quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

GENERAL LUDENDORFF (1865-1937)


LUDENDORFF

LUDENDORFF, O HOMEM QUE AJUDOU A DESTRUIR A VELHA EUROPA

 Por Aluizio Gomes

1.   PREÂMBULO

Nas primeiras décadas do século XX, a Europa passou por incríveis transformações, ela que vinha de uma longa era de estabilidade, paz e progresso material: a belle époque, a era vitoriana, conquistas como eletricidade, rádio, telefone, telégrafo, ferrovias, etc.,  haviam expandido a economia, além de progressos na química e na medicina. Por último veio o automóvel, o avião, e mais progresso na economia, com a entrada no mercado de insumos como borracha e petróleo. O resultado foi a enorme acumulação de capitais no sistema financeiro, conglomerados econômicos, com novas formas de administração, como os trustes. A produção em série, com a linha de montagem, mais uma vez aumentou a capacidade de produção da indústria. Tudo isto fortaleceu enormemente a burguesia, é a era dos Rockfellers, Rothschilds, Morgans, etc, também chamados de robber barons,a era do capitalismo selvagem. Como a toda ação corresponde  uma reação, esta, no caso, foi a ascensão do comunismo, calcado na enorme massa operária que ralava nas fábricas, para enriquecer os burgueses. Entre o rochedo e o mar ficou a aristocracia, fadada a desaparecer. Este componente social, que vinha desde a Idade Média, tinha sofrido duro golpe na Revolução Francesa, porém, com a derrota de Napoleão, veio a reação austríaca- prussiana, liderada por Metternich, o que deu mais um século de sobrevida às monarquias decadentes.

Porém, tudo ruiu com a Primeira Guerra Mundial. Caíram poderosas monarquias, alemã, austríaca, russa, além de ser extinto o também poderoso império medieval Turco Otomano. Os Bálcãs, países bálticos, e países do leste europeu foram totalmente remodelados, enquanto França e Inglaterra, como lobos famintos, se apoderavam dos espólios turcos, terras riquíssimas em petróleo. É a era das 7 Irmãs: Standard Oil, Royal Dutch & Shell, British Petroleum, Texaco, Mobil Oil, etc. Estas empresas provocavam revoluções, tiravam e colocavam governantes, por métodos sempre obscuros.



2. ERICH LUDENDORFF

Ao eclodir a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha planejou invadir a França através da Bélgica, seguindo o famoso Plano Schlieffen. A ala direita da força alemã precisava girar como um compasso, em torno de um pivô, que seria a ala esquerda, destinada a ficar estática, ao sul da França. Porém, no caminho da ala direita ficava Liège, uma praça fortificada. Após tremendo bombardeio, Ludendorff ficou perdido na confusão, separando-se de seus compatriotas. Pensando que a praça houvesse sido conquistada, foi para lá de táxi, e ao chegar, bateu na porta com o punho da espada.Esta  foi aberta por soldados belgas, e a surpresa foi dos dois lados. Pensando que o general estava com seu exército, os belgas se renderam. A repercussão deste fato foi enorme, dando uma fama duradoura ao general, que ganhou do Kaiser a cobiçada medalha Pour le Mérite.

Mas, não ficou só nisso. Depois, veio Tannenberg, façanha de maior repercussão e de consequências históricas tremendas, pois foi o princípio do fim da monarquia russa. A Alemanha planejava derrotar a França em poucas semanas, para depois cuidar da Rússia. Esta estratégia saiu errada, pois os franceses, desesperadamente, apelaram aos russos para entrarem mais cedo na guerra. A Rússia, sem prever as consequências disto, atacou, sem estar devidamente preparada. Os germânicos então transferiram unidades do Oeste para o Leste, tiraram Hindenburg de volta de sua reforma, e fizeram a famosa dupla Hindenburg-Ludendorff. É verdade que o plano de batalha de Tannenberg já estava feito pelo coronel Max Hoffman, porém todos os louros foram para os dois de maior patente. Tanto que, depois, Hoffman afirmou: "Depois de Tannenberg, deixei de acreditar em Aníbal e César". Após Tannenberg, Ludendorff consolidou sua fama, a Rússia foi humilhada e derrotada também ao sul, nos Cárpatos, e Ludendorff ainda deu um presente de grego a eles, tirando Lênin do exílio na Suíça, e mandando-o de volta a seu país. A revolução fermentou, e em 1917 caiu a monarquia russa. Em 1918 caíram as monarquias alemã e a austro-húngara, o mesmo acontecendo na Bulgária.

