quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

CHINA E BRASIL-CONSIDERAÇÕES




China e Brasil-Considerações
Por Reinaldo Azevedo
Publicado no mural de Aécio Neves 2014, Facebook
29/02/2012

Vocês sabem que a tirania chinesa é o grande farol do petismo. Os companheiros são fascinados por aquele misto de estatismo, ditadura, elite pistoleira e, ora veja, crescimento econômico. Se há um lugar onde o capitalismo exibe a sua face realmente selvagem — sem, vamos dizer, os requintes civilizatórios dos direitos sociais —, esse lugar é a China. Fez-se uma sociedade de mercado para uns 400 milhões de pessoas, mantém-se uns 900 milhões debaixo de chicote, e a vida continua.

- Os petistas são obcecados pela “ditadura que funciona”.
- Alguns plutocratas nativos são obcecados pela “parceria” lá existente entre estado e iniciativa privada. Chamam ”parceria” a mais pura pistolagem.
- Alguns que se querem “pragmáticos” são obcecados pelo, como chamarei?, “produtivismo”.

Como todo mundo sabe, a China só pode fazer o dumping clássico e exportar ao mundo a preço de banana porque faz um outro dumping, o de vidas humanas. Até alguns que se querem da minha turma, liberais, acham aquilo lindo! Lixo! Não são da minha turma. O liberalismo que não supõe o exercício das liberdades individuais e de organização é só a pistolagem dos mais fortes. Assim como o comunismo original era a pistolagem dos mais fracos. É claro que não poderia dar em nada.

Por que isso tudo? No Radar Econômico do Estadão Online, Sílvio Guedes Crespo traz uma informação espetacular, veiculada pela agência Bloomberg. Leiam trechos:

Um levantamento da agência Bloomberg a partir de dados da Hurun Report, instituição que mede riqueza na China, mostrou que a elite política do país asiático tem um patrimônio dezenas de vezes superior ao das autoridades americanas. Em reportagem intitulada “Congresso bilionário chinês faz seus pares americanos parecerem pobres”, a Bloomberg informa que os 70 delegados mais ricos do Congresso Popular da China (que tem no total 3 mil membros) possuem, juntos, uma fortuna de US$ 89,8 bilhões. Enquanto isso, nos Estados Unidos, os 535 membros do Congresso, o presidente, os secretários (equivalente a ministros) e os nove membros da Suprema Corte - 660 pessoas no total - detêm, juntos, um patrimônio de US$ 7,5 bilhões.

A Bloomberg acredita que isso seja uma amostra de como o crescimento econômico chinês tem ocorrido de forma desequilibrada. É muito provável que seja verdade, mas, para não deixar dúvida, a agência poderia ter mostrado a evolução desses números ao longo do tempo. “É extraordinário ver esse grau de casamento entre riqueza e política”, disse à Bloomberg um analista do Brookings Institution, em Washington.

Na China, vários bilionários têm cargo público. Por exemplo, Zong Qinghou, segundo homem mais rico do país de acordo com a lista mais recente da Hurun Report, é um delegado do Congresso. Zhang Yin, a mulher mais rica da China, é membro da Conferência Consultiva Política Popular da China. Segundo a Bloomberg, o ex-presidente chinês Jiang Zemin promoveu a inclusão de empresários privados no Partido Comunista.

Essa diferença entre o patrimônio das autoridades americanas e o das chinesas ocorre porque na China parte considerável da elite econômica é ligada diretamente ao governo ou ao partido. Já nos EUA, as autoridades e os legisladores não são necessariamente bilionários.
(…)

Encerro
A democracia liberal é o único regime que permitiu, até hoje, a efetiva participação do homem comum no processo político: não precisa ser um plutocrata nem um membro do “partido”. Tudo aquilo que os comunas sempre pregaram é garantido, ora vejam, pelo capitalismo — desde que exercido sob a tutela democrática. Verdade insofismável: existe capitalismo sem democracia, mas não há democracia sem capitalismo. Se livres, é claro que a tendência dos homens será em favor da redistribuição da riqueza. O verdadeiro “socialismo”, pois, é a democracia capitalista. Sob ditaduras, o que se terá sempre será a concentração da riqueza.

O PT só não consegue ser “chinês” porque é incompetente. No mais, aquele modelo os inspira. O partido também ama o estado, a ditadura e vive de braços dados com espertalhões subsidiados, convertidos em grandes esteios da economia nacional.

Não se esqueçam jamais, meus queridos: o verdadeiro confronto de posições hoje em dia se dá entre “a direita” (como eles chamam) que trabalha para arrecadar impostos e “a esquerda” que vive pendurada nas tetas do estado, com seus plutocratas agregados.

Voltando ao centro: aquela desproporção entre a concentração de riqueza dos políticos chineses e dos homens de Estado nos EUA é ainda mais eloqüente se nos lembrarmos que os EUA têm um PIB de US$ 15 trilhões para uma população de 300 milhões de habitantes, e a China, de US$ 7 trilhões para a uma população de 1,3 bilhão! Os EUA, nação mais rica do planeta, tem o 15º PIB per capita do mundo (US$ 48.147); a China, o 90º (US$ 5.184). Só para vocês terem uma idéia, o PIB per capita de Banânia (US$ 11.177) é mais do que o dobro do chinês, o que nos coloca em 71º no ranking.

De novo: o modelo chinês, tão admirado pelos “companheiros”, consegue ter o 90º PIB per capta do mundo e concentrar nas mãos de 70 políticos a estratosférica quantia de US$ 89,8 bilhões. Em 15º lugar, toda a elite política americana tem apenas o correspondente a 1/12 desse total.

