sábado, 25 de fevereiro de 2012

CAPITALISMO VERSUS COMUNISMO


CAPITALISMO  VERSUS COMUNISMO

Introdução
Depois que inventaram essa tal de terceira via, uma coisa vaga e nebulosa que ninguém sabe exatamente o que é, vamos filosofar um pouco, para se tentar chegar à síntese. A tese é o capitalismo, a antítese o comunismo, e a síntese... a terceira via, tão procurada quanto o Santo Gral.
Os primeiros marxistas afirmavam que o socialismo seria uma forma superior de capitalismo; repare, eles não disseram estatismo.Quando se confunde as duas coisas, o bolo desanda, o trem descarrila, a vaca vai pro brejo.
Pode-se muito bem existir empresas privadas de capital aberto, com as ações negociadas em bolsa, e o povo participando na composição acionária das empresas, através de fundos de pensão, ou fundos de ações.Devido à rentabilidade ridícula que as ações têm no Brasil,como também à pouca transparência dos balanços financeiros, não existe atrativo para esse investimento; além disso, existem muitos conglomerados de capital fechado, cujas ações não são negociadas em bolsa.É um paradoxo: por não praticar um capitalismo correto, não podemos chegar ao socialismo.Nos Estados Unidos a maioria das pessoas compra e vende ações nas bolsas, portanto são sócias das empresas, participando dos lucros e das valorizações(ou das desvalorizações, quando a bolsa cai).Quando todas as pessoas forem sócias das empresas teremos o socialismo.Ou não?Em tese, sim.

Agora, estatismo é uma fase rudimentar do socialismo, assim como a ditadura do proletariado.O grande erro dos países comunistas foi estacionar nessa fase, não evoluindo para etapas superiores, privatizando, democratizando e socializando as empresas, através de venda ou mesmo distribuição de ações.
Histórico
A forte reação à Revolução Russa de 1917 na Europa Ocidental impediu a evolução natural da mesma, forçando-a a fechar-se na Cortina de Ferro, e provocando mesmo a Segunda Guerra Mundial. Hitler foi alçado ao poder pelos capitalistas alemães, que estavam com medo da agitação dos comunistas daquele país, o qual poderia ser a bola da vez.Neste ambiente tão conturbado, era impossível se trabalhar em paz. A ideologia fascista ganhou assim enormes dimensões, e consumiu muito tempo e recursos para ser extirpada.
Se nós dividirmos o Século XX em duas partes de 50 anos cada, veremos que na primeira parte houve guerras contínuas, quase não houve paz: a Primeira Guerra Mundial, a guerra civil russa, a invasão da China pelo Japão, a guerra civil na Espanha, a invasão da África do Norte pela Itália, e finalmente a Segunda Guerra Mundial, com duas bombas atômicas no final apocalíptico.Além disso, a Depressão dos anos 30 contribuiu ainda mais para impedir o progresso mundial.
Na segunda metade, houve uma paz relativamente maior: tivemos  apenas as guerras da Coréia e do Vietnam, e uma recuperação econômica mundial devido à reabertura dos mercados, e ao aparecimento de novas tecnologias.Na década de 80 apareceu o gigante Japão, na década de 90 os EUA se reciclaram e tiveram um espetacular crescimento.Países emergentes asiáticos também cresceram muito, os chamados Tigres.
Infelizmente os ideólogos marxistas não acompanharam esta evolução, são as viúvas de Karl Marx, não sabem pensar por conta própria, apenas repetem o ideário de Marx como discos numa vitrola ( ou num CD, para ser mais moderno). Não estudam, ficam engessados em teorias de séculos passados, e não sabem interpretar o que se passa no presente.Se Marx voltasse hoje à Terra, não endossaria tudo que seus discípulos repetem. Seria a mesma coisa com Jesus Cristo: voltando a este planeta, ele desautorizaria muitos dogmas da Igreja.