Ludendorff, como todo general alemão, um excelente tático e péssimo estrategista, garantiu aos políticos alemães que ainda poderia ganhar a guerra, e em 1918 fez um desesperado ataque à França, já com a Rússia fora da guerra. Sua estratégia falhou miseravelmente, e os alemães tiveram que fazer uma paz humilhante, no Tratado de Versalhes. A Alemanha saiu falida, sofreu uma inflação pavorosa, e como desgraça pouca é besteira, Ludendorff ainda foi dar ouvido a um austríaco pobre  e obscuro, porém dono de uma retórica muito forte, chamado Adolf Hitler. O resto da história vocês já sabem.

OBRA CONSULTADA:

"LUDENDORFF- Soldado, Ditador, Revolucionário"-D.J. Goodspeed-Biblioteca do Exército Ed. e Editora Saga- (1968)

Transcrevemos abaixo, as duas últimas páginas da obra acima, valendo como o julgamento da História:

"A 20 de Dezembro de 1937, a tempestuosa odisseia de Ludendorff chegou ao fim, no Hospital Josephiniun, na Schönfeldstrasse em Munique. Morreu aos 72 anos, em consequência de um mal de bexiga, recebendo a carinhosa assistência, até o final, das freiras daquela igreja que ele injustamente atacara nos últimos 15 anos de sua vida. Dois dias depois, Hitler acompanhou o esquife pelas ruas de Munique até o Feldherrnhalle, onde o Marechal-de-Campo Von Blomberg, Ministro da Guerra nazi, pronunciou o discurso fúnebre. O corpo de Ludendorff permaneceu embalsamado na Feldherrnhalle, com uma grande bandeira suástica estendida sobre o caixão e sob a guarda de 4 soldados nazis. No seu testamento, Ludendorff estabelecera expressamente que não desejava ser sepultado no Cemitério dos Inválidos em Berlim, nem na cripta do Monumento Comemorativo de Tannenberg, mas em Tutzing. Hitler não desprezou o desejo do morto, embora relutasse em deixar os restos de Ludendorff exclusivamente a  cargo de Mathilde, quando poderia servir a objetivos partidários em um panteão nazi.

A Primeira Guerra Mundial, ocorrendo, como ocorreu, quando a Europa vinha de uma longa idade ouro, constituiu um dos mais trágicos episódios da história moderna. E o domínio que Ludendorff exerceu sobre a política alemã desde agosto de 1916 até Outubro de 1918 teve papel decisivo na tragédia, aprofundando-a sensivelmente. Ele possuía notável talento militar.

As doutrinas defensivas e ofensivas desenvolvidas sob sua direção revestiram-se de um brilho tático não demonstrado em qualquer outra parte na mesma guerra e raramente igualado em qualquer outra guerra. Enquanto contou com Hofmann ao seu lado, revelou também brilho estratégico de primeira grandeza. Sua habilidade administrativa foi ainda mais pronunciada e ele deve ser classificado como um dos máximos organizadores militares de todos os tempos.

