quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O BOQUETE FATAL


O BOQUETE FATAL

Por Aluizio Gomes e
Geórgia von Mecklemburg

A sociedade ocidental tem um dinamismo admirável, corre em alta velocidade, tanto para o bem como para  o mal.
Já os orientais, num enfoque bem abrangente, são estáticos, muito resistentes a novidades, por mais atraentes que possam aparecer.
Os árabes ainda usam a mesma roupa desde os tempos de Jesus Cristo, enquanto o Alcorão, também de uma forma muito abrangente, congela os muçulmanos em conceitos antiquados e ultrapassados.
Já os europeus foram se livrando, devagar e sempre, dos dogmas cristãos, através de gênios do intelecto, muito conhecidos por todos, cientistas e filósofos, que viraram o mundo de ponta cabeça.
Rompidas as amarras dogmáticas, a sociedade ocidental disparou, com bom desempenho dinâmico, mas, ressalvando, para o bem e para o mal.
Dentre os eventos mais importantes, podemos citar o Renascimento e a Revolução Francesa. A partir daí surgiram inúmeras ideologias, maneirismos, e outra revolução importantíssima, resultado direto do Renascimento: A Revolução Industrial. Esta afetou, alterou, remodelou toda nossa sociedade (tanto para o bem como para o mal).
Depois a Revolução Bolchevique, as invenções inúmeras, sempre liberando energias humanas para atividades lúdicas e intelectuais.O Materialismo concorreu enormemente para as mutações sociais: Freud entra neste contexto. Libertou o ocidental de repressões eróticas.
Não obstante, instintivamente, persiste em cada pessoa aquele aspecto conservador, em grau mais ou menos elevado. Numa consideração mais abrangente possível, os filhos são mais avançados do que os pais.
Hoje, por exemplo, um adolescente se dá muito bem em computadores, enquanto os pais rastejam para segurar a onda.
No campo político tudo isto se reflete , em termos ideológicos. O progresso científico, mesmo incipiente, permitiu as navegações ibéricas, que levaram à acumulação da riqueza, pela burguesia em ascensão.
O comércio prosperando tornou o feudalismo pouco atraente e até mesmo inadequado à livre circulação das mercadorias.
Na política, o reflexo disto foram os partidos republicanos.Na América, já com a Revolução Industrial, a escravidão tornou-se outro entrave ao comércio, porque escravo simplesmente não consome.
Em política, apareceu desta forma o abolicionismo.
Contudo, nem tudo são flores.Emulando os antigos senhores feudais, os capitalistas começaram a explorar os operários.Surgiu então o marxismo, que, novamente, deu uma sacudida violenta na civilização, não só ocidental, mas global.
O marxismo foi terrivelmente atraente, por prometer, basicamente, a justiça social, enquanto os sistemas anteriores apenas aprofundavam o fosso entre ricos e pobres.
Porém, na prática, não foi nada disso, continuou a exploração do homem pelo homem, debaixo do maior cinismo possível.Quando caiu a ficha, finalmente, para os soviéticos, eles viram que estavam numa canoa furada, remando contra a maré.
Acostumadas a rotular os comunistas e afins com esquerda e capitalistas e afins como direita, ao cair o Muro de Berlim, acreditou-se que não existia mais a antiga dicotomia.
Sensu latu, contudo, pode-se ainda usar a antiga terminologia, apenas para efeito de melhor compreensão das coisas.E mais, o que se entende por esquerda nos Estados Unidos não bate com o que existe no Brasil.
No Estados Unidos, numa apreciação bem abrangente, a esquerda se manifesta através do partido democrata, enquanto o partido republicano é a trincheira da direita.
Geograficamente falando, a Califórnia e a Nova Inglaterra são redutos democratas, enquanto o Sul e o Meio Oeste são onde vamos encontrar a direita.
O centro político, fiel da balança está no Rust Belt, estados industriais como Pennsylvania, Ohio, Illinois, também chamados “swing states”, ou “battleground states". Nesta categoria inclua-se também a Flórida.
Extinto o comunismo, finada a Guerra Fria, a lide esquerda-direita passou, nos Estados Unidos para assuntos domésticos: aborto, casamento gay, porte de armas, embora ainda com a antigas aspirações de justiça social.
Há um problema transcendental, crucial, suprapartidário, que torna até mesmo secundários os problemas ideológicos: a economia. Se a economia vai mal, a tendência é a oposição ganhar as eleições.
Foi assim que os republicanos foram apeados do poder, com a eleição do desconhecido, até então, Bill Clinton.
Clinton revelou-se um excelente líder, de centro, sem radicalismo, pragmático, e , com muita sorte, pois sua gestão coincidiu com a bolha dot com.Ele zerou o déficit, e foi mais além, deixou o governo com superávit, e desemprego a meros 4%. 4% é apenas uma estatística, porque, na prática, quer dizer zero. Esse resíduo são de pessoas que, por qualquer razão, não estão procurando emprego.
Então, por que Bill Clinton não elegeu Al Gore, o qual, pode ser tudo, menos um poste?
Por causa do boquete fatal, que fez com que um cretino como George Bush fosse eleito, na eleição indireta, e com roubo e decisão suspeita da Suprema Corte.
O giro para a direita dado por Bush levou os EUA diretamente ao fosso no qual se encontra atualmente:guerras caríssimas e intermináveis, empréstimos irresponsáveis à China,  porque o dinheiro do governo, deixado por Clinton, saiu pelo ralo, com o corte de impostos.
Em época de guerra, o certo é aumentar os impostos e pedir sacrifícios à população.Bush fez o inverso, diminuiu  os impostos e mandou o povo se divertir e consumir.
Com a explosão da bolha imobiliária e o escândalo bancário dos derivativos, caiu o castelo de Bush, deixando os Estados Unidos de pires na mão.