Ah, sim: o comunismo, o tal “regime da igualdade” tão apreciado pela petezada, é o chinês, tá, pessoal? Do modelo americano, os companheiros não gostam. Acham que ele é muito concentrador de renda…

Essa é uma das razões por que esses homens justos me encantam tanto. É por isso que os JEG (Jornalistas da Esgotosfera Governista) os defendem tanto!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

NO RASTRO DA AIDS: DA SELVA AFRICANA ATÉ A SELVA NOVAIORQUINA


NO RASTRO  DA  AIDS:  DA SELVA  AFRICANA  ATÉ  A  SELVA NOVAIORQUINA

Por Aluizio Gomes

É um lugar comum a sentença:”A Natureza não se defende, ela se vinga”.Nesta história de arrepiar os cabelos, isto nunca foi tão pertinente.
Desde a origem da AIDS se sabe que o vírus  HIV, que habita os gorilas e chimpanzés africanos, de alguma forma, e em determinado momento, passou para o humano. Após exaustivas pesquisas, baseadas na engenharia genética, cientistas conseguiram o rastro da epidemia e chegaram mesmo até o seu ponto de origem: Kinshasa, a capital do Congo. Esta cidade é agora chamada de “Ground Zero”, o big bang da epidemia.
O SÉCULO XIX
Em fins do século XVIII e na primeira metade do século XIX , as potências coloniais européias perderam a boquinha na América: Brasil, Peru, Venezuela, Estados Unidos, etc.
Assim, na segunda metade do século XIX, a cobiça européia voltou-se para a África, a fim de explorar suas riquezas, a preço de banana.
Uma grande riqueza era o marfim, e na sua busca desenfreada, os elefantes foram quase extintos, assim como aconteceu com o búfalo (bisão) americano, logo passando para a borracha, com a demanda impulsionada pela nascente indústria automobilística
NO RASTRO DO HIV
Primeiramente, os cientistas começaram a investigação na República dos Camarões, e numa sintonia fina, instalaram 10 estações de pesquisa na região. Duas delas estavam em áreas muito remotas, no extremo sudeste, muito longe dos centros populacionais.
E foi nestas duas estações que os cientistas localizaram o vírus HIV-1, do grupo M, responsável pela morte de milhões de humanos.
UNINDO OS PONTOS
Dois pontos do rastro foram preservados em laboratório. O primeiro, de 1960 está num nódulo canceroso, guardado numa caixa de cera, coletado numa autópsia. E o segundo, numa amostra de sangue coletada em 1959, em Kinshasa.
Baseado nestas duas amostras, o biologista evolucionário Michael Worobey determinou que o vírus HIV, na sua forma letal, é muito mais antigo do que se pensava, anteriormente. Ambas as amostras eram descendentes de um ancestral comum, algo em torno de 1884 a 1924, mais provavelmente em 1908.
A VIA FLUVIAL
Na região em foco corre o rio Sangha, correndo para a África Central; nesta parte, ele não é navegável, por conter muitos bancos de areia e densa vegetação.Por isso, sempre foi uma região muito pouco habitada. Porém, mais um pouco ao sul, corre o rio Congo, a super-estrada da África Central.
Uma vez que o vírus passou do macaco para o humano, uma pessoa pode ter viajado pelo rio Sangha, daí para o rio Congo, até atingir Kinshasa. Na era colonial, esta cidade se chamava Leopoldville, fundada pelos belgas em 1881.Daí, prossegue o rastro até o lago Vitória, depois Zambia, Botswana, até a África do Sul.Uma pessoa infectada viajou para o Haiti, daí irradiando a AIDS para os maiores centros urbanos, Estados Unidos e Europa.
CONCLUSÃO
Com a invasão européia no centro da África, em busca de riquezas naturais, e destruição do meio ambiente, a conseqüência foi um mal que tem causado esta mácula em nossa civilização.
Recife, 28/02/2012.
Livro base: “Tinderbox”, de Craig Timberg e Daniel  Halperin.


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

EROS, FILOS E ÁGAPE


EROS, FILOS E ÁGAPE

“Os gregos estão falidos, mais uma vez, porém seu legado é imortal”
(Aluizio Gomes)


Por Karoly Vieira Jardim Ramos

Podemos observar ao longo da história da humanidade, em busca de todas as formas de arte, a busca sempre constante por expressar, definir, exaltar e até mesmo compreender a este sentimento ou algo misterioso que se chama “Amor”.
Os gregos utilizavam mais de uma terminologia para designar o amor, sendo três muito importantes: Eros, Filos e Ágape.

EROS
Eros é o termo que se traduz em amor erótico ou sexual, e é ao mesmo tempo um deus no panteão grego. Esta divindade do amor foi mencionada na Teogonia de Hesíodo,e este lhe atribuiu o papel unificador e coordenador dos elementos da criação, sendo portanto definitivo no processo de passagem do Caos para o Cosmos. Eros, ou Cupido, une em matrimônio o homem e a mulher, para que estes dois possam completar-se um no outro, e consubstancializar o amor através da união sexual. Este sentimento de amor erótico, no sentido mais transcendental da palavra, só pode ser encontrado no leito nupcial dos esposos, por isso Eros une os casais......

FILOS
Temos ainda Filos, também quer dizer amor, porém em outra conotação, no conceito mais de amizade, afinidade. Daí vem a palavra “filosofia”, “amor à sabedoria”.Esta forma de amor deve estar presente também entre esposos, porque permite uma relação de confiança, respeito e companheirismo. Eros é o sentimento que nos leva a despir o corpo para o ser amado, enquanto Filos nos leva a despir a alma, para que haja uma verdadeira comunhão. Este amor de amigos, no  coração puro, se estende a todos os seres da  criação.
ÁGAPE
Já Ágape é a expressão mais exaltada e sublime do amor.Foi sempre utilizado nos textos cristãos como significação do amor de Deus, o amor desinteressado, indistinto e incondicional. Esta forma de amor faz com que o ser humano vá muito além de sua natureza inferior e busque divinizar-se. Faz-nos ver além dos defeitos alheios , conectando-nos assim com a virtude de cada um. E ainda nos move a querer abandonar os nossos próprios defeitos e imperfeições.
Como descreve em I Corintos 13:
“O amor é sofredor, é benigno;o amor não é invejoso;o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.Não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor sempre foi a maior busca da consciência humana , ainda que muitos nem o suspeitem.Todos dizem que buscam a felicidade, mas felicidade é apenas outra palavra dizer amor. Alguns querem veementemente a sabedoria. Hermes Trimegisto dizia: “Te dou amor, dentro do qual está contido todo o summum da sabedoria” .Quando uma pessoa é religiosa , ela busca encontrar a Deus: nas Sagrada Escrituras Bíblicas está escrito que “Deus é amor”.
 No fundo íntimo, cada ser humano sofre em menor ou maior nível, porque dentro de si há muitos espaços vazios de amor, espaços onde o que reina é exatamente a antítese desta força.