Contudo, sua direção levou os negócios da Alemanha a um tremendo desastre. Faltavam-lhe, por completo, treino e talento para lidar com problemas políticos, mas, com a autossuficiência que lhe era peculiar, impunha sua vontade ao Kaiser, ao governo civil e à nação alemã. Inteiramente incapaz de trabalhar com homens moderados em um mesmo nível, ditava suas normas políticas de curto alcance e por elas lutava com uma obstinação criminosa. Sua rudeza para com a Rússia, sua ingênua crença na miragem da força militar polonesa, seu tolo desdém quanto ao poderio americano e sua recusa a toda possibilidade de uma paz de compromisso, levaram a Europa à ruína. Os três grandes impérios desmoronaram e, por mais que se lhes pudessem apontar os defeitos, boas razões havia para lamentar-se a queda. Em certos sentidos, Ludendorff bem se ajustava ao terrível mundo novo que contribuíra para criar, porque, pelo seu temperamento, preferia métodos cruéis e radicais e a prova disso está no fato de haver encontrado o seu lar espiritual no partido Nazi.

Se bem que a Primeira Guerra Mundial tivesse sido um erro grave de cortar o coração, com um pouco mais de boa vontade e um pouco menos de orgulho em ambos os lados muita coisa muita coisa teria sido evitada: o prolongamento da luta, a ascensão de Hitler e o caráter de inevitabilidade do segundo conflito mundial. Neste ponto coube a Ludendorff uma grande parcela de responsabilidade. Hitler bem poderia ter chegado ao poder sem o apoio de Ludendorff, embora esse apoio lhe tivesse sido de incalculável vantagem nos primeiros tempos, mas Hitler jamais teria chegado ao poder se a Alemanha não estivesse tão abalada pela guerra que Ludendorff estendera por tanto tempo.


A vida de todos os homens é uma luta entre o bem e o mal, que continuamente se digladiam. O bem predominou no começo e no meio da vida de Ludendorff: coragem pessoal, inteligência, determinação e um alto e desprendido senso de dever. Nenhuma dessas, entretanto, era uma virtude verdadeiramente heroica e nada menos que heroicas virtudes poderiam responder ao desafio do comando supremo. Em Ludendorff, cedo as trevas sobrepujaram as luzes do espírito. Com o decorrer do tempo, o orgulho afugentou o desprendimento, a inteligência se obumbrou e feneceu e até a coragem pessoal foi substituída por uma barba postiça e um par de óculos escuros”.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

ANÁLISE OFICIAL FEITA PELA CPRM DA ÁGUA DO RIO DOCE

DESMENTINDO OS BOATEIROS E DESPREPARADOS

RESULTADO OFICIAL DA ANÁLISE DO MAR DE LAMA NO RIO DOCE, FEITO PELA CPRM
ESTÁ NO SITE DA CPRM SE QUISER CONFERIR.

Novos resultados descartam aumento de metais pesados no rio Doce

 Novas amostras de água e sedimentos coletadas no rio Doce pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), entre os dias 14 e 18 de novembro de 2015, após o acidente ocorrido na barragem em Mariana (MG), apontam que não houve aumento na presença de metais pesados na água e nos sedimentos em relação aos dados de 2010, também coletados pela CPRM. Portanto, não há indicações de que a lama seja tóxica em relação a metais pesados.

Os resultados obtidos em mais de 40 coletas mostram uma quantidade de material em suspensão (turbidez) muito acima dos valores observados pela CPRM em 2010. Além da turbidez, os resultados revelam também uma diminuição significativa na quantidade de oxigênio dissolvido na água que pode estar relacionada com a mortandade de peixes.

Água - Do ponto de vista da qualidade, a água pode ser analisada sob duas perspectivas: a água bruta que se encontra nos corpos d’água, como rios e lagos; e a distribuída às populações pelas companhias de abastecimento após tratamento.

As análises da água bruta buscam identificar parâmetros físicos, como turbidez (detritos e lama, por exemplo) e parâmetros químicos, como a concentração de metais (Alumínio, Arsênio, Cádmio, Chumbo, Cobre, Cromo, Ferro, Manganês, Mercúrio, Zinco, entre outros).