Síntese
Mas, continuando com nossa busca da síntese( que não é a terceira via de FHC), vejamos o que concordamos e o que discordamos dos marxistas.
Pontos de acordo:
1. O Brasil tem sido secularmente explorado por potências estrangeiras. É fato.
2. Nossas elites exploram, enganam nosso povo e se associam aos grupos multinacionais para assegurar e perpetuar essa exploração. Indiscutível.
Pontos de desacordo
Para desatar esse nó, que já dura 500 anos, discordamos frontalmente da via marxista.Que adianta implantar o marxismo no Brasil, e torná-lo uma Cuba ou Coréia do Norte? Seria saltar da frigideira para o fogo. Se o marxismo fracassou em todos os países onde foi implantado, porque iria dar certo no Brasil, e logo no Brasil, o país mais lúdico e hedonista do mundo? Ao que me consta, só o carnaval e o futebol-arte deram certo no Brasil. Até o futebol-"empresa" deu errado( veja a CPI do futebol). Em matéria de sacanagem, aí o brasileiro é bom: Carla Peres, pagode, novelas da Globo, etc. Vem o marxismo, coloca todo trabalhador na estabilidade do emprego, e as praias ficariam cheias de gente ociosa.O marxismo só é bom para os burocratas do partidão, e seus apaniguados. Fracassou na Rússia, está sendo escanteado na China, em todos os lugares foi um fracasso; a opinião não é só nossa, leia-se o livro "Perestroika", de Mikhail Gorbatchev, e veja o que aconteceu lá.
Vejamos os Tigres Asiáticos. Ali foram feitos elevados investimentos em infra-estrutura, educação, e veja bem: a parte empresarial foi entregue aos... empresários. Cristalino como água. Entregar a parte empresarial a burocratas é como colocar um macaco numa loja de louça. Não dá certo. Aí você perguntaria: empresário nativo ou estrangeiro?Bom, o nativo é bem melhor, o lucro fica no país.Mas não tem empresário nativo, nem a erva, grana, capital, tutu, dólar, greenback. Isso aí está em Nova York, Londres, Frankfurt, Zürich, etc.
Capital lembra capitalismo, o marxismo considera o capitalismo uma coisa arcaica, como o feudalismo, escravagismo, monarquia, etc. Só que o capitalismo é reciclável, ele se recicla diariamente; O capitalismo de hoje não é, mas não é mesmo, o capitalismo que se praticava na Inglaterra, no século XIX, o qual gerou todo o embasamento teórico de Karl Marx, e desaguou na Revolução Russa de 1917.Aquele capitalismo era do tipo selvagem, primitivo; com o progresso do sindicalismo e previdência social, ao longo dos anos o operário conquistou uma situação confortável, que lhe permite viver bem (falamos do Primeiro Mundo). Um operário americano, inglês, ou alemão, suíço, não quer o marxismo.
Voltando, então.O país não tem empresário nativo, nem capital. A solução é trazer de fora, fazer o que? Coréia do Sul, Taiwan, Indonésia, Malásia, etc fizeram isso, e perderam a soberania? Então, como não perder a soberania abrindo as portas ao investimento estrangeiro? Uma constituição racional, legislação moderna, respeito irrestrito aos contratos, responsabilidade fiscal, transparência nas contas públicas, reforma agrária, investimentos pesados em saneamento, educação. Eduque nosso povo, dê ele saúde, seria o mesmo que plantar gênios, empresários, cientistas.Vejo um cheira-cola na rua e fico a pensar, se aquele menino tivesse educação e saúde, não poderia no futuro ser um cientista, um empresário? Ou seja, governo tem que ser Governo.
Para que o governo investir em navegação, petróleo, aço, telefonia, geração de energia? Deixe isso com o empresário, e faça-o pagar imposto de renda*.Pronto, o país fatura com o negócio, sem participar do fardo administrativo; agora se tem sonegação, bote-se na cadeia o sonegador. A corrupção tem que se combatida, e esse combate só com transparência e forte mobilização social.
Portanto, a privatização bem feita é a via correta para colocar o país nos trilhos, não o marxismo.A terceira via, do jeito como alguns querem, seria, como bem disse mais ou menos Roberto Campos: "falta de coragem para fazer as reformas, associado à incompetência para fazer o capitalismo".Bingo, acertou em cheio em FHC, o grande sociólogo paleobobo.

 

*Ironicamente, os fundos de pensão das estatais no Brasil estão isentos de impostos.Esta é a quarta via, a via dos espertos (farinha pouca, meu pirão primeiro).

  Aluizio Gomes

05/05/2003


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