A FORÇA DO AMOR
O amor não é simplesmente um sentimento ou uma virtude humana, ele é a força misteriosa que organiza a todo o universo, e o que faz tudo existir, e é até mesmo o que dá verdadeiro sentido a tudo.É, nas palavras de um sábio, “a força modeladora do Universo”.
Esta força, divina em sua plenitude, se expressa no homem através das diferentes virtudes, como caridade, humildade, pureza, honestidade, sinceridade, altruísmo, etc. O gnosticismo nos ensina que tais virtudes se encontram corrompidas, ou engarrafadas, dentro do que, em termos gnósticos chamamos de “egos”, que são os opostos de tais virtudes, de modo que, praticamente, essas virtudes não se manifestam em nosso íntimo em toda sua plenitude. Necessitamos resgatá-las através de um árduo e heróico trabalho que a Gnosis, como conhecimento dos mistérios da natureza humana nos propõe. Tais defeitos tornam a nossa natureza psicológica  egoísta, e portanto incapaz de amar.
Esta força maravilhosa, em qualquer das formas de expressão mencionadas pelos antigos gregos, seja Eros, Filos, ou Ágape, não pode ser abarcada em sua forma mais absoluta pelo ser humano em sua atual conjuntura psicológica, apenas podemos sentir lampejos disso que se chama amor.É necessária uma verdadeira regeneração e revalorização de nossa natureza  para que possamos  realmente encarnar o sentido de amar profundamente. Uma pequena chispa desprendida desta pequena fogueira, quando capturada  por nós já nos faz sentir uma plenitude indescritível.
Quando alguém sente algo do verdadeiro amor, nada lhe falta, nada lhe sobra. O amor nos torna capazes de todos o sacrifícios  e martírios, de todos os heroísmos e atos de nobreza.Ele converte o feio em belo, o velho em jovem, o triste em alegre.
O amor, com sua ciência e infinita magia, transforma todas as coisas dando-lhes sua verdadeira originalidade, que é o divino.Ele brota através  dos destroços mortais para nos dar  o sentir da eternidade. Surge como a estrela da esperança na noite escura da humanidade para iluminar o nosso mundo melancólico. O amor transforma o deserto da vida humana em um campo verdejante, cheio de abundancia, fertilidade e inspiração.
Os mestres da humanidade nos exortam ao amor.É melhor amar, nos dizem eles,que acumular na cabeça muitas teorias que não nos conduzirão a lugar nenhum.O amor é o caminho para o Monte Olimpo, onde se consegue a imortalidade.
Dizia Hermes Trimegisto: “Os homens são Deuses mortais,e os Deuses, homens imortais”.
Publicado na Revista Gnosis, ed. 07 1º sem. 2012

sábado, 25 de fevereiro de 2012

CAPITALISMO VERSUS COMUNISMO


CAPITALISMO  VERSUS COMUNISMO

Introdução
Depois que inventaram essa tal de terceira via, uma coisa vaga e nebulosa que ninguém sabe exatamente o que é, vamos filosofar um pouco, para se tentar chegar à síntese. A tese é o capitalismo, a antítese o comunismo, e a síntese... a terceira via, tão procurada quanto o Santo Gral.
Os primeiros marxistas afirmavam que o socialismo seria uma forma superior de capitalismo; repare, eles não disseram estatismo.Quando se confunde as duas coisas, o bolo desanda, o trem descarrila, a vaca vai pro brejo.
Pode-se muito bem existir empresas privadas de capital aberto, com as ações negociadas em bolsa, e o povo participando na composição acionária das empresas, através de fundos de pensão, ou fundos de ações.Devido à rentabilidade ridícula que as ações têm no Brasil,como também à pouca transparência dos balanços financeiros, não existe atrativo para esse investimento; além disso, existem muitos conglomerados de capital fechado, cujas ações não são negociadas em bolsa.É um paradoxo: por não praticar um capitalismo correto, não podemos chegar ao socialismo.Nos Estados Unidos a maioria das pessoas compra e vende ações nas bolsas, portanto são sócias das empresas, participando dos lucros e das valorizações(ou das desvalorizações, quando a bolsa cai).Quando todas as pessoas forem sócias das empresas teremos o socialismo.Ou não?Em tese, sim.

Agora, estatismo é uma fase rudimentar do socialismo, assim como a ditadura do proletariado.O grande erro dos países comunistas foi estacionar nessa fase, não evoluindo para etapas superiores, privatizando, democratizando e socializando as empresas, através de venda ou mesmo distribuição de ações.
Histórico
A forte reação à Revolução Russa de 1917 na Europa Ocidental impediu a evolução natural da mesma, forçando-a a fechar-se na Cortina de Ferro, e provocando mesmo a Segunda Guerra Mundial. Hitler foi alçado ao poder pelos capitalistas alemães, que estavam com medo da agitação dos comunistas daquele país, o qual poderia ser a bola da vez.Neste ambiente tão conturbado, era impossível se trabalhar em paz. A ideologia fascista ganhou assim enormes dimensões, e consumiu muito tempo e recursos para ser extirpada.
Se nós dividirmos o Século XX em duas partes de 50 anos cada, veremos que na primeira parte houve guerras contínuas, quase não houve paz: a Primeira Guerra Mundial, a guerra civil russa, a invasão da China pelo Japão, a guerra civil na Espanha, a invasão da África do Norte pela Itália, e finalmente a Segunda Guerra Mundial, com duas bombas atômicas no final apocalíptico.Além disso, a Depressão dos anos 30 contribuiu ainda mais para impedir o progresso mundial.
Na segunda metade, houve uma paz relativamente maior: tivemos  apenas as guerras da Coréia e do Vietnam, e uma recuperação econômica mundial devido à reabertura dos mercados, e ao aparecimento de novas tecnologias.Na década de 80 apareceu o gigante Japão, na década de 90 os EUA se reciclaram e tiveram um espetacular crescimento.Países emergentes asiáticos também cresceram muito, os chamados Tigres.
Infelizmente os ideólogos marxistas não acompanharam esta evolução, são as viúvas de Karl Marx, não sabem pensar por conta própria, apenas repetem o ideário de Marx como discos numa vitrola ( ou num CD, para ser mais moderno). Não estudam, ficam engessados em teorias de séculos passados, e não sabem interpretar o que se passa no presente.Se Marx voltasse hoje à Terra, não endossaria tudo que seus discípulos repetem. Seria a mesma coisa com Jesus Cristo: voltando a este planeta, ele desautorizaria muitos dogmas da Igreja.