A Resolução nº 357 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) se refere à água bruta ainda nos corpos d’água e a Portaria 2.914 do Ministério da Saúde dispõe sobre padrões de potabilidade da água, ou seja, como a água deve sair das Estações de Tratamento para ser distribuída.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

O REI "TAMPINHA"


O REI "TAMPINHA"

VITTORIO EMMANUEL III, O REI “TAMPINHA”

Por Aluizio Gomes

 O rei da Itália Vittorio Emmanuel III conseguiu uma façanha histórica: ficou no trono durante 46 anos (1900 a 1946) numa era extremamente conturbada na Europa, a qual sofreu duas guerras devastadoras, viu caírem monarcas poderosos, como na Rússia e Alemanha, e a ascensão de tiranias implacáveis por todo lado.
No fundo de toda a efervescência, o fogo que atiçava revoluções e contra revoluções, estava o marxismo, na sua luta contra o capitalismo selvagem e a aristocracia parasita.
Ao poder chegaram líderes com vestes ditatoriais: Hitler, Stalin, Mussolini, Franco, mas o rei continuava lá, no trono. E, curiosamente, em vez de perder poder, ainda aumentou o mesmo, no rastro das conquistas de Mussolini. Tornou-se imperador da Etiópia, em 1936, e rei da Albânia em 1939.
Era baixinho, media apenas 1,53m. Os italianos colocaram nele o apelido de “Sciaboletta¨ (faquinha). As conquistas atrapalhadas de Mussolini, que queria restaurar o antigo Império Romano, foi demais para as combalidas finanças italianas, impedindo a modernização das forças armadas e fazendo que o tiro saísse pela culatra, com o desastre da II Guerra Mundial.
Assim, os italianos fizeram outra gozação com o rei “tampinha”:
“Quando Vittorio era soltanto re
Si bevea del buon caffè.
Poi divenne Imperatore
Se ne sentì solo l’odore.
Oggi che è anche Re d’Albania
Anche l’odore l’ han portato via.
E se avremo un’altra vittoria
Ci mancherà anche la cicoria.
"Quando Vittorio era apenas rei
Se tomava um bom café
Quando virou Imperador
Do café ficou apenas o cheiro
Virou rei da Albânia
E até o cheiro do café se foi
E, se tivermos mais uma vitória
Vamos perder até nossa chicória”

A gota d’água em seu reinado foi o bombardeio de Roma pelos aliados, no dia 19 de Julho de 1943. No dia 25 do mesmo mês, o rei destituiu e prendeu Mussolini, assinou um armistício com os aliados em Setembro, e fugiu para o sul, em Abril de 1944, mais perto das forças aliadas, evitando ser preso pelos alemães, e passando os poderes para seu filho, o príncipe Umberto.
Finda a guerra, renunciou ao trono, no dia 9 de Maio de 1946.
Em seguida um referendum optou pela república, encerrando a monarquia na Itália.

Referências:

1."Biography for King Victor Emmanuel III". IMDb.com. Retrieved 2013-09-16.

2.Nomads in the Shadows of Empires: Contests, Conflicts and Legacies on the Southern Ethiopian-Northern Kenyan Frontier. p. 160.

 3.Montanelli, Mario Cervi, Storia d'italia. L'Italia della guerra civile, RCS, 2003.

4.Albania in Occupation and War: From Fascism to Communism 1940–1945, 2006, p.153, ISBN 1-84511-104-4

5. The Little King TIME Magazine, 5 January 1948

6. "Great Collections - King Victor Emmanuel III of Italy" (PDF). Muenzgeschicte.ch. Retrieved 2013-09-16.

7.Mack Smith, Denis (1989). Italy and its Monarchy. Yale University Press. ISBN 0-300-05132-8.

8.James Rennell Rodd [British Ambassador to Italy before and during the Great War]. Social and Diplomatic Memories. Third Series. 1902-1919. London, 1925.



terça-feira, 6 de outubro de 2015

COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO ZEPELIM

Aluízio,

As empresas privadas BP e Volks foram multadas nos States em quanto e por que? 

