mas nem por isso a pressão para obter mais é da essência dessa cultura financeira.  Fora das planilhas e dos "budgets", dos "targets", não tem mais nada no radar, nem o futuro da empresa, é só o próximo trimestre, base dos bônus. No semestre posterior pode ter caído o CEO mundial do grupo e o CEO da Samarco, então a única meta que conta é o lucro do trimestre.

Conheci profundamente o sistema. De 1974 a 1978, fui o principal executivo de uma subsidiaria de multinacional americana no Brasil, havia uma obsessão com a meta trimestral, nada mais importava. No fim de cada trimestre, todos os executivos-chefes de cada divisão viajavam para a matriz em St. Louis, eram 130 divisões no mundo e lá mesmo no bunker do subsolo do prédio havia, durante toda a semana, em um auditório, uma revisão do budget de cada divisão. Se o executivo não tivesse atingido a meta era execrado em público e alguns despedidos lá mesmo. Depois, partia-se para fixação da nova meta para o trimestre seguinte, a pressão era intensa visando aumentar o lucro prometido, máxima pressão, até que o executivo acabasse por aceitar, mesmo sabendo que era impossível atingir, pelo menos ele teria o emprego por mais um trimestre.

Era um sistema diabólico para espremer cada divisão como um limão. Isso há 40 anos. Hoje, está muito pior, o único critério de sucesso é aumentar a taxa de retorno para o acionista com o mínimo de investimento, o mínimo de empregados e o maior aproveitamento dos ativos. Os que atingiam e ultrapassavam um pouco viravam heróis e eram homenageados com convite para jantar com o CEO, ganhavam sorrisos e cumprimentos, às vezes até promoção no ato.

Esse "capitalismo do trimestre" leva a mega distorções. É possível aumentar o lucro no curto prazo economizando em itens que causarão danos só no longo prazo, como não fazer a manutenção periódica dos equipamentos, trocar mão de obra cara por mais barata, rebaixar a qualidade do produto, continua vendendo, mas vai queimando a marca. Economizar na segurança ambiental é uma típica manobra para aumentar o lucro no curto prazo, a custo do longo prazo...

Esse é o típico capitalismo  AMBEV: padronizar todas as cervejas, só muda o rótulo, o gosto é o mesmo. Isso faz cair o custo por causa dos mega volumes de uma fabricação uniforme, abrindo espaço para centenas de fábricas de cervejas artesanais, porque o consumidor não quer o mesmo paladar padronizado. Isso é o capitalismo financeiro, os controladores da AMBEV são todos financistas e não industriais, heróis do capitalismo de corte de custos até o osso.

Hoje, firmas como a BHP e a Vale são controladas por fundos e não por pessoas. Os fundos querem taxas de retorno, é preciso pressionar os executivos. Estes, encostados na parede, cortam custos essenciais para fazer subir a taxa de retorno. Esse capitalismo deixa destroços pelo caminho, no limite vão acabar com o emprego e a sustentabilidade do planeta. O caso SAMARCO pode ser um dos maiores símbolos desse sistema que gera sua própria autodestruição.