Síntese
Mas, continuando com nossa busca da síntese( que não é a terceira via de FHC), vejamos o que concordamos e o que discordamos dos marxistas.
Pontos de acordo:
1. O Brasil tem sido secularmente explorado por potências estrangeiras. É fato.
2. Nossas elites exploram, enganam nosso povo e se associam aos grupos multinacionais para assegurar e perpetuar essa exploração. Indiscutível.
Pontos de desacordo
Para desatar esse nó, que já dura 500 anos, discordamos frontalmente da via marxista.Que adianta implantar o marxismo no Brasil, e torná-lo uma Cuba ou Coréia do Norte? Seria saltar da frigideira para o fogo. Se o marxismo fracassou em todos os países onde foi implantado, porque iria dar certo no Brasil, e logo no Brasil, o país mais lúdico e hedonista do mundo? Ao que me consta, só o carnaval e o futebol-arte deram certo no Brasil. Até o futebol-"empresa" deu errado( veja a CPI do futebol). Em matéria de sacanagem, aí o brasileiro é bom: Carla Peres, pagode, novelas da Globo, etc. Vem o marxismo, coloca todo trabalhador na estabilidade do emprego, e as praias ficariam cheias de gente ociosa.O marxismo só é bom para os burocratas do partidão, e seus apaniguados. Fracassou na Rússia, está sendo escanteado na China, em todos os lugares foi um fracasso; a opinião não é só nossa, leia-se o livro "Perestroika", de Mikhail Gorbatchev, e veja o que aconteceu lá.
Vejamos os Tigres Asiáticos. Ali foram feitos elevados investimentos em infra-estrutura, educação, e veja bem: a parte empresarial foi entregue aos... empresários. Cristalino como água. Entregar a parte empresarial a burocratas é como colocar um macaco numa loja de louça. Não dá certo. Aí você perguntaria: empresário nativo ou estrangeiro?Bom, o nativo é bem melhor, o lucro fica no país.Mas não tem empresário nativo, nem a erva, grana, capital, tutu, dólar, greenback. Isso aí está em Nova York, Londres, Frankfurt, Zürich, etc.
Capital lembra capitalismo, o marxismo considera o capitalismo uma coisa arcaica, como o feudalismo, escravagismo, monarquia, etc. Só que o capitalismo é reciclável, ele se recicla diariamente; O capitalismo de hoje não é, mas não é mesmo, o capitalismo que se praticava na Inglaterra, no século XIX, o qual gerou todo o embasamento teórico de Karl Marx, e desaguou na Revolução Russa de 1917.Aquele capitalismo era do tipo selvagem, primitivo; com o progresso do sindicalismo e previdência social, ao longo dos anos o operário conquistou uma situação confortável, que lhe permite viver bem (falamos do Primeiro Mundo). Um operário americano, inglês, ou alemão, suíço, não quer o marxismo.
Voltando, então.O país não tem empresário nativo, nem capital. A solução é trazer de fora, fazer o que? Coréia do Sul, Taiwan, Indonésia, Malásia, etc fizeram isso, e perderam a soberania? Então, como não perder a soberania abrindo as portas ao investimento estrangeiro? Uma constituição racional, legislação moderna, respeito irrestrito aos contratos, responsabilidade fiscal, transparência nas contas públicas, reforma agrária, investimentos pesados em saneamento, educação. Eduque nosso povo, dê ele saúde, seria o mesmo que plantar gênios, empresários, cientistas.Vejo um cheira-cola na rua e fico a pensar, se aquele menino tivesse educação e saúde, não poderia no futuro ser um cientista, um empresário? Ou seja, governo tem que ser Governo.
Para que o governo investir em navegação, petróleo, aço, telefonia, geração de energia? Deixe isso com o empresário, e faça-o pagar imposto de renda*.Pronto, o país fatura com o negócio, sem participar do fardo administrativo; agora se tem sonegação, bote-se na cadeia o sonegador. A corrupção tem que se combatida, e esse combate só com transparência e forte mobilização social.
Portanto, a privatização bem feita é a via correta para colocar o país nos trilhos, não o marxismo.A terceira via, do jeito como alguns querem, seria, como bem disse mais ou menos Roberto Campos: "falta de coragem para fazer as reformas, associado à incompetência para fazer o capitalismo".Bingo, acertou em cheio em FHC, o grande sociólogo paleobobo.

 

*Ironicamente, os fundos de pensão das estatais no Brasil estão isentos de impostos.Esta é a quarta via, a via dos espertos (farinha pouca, meu pirão primeiro).

  Aluizio Gomes

05/05/2003


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O QUE É BOM PARA OS ESTADOS UNIDOS DEVE SER PÉSSIMO PARA O BRASIL


O QUE É BOM PARA OS ESTADOS UNIDOS DEVE SER PÉSSIMO PARA O BRASIL
Existe uma morbidez intrínseca  à  sociedade que se reflete nos  meios de  comunicação.
Uma boa notícia não  tem  muita  repercussão. Porém, uma  má  notícia é  objeto de  manchetes, comentários,   debates  e desdobramentos. Esta distorção chega aos meios técnicos e decisórios, impedindo avaliações sensatas  de situações sociais, econômicas e políticas.
Como  tais  situações são  incorretamente avaliadas, as  decisões são, inevitavelmente  errôneas,   resultando  no  brutal atraso  nacional no campo das idéias, e  por  via  de conseqüência, no campo econômico e político.
Veja-se  por  exemplo o  caso do  neoliberalismo:   seus aspectos  positivos  nunca são  ressaltados, porém efeitos colaterais, durante a fase de adaptação, são explorados intensivamente, de modo a incutir no público uma falsa idéia do que ele realmente seja: alguns setores mais retrógrados da sociedade  acusam  a  Nova Economia  de  causar  desemprego e  miséria. Ora, sendo  estes males  seculares no  Brasil, conclui-se  de imediato que não há nenhuma relação entre eles.

Realmente, na fase inicial, a Nova Economia extingue o velho emprego, substituindo-o pelo novo emprego  depois, na fase seguinte.Ora, os próprios marxistas sempre afirmaram que não se  pode  fazer um  omelete sem quebrar os ovos.Então....
O que faz a esquerda? Quando o velho emprego é extinto, ela faz uma gritaria  enorme, acusando a  Nova Economia de propiciar o desemprego.Mas não é por aí, calma.E quando o novo emprego é criado? Silêncio total.
Isto é importante saber?Claro, aconteceu recentemente na França, onde políticos populistas, como  Lionel Jospin, assumiram a liderança como resultado de um eleitorado mal informado.A Nova Esquerda está   se espalhando na Europa levando populistas e oportunistas ao poder, os quais nem sabem direito o que fazer.