Será que não seria conveniente você incluir uma reflexão dos fatos que envolvem o exercício da falta de ética das empresas citadas no bojo do seu texto?
Bartolomeu de Albuquerque Franco(Engenheiro de Minas)

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18:15 (Há 1 hora)

Caro Aluizio:

Tirante a possibilidade de sabotagem, na realidade, os americanos contribuiram indiretamente para o acidente do Hindenburg em 1937.
À época,  os Estados Unidos tinham o monopólio mundial na produção de gás hélio que era incombustível e seria ideal para os zepelins, mas  recusavam o fornecimento para a Alemanha nazista que era obrigada a utilizar hidrogênio altamente inflamável em contato com o oxigênio.

Quanto à sua colocação sobre os males da estatização, está perfeita.

Abraço,

Cláudio Holanda(Geólogo)

ZEPELIM



ZEPELIM, OUTRA ESTATIZAÇÃO MAL SUCEDIDA

Por Aluizio Gomes

O dirigível zepelim foi criado pelo alemão Ferdinand Adolf Heinrich August graf von Zeppelin nos anos 90 do século XIX, e fez seu primeiro voo no dia 2 de Julho de 1900.
Foi primeiramente usado como uma aeronave comercial, mas com a eclosão da I Guerra Mundial, foi usado como bombardeiro.
Finda a guerra, a Alemanha, pelo tratado de Versalhes, ficou proibida de construir grandes aeronaves. Como exceção, foi construído um zepelim para os americanos. Em 1926 as sanções foram levantadas, e na década de 30 ocorreu o apogeu do zepelim, que começou a fazer viagens transatlânticas para o Brasil e os Estados Unidos.  Em 1937 um zepelim incendiou nos Estados Unidos, encerrando em definitivo os voos.
Vale lembrar que o conde Zeppelin havia falecido em 1917, tendo sido substituído por Hugo Eckener. Com a ascensão de Adolf Hitler ao poder, em 1933, começaram as intrigas políticas, devido ao fato de Eckener se recusar a colaborar com os nazistas. Terminou Hitler estatizando a empresa, escanteando Eckener, que foi substituído por simpatizantes do novo regime.
Com o aparelhamento da empresa, normas de segurança foram desprezadas, enfatizando-se mais o desempenho, como forma de mostrar ao mundo o poder tecnológico germânico.
No tempo de Eckener, segurança era a prioridade, agora a prioridade era ideologia e propaganda.
Qualquer semelhança com o que acontece hoje no Brasil, com a Petrobrás, não é mera coincidência, é o que sempre acontece com estatais a serviço de interesses políticos e ideológicos. No tempo de Eckener nunca houve nenhum acidente, nenhum passageiro tinha sido ferido.

Depois da I Grande Guerra, os aviões a hélice foram continuamente aperfeiçoados, melhorando tanto desempenho como raio de alcance, o que causou a obsolescência da cria do conde Zeppelin.


Referências:

Eckener, Hugo: Count Zeppelin. The Man and his Work. London: Massie Publishing Company, Ltd. 1938.


Eckener, Hugo: My Zeppelins. London: Putnam 1958.

ESTE ARTIGO FOI PUBLICADO NO JORNAL DO COMMERCIO DE 07/10/2015

terça-feira, 21 de abril de 2015

PETROBRÁS

EM DEFESA DA PETROBRÁS

Por Aluizio Gomes

“O petróleo é nosso”, eterno clichê. Assim como o ouro, o ferro, o diamante, tudo dentro de nossas fronteiras. O que muda é a forma de concessão, estatal, privada, nacional, multinacional, por aí.

Independente do regime de concessão, sempre há, sem dúvida, o controle governamental, pois a concessão só é dada a empresas de mineração, com CNPJ, e tudo mais. Apenas nos garimpos não há o controle do governo, o garimpeiro é como um vendedor ambulante, não paga imposto, não presta conta da produção, é tudo informal.

Acho errado, assim, dizer que, se uma empresa estrangeira explorar uma concessão petrolífera, estaremos “entregando” nosso petróleo. A frase é verdadeira, porém capciosa, no sentido em que se dá, ao politizar o tema.
Politizando uma coisa tão importante, deu no que deu. Aparelhamento do estado, corrupção, negligência nos orçamentos, etc.