Tudo por causa do boquete fatal.

14/08/2012



quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A FARSA DO PRÉ-SAL

Carta de geólogo da Petrobrás põe em cheque capacidade da empresa e viabilidade das novas descobertas na ‘Amazônia Azul’
Senhores Deputados / Senhoras Deputadas.
Todos os Senhores e Senhoras, os de boa fé, estão sendo enganados pela PETROBRAS e pelos seus geólogos com “A FARSA DO PRÉ-SAL BRASILEIRO”, e afirmo isso enquanto ex-geólogo de petróleo, que por cerca de 20 anos, trabalhou na Empresa na Bacia Sedimentar de Sergipe e de Alagoas, a mais completa das bacias brasileiras em termos de registros sedimentares, uma verdadeira bacia escola.

Em 1989, através de um relatório técnico afirmei que na parte terrestre da Bacia de Sergipe, de Alagoas, de Pernambuco e da Paraíba (Exploração Petrolífera SEAL e PEPB) não havia mais petróleo novo por descobrir e isso me custou a primeira demissão da Petrobras. Infelizmente eu estava certo. Nenhuma descoberta ocorreu mais na Bacia de Sergipe e de Alagoas, na parte terrestre, em que pese todo o aparato tecnológico empregado na sua exploração, desde então.

Denunciei em 2005 ao MPF/SE e pedi providências contra o caixa2 na construção da plataforma de casco redondo para o Campo de Piranema, um projeto com contrato de aluguel por 11 anos da plataforma de casco redondo, a primeira do mundo, ao custo de U$ 1 bilhão de dólares. Mostrei a farsa, mas o Gerente Geral da Petrobras em Sergipe Geólogo Eugênio Dezen apresentou um relatório elaborado pela empresa de consultoria DeGOLEYR and MacNAUGHTON atestando a economicidade do Campo de Piranema, tendo solicitado ao MPF/SE para que eu não tivesse acesso ao mesmo, o que de fato aconteceu, ou seja, o MPF/SE não permitiu que a parte denunciante envolvida tivesse acesso a documentação, o que torna o caso mais suspeito ainda, porque tal decisão fere frontalmente a CF/88.