A esquerda fica lutando por empregos públicos, empresas estatais, e outros penduricalhos, quando o estado provedor esgotou-se em todo mundo, a fonte secou.
 No Brasil, a esquerda deve lutar isto sim, pela reforma agrária. Isto é básico e fundamental para se chegar a  uma economia adulta. Americanos, franceses, ingleses e alemães, primeiro fizeram    a  reforma  agrária, depois entraram na Revolução Industrial.
Bismarck, ao  unir os alemães revogou  uma série  de  entulhos legais da Idade Média, permitindo que a Alemanha se tornasse uma potência em apenas 10 anos. Esta  só não dominou o mundo  porque sua unificação foi tardia demais, e todo espaço colonial já havia sido ocupado pelas outras potências.
Educação é outro fator importantíssimo para o desenvolvimento. Com o Estado ocupado em hidrelétricas, navegação, petróleo, telefonia, ferrovias, como investir em educação?
Aí está outra incoerência das esquerdas. Não há necessidade de o Estado investir em petróleo, ferro, comunicações.
Isto, a iniciativa  privada pode cuidar melhor. Estratégico? Balela. Nos Estados Unidos, o petróleo nunca foi estatal, e nem por isso  faltou combustível  nas  horas  críticas da II  Guerra Mundial. Imagina  se  um executivo da Esso ou Texaco fosse sabotar o esforço de guerra americano na luta contra japoneses  e alemães; seria fuzilado como traidor.

Lá, ferro, ouro, todos os minérios estão nas mãos da  iniciativa  privada. São  estratégicos, mas  nem  por isso, o Estado perde seu poder regulamentador.O Estado forte é aquele que tem superávit financeiro. Todos os impérios  foram construídos assim: Egito, Roma, Inglaterra etc. No Brasil, quer se construir um Estado forte com excesso de leis e decretos, porém com déficit financeiro.
O programa de privatizações precisa avançar mais, nem  tanto para abater  a dívida pública, por que  esta chegou a um patamar de tal ordem, que um cheque de 3 ou 5 bilhões de dólares pouco significa  em  relação ao total da dívida, a qual já passou da casa dos 600 bilhões de reais. Se as privatizações tivessem sido feitas em 1994, quando a dívida estava nos 90 bilhões de reais, esta poderia ter sido abatida  substancialmente, e hoje o  Brasil teria reservas em  dólares para  enfrentar a crise  mundial.Agradeça-se  à  esquerda este prejuízo que tivemos.Mas, uma empresa estatal será  sempre um  mamute, lerdo, burocrático  e  ineficiente.
Se  esta  estatal  for monopolista, aí  piora  a  coisa: seus  custos são irreais, seus preços  de  venda não têm nada  a ver com a realidade do mercado; veja-se o caso da Petrobrás, uma estatal com monopólio do petróleo; ela vende uma gasolina cara e ruim, não tem competidor, e o preço da gasolina  está totalmente divorciado dos custos  de produção. Ou seja, o país não se  beneficiou, no passado, com  um  combustível  mais barato, apenas ela, a Petrobrás.
Com a privatização pode-se reativar a economia, com mais  investimentos. Isto gerará mais empregos, e o que é mais saudável, emprego produtivo.Isto já está acontecendo, nos casos de siderurgia e telecomunicações.
A revolução no Ceará
Agora, foquemos o caso do Ceará: a  revolução  foi  iniciada  com  a  demissão  de  40.000  funcionários públicos. Claro  que  houve desemprego, todavia o Estado  ficou livre  para fazer investimentos, e o que é melhor ainda, baixar os impostos, e assim atrair indústrias.Houve assim, um boom industrial, que absorveu com folga os desempregados da carreira pública.
O Ceará , portanto  extinguiu o  velho  emprego  e  depois criou o novo emprego. Por que Pernambuco não  faz isso? Porque a  constituição estadual  sacralizou   a estabilidade do funcionário público, impedindo que haja demissão de funcionários fantasmas.
Os  impostos  estaduais  em  Pernambuco  são  muito  altos, porque  precisam  cobrir  estes   desmandos, e  também  falta vontade política para mudar. Assim, Pernambuco é classificado como " a  vanguarda  do atraso " nos meios  empresariais. Sua vantagem  competitiva  reside  no  parque  industrial   relativamente avançado, situação geográfica confortável e boas universidades.
Porém, ao longo do tempo, isto vai perdendo terreno, devido ao progresso da Bahia  e do Ceará.A COMPESA não atende mais à demanda . Começa a faltar água. Porque mantê-la  na mão do Estado incompetente? Qual a capacidade de investimento do Estado de Pernambuco? Muito pouca. Pirapama está parada, apesar de sua extrema prioridade. Em Boa Viagem e outros bairros, os condomínios estão fazendo poços artesianos, porque a COMPESA não abastece.Os aqüíferos subterrâneos no Grande Recife estão super-explotados, devido ao racionamento da COMPESA.
Os fundamentos da Nova Economia
Voltando à colocação inicial, pouco se fala que os Estados Unidos apresentam um crescimento econômico enorme. Por que?  Será que é a vitória do  neoliberalismo, que ninguém quer reconhecer?
O pior cego é aquele que não quer  ver.Todas as análises econômicas sobre o novo  ciclo econômico, que atualmente se observa nos Estados Unidos, são unânimes em reconhecer que ele é o resultado da  colocação em prática do receituário neoliberal:    desregulamentação, competição e produtividade. Estes três fatores conseguiram a façanha de diminuir o desemprego e a inflação ao mesmo tempo! Com mais emprego e menos inflação, aumentou o consumo, e depois os salários ( por via do aumento da produtividade). Abramos um parêntese para focalizar a produtividade. No Brasil, sempre houve luta para aumentos nominais de salário. Quem paga o excedente? Ou é o imposto ou a inflação, não tem jeito. O aumento de salário deve ser real, não inflacionário. Isto só se consegue com aumento da produtividade.Mas, como aumentá-la?