Tem que haver competição. Para se construir uma refinaria, explorar um campo petrolífero, construir oleodutos, gasodutos, terminais, etc.

Tudo bem que a Petrobrás continue estatal, mas que haja outras empresas competindo, havendo licitação, ganha quem apresentar menor preço. Quando havia apenas uma empresa de telefonia no Brasil a Telebrás colocava o preço que queria em seus produtos e serviços, não havia competição.

Se a Petrobrás é tão boa assim, não deveria temer a competição, ficando debaixo do guarda chuva do “petróleo é nosso”.

Recife, 21 de Abril de 2015.


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

NACIONALISMO NÃO COMBINA COM PETRÓLEO

COMO O NACIONALISMO MÍOPE TEM PREJUDICADO SEMPRE O BRASIL
Entrevista de Delfim Netto à Folha de São Paulo.
Publicada em 05/4/ 2014, durante a série “50 anos do Golpe de 1964”.
A resistência do ex-presidente Ernesto Geisel em abrir a exploração do petróleo à iniciativa privada, quando comandou a Petrobrás, no governo Médici, levou a economia brasileira à falência no fim da década de 70.
A afirmação é do economista Delfim Netto, ex ministro de diversas pastas da área econômica durante o regime militar. “Quem quebrou o Brasil foi o Geisel”, diz Delfim.
Dependendo da importação da commodity, o Brasil foi prejudicado com as fortes altas de preços durante o choque ocorrido em 1973 e 1979.
Continua Delfim:
“Em 1972, eu estava em Roma numa reunião do FMI. E o Giscard D’Estaing, que era o  ministro de finanças da França, tinha ficado muito amigo do Brasil. E ele me disse: olha, Delfim os árabes estão preparando um cartel. Eles vão elevar o preço do petróleo a 6 dólares. Nós pagávamos, na época 1,2 dólares, por barril.
Quando voltei para o Brasil, comuniquei isto ao presidente, e ele convocou uma reunião. Nossa proposta, minha e do então ministro das Minas e Energia, Antônio Dias Leite era: vamos abrir a exploração de petróleo. Vamos fazer contratos de exploração de petróleo com empresas privadas, que era para acelerar a produção.
O Geisel se opôs dramaticamente. Quem quebrou o Brasil foi o Geisel. Ele era o presidente da Petrobrás. A Petrobrás passou 20 anos produzindo apenas 120 mil barris por dia. Quando houve a crise do petróleo, as reservas monetárias eram iguais a um ano de exportação, não havia dívida. A dívida foi feita no governo Geisel.

O Geisel, na verdade, era o dono da verdade. Sempre tinha a verdade pronta.”

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O NOVO MINISTÉRIO

ALHOS E BUGALHOS
Por Luiz Guimarães

Dilma, a competenta, elaborou com rara habilidade seu projeto de reconciliação nacional. Juntou na mesma área Patrus Ananias, para quem Stalin provavelmente não passava de um reformista burguês, com Kátia Abreu, para quem Gengis Khan ou era comunista ou no mínimo complacente com os comunistas. Juntou políticos desconhecidos, como George Hilton, com políticos fartamente conhecidos, como Eliseu Padilha, que vem com o selo de qualidade do Governo Fernando Henrique.

Juntou candidatos derrotados com políticos que vencem até (e principalmente) quando o país perde. A cereja do bolo, talvez como símbolo do prometido combate à corrupção, é Helder Barbalho, derrotado nas urnas, filho querido de Jader (cuja carreira política envolveu renúncia, para escapar à cassação, e um período de prisão), um dos herdeiros daquele famoso ranário em que sobravam investimentos com dinheiro público e faltavam rãs.

E, no esforço de conciliação, Valdemar Costa Neto, então hóspede da Penitenciária da Papuda, foi quem negociou com o Governo a nomeação do ministro dos Transportes. É bonito, ainda mais no 1º de Janeiro, Dia da Confraternização Universal, em que todos tomaram posse, ver que Dilma faz conviver herbívoros e carnívoros.