O que levou então o MPF/SE a cometer essa ilegalidade? (Lula e Déda inauguram Piranema e O custo do fracasso de Piranema) Infelizmente eu estava certo novamente

(Os projetos da Petrobras para Sergipe)
Levei também ao conhecimento dos Senhores e Senhoras, quando do anúncio da descoberta do Pré-Sal (Pré-sal: farsa ou propaganda enganosa?), que se tratava de propagando enganosa do governo federal e nenhum dos Senhores e Senhoras se dignou em pedir explicações justificadas, com exemplos reais, sobre os meus questionamentos a PETROBRAS ou a qualquer dos milhares de assessores parlamentares, os quais continuam válidos, e que sem explicações fundamentadas fica evidenciada a farsa.

A CPI da PETROBRAS poderia ter esclarecido este estelionato eleitoral, mas a maioria dos Senhores e das Senhoras preferiu calar e trair o País. Agora, ridícula e irresponsavelmente travam uma infrutífera guerra pelos royalties de um volume de petróleo inexistente no Pré-Sal, quando o País clama desesperadamente por socorro na saúde, na educação, na segurança, na... E em todas as áreas, dos 40 ministérios, cada um deles envolvido mais que outro em atos eivados de ilegalidades contra a administração pública e contra o cidadão, alguns com casos explícitos de corrupção generalizada.

Todos os questionamentos, principalmente sobre os valores utilizados como parâmetros nas simulações dos volumes descobertos, podem ser vistos novamente em:

As descobertas da PETROBRAS no pré-sal brasileiro e A confusão com a terminologia da PETROBRAS para os volumes do pré-sal

Para encerrar, alguns deles que PETROBRAS também não sabe explicar:
“Teoria Orgânica” versus “Teoria Inorgânica” para a origem do petróleo do Pré-Sal:
a) Origem orgânica:
Petróleo é marinho ou continental? Onde está a rocha geradora do petróleo? A rocha geradora está em contato com a rocha reservatório? O volume de rocha geradora é compatível com o volume de óleo descoberto, segundo a PETROBRAS? Se a rocha geradora não está em contato com a rocha reservatório, o petróleo migrou de onde e por onde? Através de falhas geológicas?
b) Origem inorgânica:
Onde e quando foi gerado, quando e por onde migrou para a rocha reservatório? Através de falhas geológicas?
Portanto, se a migração foi por falhas então as rochas reservatórios não tem essa tão propalada continuidade, fato esse corroborado pelos poços secos perfurados, o que diminui sensivelmente a área em extensão dos reservatórios e armadilhas e, consequentemente, o possível volume de petróleo descoberto.

Em síntese, o problema é que a PETROBRAS não consegue se explicar geologicamente quanto ao volume de petróleo descoberto e anunciado com estardalhaço pelo governo federal, volume esse totalmente questionável, tanto pela “Teoria Orgânica para a Origem do Petróleo” (com a qual a PETROBRAS trabalha e para isso montou um dos maiores laboratórios de geoquímica do petróleo do mundo) quanto pela “Teoria Inorgânica”.

Desejo todos os Senhores e Senhoras que vivam o suficiente para verificarem que infelizmente mais uma vez estarei certo, no caso da FARSA do PRÉ-SAL.