É preciso desregulamentar a economia, abolir os cartórios, e expor  todos à  competição. Seleção  natural? Darwin? Bom, quem criou  o mundo  foi Deus, o homem está longe de ser demiurgo. Marx fez  um  mal maior à humanidade que Hitler. Este matou milhões de pessoas, mas seu reinado foi localizado na Europa e só durou  12 anos. Marx, via Stalin e  todos os seus seguidores, reinou  70 anos e  condenou ao   atraso, miséria e morte muito mais pessoas na China (link), Ex-União Soviética, Europa Oriental etc. Ele tentou  igualar os desiguais, resultando num fracasso homérico.Os russos colocaram esta ideologia na lata do lixo da história, bem como toda a Europa Oriental.Porém no Brasil, persistem marxistas em lugares de comando, tentando interpretar as coisas por uma ótica obsoleta.Quando, no fim da década de 80, a produtividade na União Soviética caiu a níveis insuportáveis, Mikhail Gorbachev, ou fazia a Perestroika, ou a III Guerra Mundial. Sensatamente, preferiu a primeira opção.
Mas, como  vem  aumentando a  produtividade  nos  Estados  Unidos? Numa   primeira  etapa,    com   o downsizing e extinção do velho emprego, as empresas ficam capitalizadas e investem no que elas chamam de R&D (Research & Development), ou  seja, Pesquisa e Desenvolvimento. Estes  departamentos, vitais nas empresas modernas, estão sempre lançando novos produtos com novas tecnologias, mais baratos e melhores.A competição não é apenas entre as empresas americanas.Porém, entre empresas japonesas, alemães, francesas, enfim, todo mundo. A obsolescência é planejada, de modo que o consumo é a mola da indústria  e do comércio.
As novas máquinas fazem produtos melhores, a custos mais baixos, e em menos tempo.Isto é aumento de produtividade, a qual mantém a empresa no mercado, por ser competitiva.Como esperar que uma empresa estatal possa ter jogo de cintura para fazer isto?Os  economistas  sempre  temeram  que o aumento  da demanda  aumentasse a inflação. Isto era verdade numa economia fechada. Entretanto, numa economia aberta, o efeito é inverso, devido à competição.Como vimos, para sobreviverem, as empresas  são obrigadas a lançarem produtos mais baratos e melhores, o que gera consumo contínuo.
Então, na segunda  etapa as empresas  aumentam os salários  para poder pagar  uma  mão  de obra  mais qualificada (leia-se  o novo emprego). Isto  aumenta o  consumo, aumentando a produção e gerando mais empregos.O que é isto? Nada mais, nada  menos, que a  economia funcionando  naturalmente, como  funciona  um motor de  avião, um relógio, ou  um  órgão do corpo  humano. Simples? Mas  como  deu   trabalho  para compreender, hein?  O homem tentou botar  o dedo na economia e se queimou. Se  tirar  este dedo pode ser que a coisa funcione. Esse  negócio de luta  de classes, mais-valia, poderia  ir para o museu  ideológico da civilização. Lá  colocar-se-iam os  retratos de Brizola, Arraes, Fidel  Castro, et  caterva, como  homens bem intencionados, mas como diria meu Mestre, "equivocados sinceros".
Aluizio Emanuel Pereira Gomes
Escrito em 1996, com algumas atualizações.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

DESMISTIFICANDO


DESMISTIFICANDO

Por Aluizio Gomes

Em 1999 lancei o MOVAP, Movimento de Apoio às Privatizações, numa época quando sindicatos e jornalistas andavam de mãos dadas para combater as privatizações. O primeiro artigo foi “O Que  é Bom para os Estados Unidos Deve Ser Péssimo Para o Brasil”, onde eu, bàsicamente, procurava demonstrar que a Nova Economia não provocava desemprego, apenas acabava com o Velho Emprego e o substituía pelo Novo Emprego.
Por criticar jornalistas e sindicalistas devido a uma visão míope deles, arrumei a inimizade de toda redação do Jornal do Commercio, onde seu diretor jamais me perdoou por minha franqueza,  e numa vingança mesquinha e pequena, do tamanho de seu corpo de anão, me excluiu como colaborador, jamais publicando meus artigos sobre economia.
Tem nada não. Isto acontece com qualquer visionário, não sou o primeiro, e nem serei o último.
Hoje, saboreei um artigo do Washington Post, onde tudo que previ está acontecendo, não só nos EUA, mas em todo canto, até mesmo aqui em Pernambuco.
Afinal, o que está acontecendo? Como eu previa, a automação dispensou muitos operários, e os burretes na época, previam desemprego em massa, alegando que as máquinas iam fazer tudo sozinhas. Que erro gigantesco, o resultado não foi nada disso, foi exatamente o que eu previ, as fábricas iriam precisar de trabalhadores capacitados para trabalhar nas novas máquinas. Porque? Porque uma máquina não trabalha  sozinha, por mais sofisticada que seja. E quem vai desenhar, construir, manter essa máquina? Pessoal habilitado, com especialização em computação, nas diversas áreas.
Por ignorância e má fé, os políticos do PT fizeram enorme campanha contra as privatizações, interessados no status quo, onde empresas não competitivas poderiam manter a escumalha preguiçosa do PT, pouco ligando para as conseqüências futuras.Apesar disso, quando FHC tomou posse, privatizou muitas empresas, hoje bastante competitivas.
Já nos Estados Unidos, onde não há estatais industriais, o problema foi outro, devido mais à globalização e ao Welfare State. Os industriais internacionais, de forma até gananciosa e antipatriótica, levaram suas fábricas para a China, atraídos pelos baixos salários e pela total ausência de organização sindical, produzindo assim artigos baratos e competitivos. Por seu lado, a China investiu m educação, e com sua gigantesca população, pode absorver as indústrias de fora. A defasagem de mão de obra nos EUA foi enorme, os antigos operários foram demitidos, os jovens não se interessaram mais por emprego industrial, o governo acomodou-se, não percebeu o problema, enquanto os industriais ganhavam bilhões de dólares na China.
Aos poucos, as fábricas locais passaram a se modernizar, e deram de cara com a escassez de mão de obra especializada. Os velhos, não mais serviam, estavam se aposentando e eram incapazes de trabalhar num ambiente estranho a eles. Podemos chamá-los de dinossauros? Sim, podemos.
De acordo com o Washington Post, há 12,8 milhões de desempregados nos EUA, o que dá um índice de 9%. Na era Clinton, para se ter uma idéia, a taxa não passava de 4%, e esse contingente era de gente que não precisava trabalhar, por diversas razões. Hoje, com tantos desempregados, há 600.000 vagas não preenchidas, segundo o Manufacturing Institute.
Na Boeing, 28% dos operários já passaram dos 55 anos, e a empresa precisa renovar sua força de trabalho.Por outro lado, as escolas estão preparando os alunos para a universidade, negligenciando o curso profissionalizante, nível médio.
E os políticos? Espalhando a idéia que não há empregos nas fábricas, afastam os jovens, que procuram a universidade por isso, As vagas existem, há escassês de mão de obra, o que é uma terrível contradição, para um desemprego tão alto. A direita apregoa  o alto desemprego para conseguir redução de impostos para os  ricos, enquanto a esquerda se aproveita disso para pedir mais investimento do governo em obras de infraestrutura, onde operários não qualificados poderiam achar vagas para trabalhar.
Hoje, as máquinas recebem a sigla CNC (Computer Numerically Controlled), elas operam obedecendo um software, que um homem, de carne e osso programa, de acordo com a necessidade da produção. Então, onde está o desemprego? O que falta é um trabalhador habilitado, que consiga programar.

Recife, 20/02/2012

sábado, 18 de fevereiro de 2012

HISTÓRIA DO PT


“Nascimento” do PT 
Por Lúcia Hipólito

O PT nasceu de cesariana, há 29 anos. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, a Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base.
Os orgulhosos padrinhos foram, primeiro, o general Golbery do Couto e Silva, que viu dar certo seu projeto de dividir a oposição brasileira.
Da árvore frondosa do MDB nasceram o PMDB, o PDT, o PTB e o PT... Foi um dos únicos projetos bem-sucedidos do desastrado estrategista que foi o general Golbery.
Outros orgulhosos padrinhos foram os intelectuais, basicamente paulistas e cariocas, felizes de poder participar do crescimento e um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.

“Crescimento” do PT:
O PT cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não gostava do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizia que não queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras.
O PT lançava e elegia candidatos, mas não "dançava conforme a música". Não fazia acordos, não participava de coalizões, não gostava de alianças. Era uma gente pura, ética, que não se misturava com picaretas.
O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando com o mundo adulto.
Mas nos estados, o partido começava a ganhar prefeituras e governos, fruto de alianças, conversas e conchavos. E assim os petistas passaram a se relacionar com empresários, empreiteiros, banqueiros.
Tudo muito chique, conforme o figurino.

“Maioridade” do PT:
E em 2002 o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidência da República. Para isso, teve que se livrar de antigos companheiros, amizades problemáticas. Teve que abrir mão de convicções, amigos de fé, irmãos camaradas.

Pessoas honestas e de princípios se afastam do PT.
A primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta estirpe, como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastou do partido, seguida de um grupo liderado por Plínio de Arruda Sampaio Junior.
Em seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloisa Helena em 2004 levou junto Luciana Genro e Chico Alencar, entre outros, que fundaram o PSOL.
Os militantes ligados a Igreja Católica também começaram a se afastar, primeiro aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida, Frei Betto.
E agora, bem mais recentemente, o senador Flávio Arns, de fortíssimas ligações familiares com a Igreja Católica.
Os ambientalistas, por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento da senadora Marina Silva do partido.

Quem ficou no PT?
Afinal, quem do grupo fundador ficará no PT? Os sindicalistas.
Por isso é que se diz que o PT está cada vez mais parecido com o velho PTB de antes de 64.
Controlado pelos pelegos, todos aboletados nos ministérios, nas diretorias e nos conselhos das estatais, sempre nas proximidades do presidente da República.
Recebendo polpudos salários, mantendo relações delicadas com o empresariado. Cavando benefícios para os seus. Aliando-se ao coronelismo mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer, porque está fortemente enraizado na administração pública dos estados e municípios. Além do governo federal, naturalmente.

É O TRIUNFO DA PELEGADA!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

PT PRIVATISTA


PT PRIVATISTA
Por Aécio Neves

Toda mudança para melhor deve ser saudada. Por isso, devemos reconhecer como positiva, ainda que com o atraso de uma década, a privatização dos aeroportos.

Porém, uma pergunta é inevitável: por que, afinal, esperamos tanto? O governo, por inércia, permitiu que se instalasse o caos nos aeroportos e só reagiu diante da aproximação da Copa, alimentando a ideia de que só age sob pressão e tem na improvisação uma de suas marcas.

Talvez isso explique terem privatizado sem exigir garantias mínimas compatíveis com operações desse porte. Pouco parece importar se há entre os vencedores crônicos inadimplentes em outros mercados ou mesmo quem não tivesse condições de conseguir financiamento junto ao mesmo BNDES, em operação de muito menor porte.

Privatizaram fingindo não privatizar e ignoraram a oportunidade de buscar contrapartidas óbvias que pudessem garantir, em um mesmo lote, a modernização de aeroportos mais e menos rentáveis. Prevaleceu a lógica do maior ágio e do interesse comercial dos grupos privados em detrimento das populações de regiões onde os investimentos serão menos atrativos.

Por tudo isso, é desleal o ataque histriônico do PT às privatizações do governo FHC. Desleal porque em nenhum momento o programa de concessões ou privatizações foi interrompido. São as leis brasileiras que obrigam o uso de concessões em determinados serviços e não a ideologia petista, como tentam fazer crer, em risível contorcionismo verbal, alguns líderes do partido.

No governo FHC também foram feitas concessões como na área de energia elétrica. Da mesma forma que nos aeroportos, ao final do prazo de outorga os ativos retornarão à União. Aliás, é exatamente o que se discute agora -a renovação ou não de outorgas concedidas naquele período.

O episódio da privatização dos aeroportos, no qual serão usados recursos públicos do BNDES e dos fundos de pensão, prática demonizada pelo PT, que neles via um mero instrumento de financiamento do lucro privado, traz à tona uma outra indagação cada vez mais comum entre os brasileiros: afinal, o que pensa e qual é o PT de verdade? O do discurso ou o da realidade? O que lutou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Proer e o Plano Real ou o que os elogia hoje?

O PT dos paladinos da ética ou o do recorde de ministros derrubados por desvios? O que ataca as privatizações ou o que as realiza? O que, na oposição, defende de forma indiscriminada todo tipo de greve ou o que, no governo, reage a elas?

No mais, vale registrar: a insistência do PT em comparar modelos de privatização é bem vinda. Até porque não deixa de ser divertido ouvir o PT discutir quem privatiza melhor.
13/02/2012


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

QUE SAUDADES DO LULA!


QUE SAUDADES DO LULA!

Por Nelson Cirtoli

Vivi intensamente o sindicalismo da metade da década de 80, até a metade da década de 90. Na greve da aviação de dez/87 eu era o presidente da Associação dos Mecânicos de Vôo da Varig. O índice de participação da Associação foi de 100%. Naquela época, tínhamos líderes de suma importância na CUT, nossa Central Sindical. Os exemplos e a orientação vinham de lá. Seus diretores e de outros sindicatos, faziam palestras e seminários conosco, os aeronautas. O respeito e a admiração que tínhamos por eles eram imensos. O Lula era um líder que inspirava os trabalhadores. Inspirava coragem, determinação. O discurso era de esperança, confiança, nacionalista, trabalhista e patriótico. As diretorias dos principais sindicatos eram de nível elevado. O pelego, aquele sindicalista que fazia o papel de amortecedor da relação entre o empregador e o empregado, não existia na CUT e seus sindicatos.

Hoje não mais existe sindicalismo, O que existe é uma pelegada, não só no sentido clássico de amortecer com o empregador, mas também com o governo federal. Os dirigentes sindicais, ao que me parece, aguardam ansiosos por sua vez de galgar um posto em Brasília, ficando assim, o movimento sindical sem liderança e em segundo plano, ou trampolim para algo pessoal melhor, já que o rodízio em Brasília tem sido esperançoso. Os movimentos atuais, por reivindicação de correção salarial de servidores, desempenhando funções especiais carecem de preparo e de bons negociadores. No desespero se lançam a greve de forma açodada, como é o caso dos policiais de Salvador e os Bombeiros do Rio colocando em perigo a população. Eis aí o paradoxo. Se pararem põe em perigo a população. Se não pararem, seus salários não têm a menor chance de serem corrigidos.

Lembro que nossos movimentos de greve na aviação, ou eram imediatamente antes do Natal, ou do carnaval. Era o nosso trunfo, nosso jeito de fazer pressão. É claro que os viajantes sofriam. Aeroportos lotados, aviões no chão, mas era a maneira que tínhamos para ameaçar com prejuízo as empresas aéreas e chamar a atenção política do TST (Tribunal Superior do Trabalho) para nos dar uma força. Hoje, muitos daqueles grandes líderes, promovidos a servidores públicos de alto escalão em Brasília foram afastados do governo por motivos pecuniários. Nenhum foi preso. Nenhum devolveu o algo mais. Enquanto isso, servidores com salários aviltados, não tem chance de lutar para recuperá-los. Greve não pode mais! Nunca pôde! Mas existia. O governador da Bahia, por exemplo, sabia como fazer uma greve. Hoje está do outro lado. Foi uma grande perda para o movimento. Na entrega da Varig, estivesse o Lula no movimento sindical, jamais teriam cometido tamanha lesa pátria, pois foram justamente os sindicatos cutistas dos Aeronautas e aeroviários em consonância com a CUT, o Executivo Federal, o Legislativo e o Judiciário, que aplicaram esse golpe contra a Nação Brasileira.

O incompreensível é acompanhar a correção salarial de deputados, ministros, juízes e outros grandes escalões, enquanto o salário de servidores de ponta, como Policiais Militares, entre eles os Bombeiros, professores, servidores da saúde, entre outros com salários aviltados. E, o que é pior, sabermos que o Estado poderia fazer esse reajuste, bastando para isso, acabar com a corrupção. Por essas e outras que eu digo: QUE SAUDADES DO LULA NO SINDICALISMO!
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·         12/02/2012
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domingo, 12 de fevereiro de 2012

ANTIGAS PRAIAS DO LITORAL BRASILEIRO


                                            ANTIGAS PRAIAS DO LITORAL BRASILEIRO
POR ALUIZIO GOMES
A geomorfologia da faixa litorânea brasileira não foi bem conhecida, senão até recentemente.Várias causas concorreram para isso.Primeiro, o fator econômico. A geologia coloca prioridade em estudos que dão retorno econômico, e não poderia ser diferente, porque alguém precisa financiar as pesquisas, e destas evidentemente se espera resultado financeiro, ou seja, retorno do investimento.Assim, áreas ricas em minérios são melhor estudadas, como o Quadrilátero Ferrífero, bacias sedimentares onde se espera conter petróleo, ou água subterrânea, etc.Portanto, o estudo geológico das praias nunca teve uma prioridade marcante.Sem dúvida, há minérios nas praias, como as areias monazíticas no Espírito Santo, e a ilmenita de Mataraca-PB, sendo exceção para confirmar a regra.
Depois, temos a tardia instalação dos cursos de geologia no Brasil, os quais só apareceram na segunda metade do século XX.Mas, por falta de professores nativos, o Brasil importou mestres da Europa, os quais trouxeram de lá seus modelos para processos de sedimentologia e paleogeografia.
Ora, a evolução paleogeográfica dos pares Europa-América do Norte e África-América do Sul é totalmente diferente, invalidando a aplicação desses modelos.No hemisfério boreal verifica-se a importância de processos construtivos e destrutivos do movimento de ondas, correntes marinhas, e ações fluviais em deltas e estuários.
Porém, no Brasil, aos poucos verificou-se a grande importância de movimentos de transgressão e regressão  do mar no Quaternário, como resultado de períodos glaciais e interglaciais.Em Idades do Gelo, o mar recua, por acúmulo de água nos pólos e geleiras.Inversamente, em períodos interglaciais, o mar recebe enormes volumes de água, resultantes do degelo, fazendo com que o mar avance sobre o continente.Seu avanço faz com que sedimentos arenosos vão se depositando sob forma de praias.Quando o mar recua, este sedimentos ficam expostos sob forma de terraços elevados, porque o mar já não mais os alcança.
Observam-se assim, no litoral Leste do Brasil dois terraços, escalonados.Um  mais elevado e mais antigo, de idade pleistocênica,e outro mais baixo e mais recente, de idade holocênica.Uma marcante diferença entre os dois, além das altitudes, é a presença de carbonatos. Nos terraços antigos a lixiviação carreou argila, matéria orgânica e finos para a base e decompôs os carbonatos, sob a ação ácida da chuva. Nos terraços mais recentes, ainda existem carbonatos, e mesmo conchas marinhas.
Como exemplo, temos a cidade do Recife, quase completamente construída sobre a praia pleistocênica, porque a transgressão fez o mar avançar até aos limites da futura cidade, construindo falésias na linha Camaragibe, Dois Irmãos e Casa Amarela (Morro da Conceição, e outros).
 
21/11/2003
Artigo publicado no Jornal do Commercio em 27/02/2004