Pobre BRASIL!
Atenciosamente.
Ivo Lúcio Santana Marcelino da Silva.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

INCOMPATIBILIDADE ENTRE SOCIALISMO E GLOBALIZAÇÃO


INCOMPATIBILIDADE ENTRE SOCIALISMO E GLOBALIZAÇÃO

Por Aluizio Gomes

O mundo gira, dá muitas voltas, e as coisas estão sempre se alterando.As idéias que tínhamos há algum tempo atrás não são mais válidas, novos parâmetros, novos paradigmas e novas idéias precisam circular, como circula a corrente sanguínea em nossas veias.Se por acaso, essa circulação for impedida, seja por censura direta, ou patrulhamento ideológico, o resultado é a esclerose, a fossilização, e por via de conseqüência o atraso econômico.Não é por acaso que o mundo se divide em paises desenvolvidos e subdesenvolvidos.Nos paises subdesenvolvidos circulam idéias obsoletas, enquanto nos paises desenvolvidos há sempre a renovação ideológica, filosófica, que comanda o desenvolvimento tecnológico e científico.

Isto dito, observa-se a enorme responsabilidade que têm nossos formadores de opinião.Eles que direcionam todo o debate, todo o enfoque, precisam se voltar para as idéias novas, colocá-las em debate, e através da lição dialética de Hegel, tese e antítese, chegar-se à síntese.Muita gente critica os Estados Unidos, mas é forçoso reconhecer a enorme liberdade que lá existe para o nascimento e circulação de idéias, tudo garantido pela Constituição.No Brasil, há liberdade no papel, mas na prática existe o patrulhamento ideológico, de um lado pela elite aristocrata medieval, e por outro por socialistas marxistas.A elite, incrustada em seus feudos fundiários se recusa a evoluir, enquanto os socialistas conseguiram um feudo só para eles, as empresas estatais. A classe média se vira como pode, os miseráveis se contentam com qualquer esmola ( jamais se rebelarão), e os banqueiros, esses sim, ganham rios e rios de dinheiro.Vejam os últimos balanços do Itaú e do Bradesco.

Se observamos a Europa, veja-se a rapidez como ela se transforma, evolui, rompe decisivamente com o passado, e coloca, sem nenhuma piedade, qualquer ideologia obsoleta, que não mais funcione, na lata do lixo da história. Quando o absolutismo não mais funcionou, colocaram a cabeça de Luís XVI na guilhotina, e reinventaram a república.Quando a aristocracia ficou podre na Rússia, fuzilaram o Czar, e tiraram o socialismo do papel.Quando o liberalismo claudicou em 1929, Keynes criou o keynesianismo.Quando a democracia fracassou na Alemanha, Hitler tirou também o nazismo do papel.Morto o nazismo em 1945, o keynesianismo foi reforçado, mas naufragou décadas depois, abrindo lugar para o neoliberalismo, sob o comando de Milton Friedman.Em 1989, houve uma verdadeira hecatombe, um terremoto político.Em pouco tempo a União Soviética desabou fragorosamente, e os líderes russos não tiveram nenhuma consideração em enterrar o tão venerado marxismo, a menina dos olhos de tantos e tantos intelectuais, como Sartre e muitos outros.

Excessos do neoliberalismo, na Rússia e outros lugares, abriram lugar para que socialistas voltassem de fininho ao poder, um Lionel Jospin aqui, um Gerhard Shröder ali.Porém, um antípoda se levantou, e ameaçou engolir o europeu, acomodado no welfare state.Surfando na vaga da globalização, o chinês ultrapassou o europeu.Que fez então  a Europa?Superando as arraigadas idiossincrasias nacionalistas, os europeus uniram-se numa commonwealth que está se revelando um sucesso espetacular.Rígidos controles fiscais, uma moeda única, eliminação de tarifas aduaneiras, etc, permitiram um mercado consumidor de 500 milhões de habitantes, maior do que o dos Estados Unidos, onde vivem 300 milhões de pessoas.A eliminação de muitas frescuras burocráticas fizeram com que novas empresas possam crescer e prosperar. A competição interna fez com que, quem baixasse impostos, atraísse empresas, forçando o perdedor também baixar sua carga tributária.É a competição salutar, a qual já tratei em meu artigo "O Que é Bom Para os Estados Unidos Deve ser Péssimo Para o Brasil", neste mesmo blog, e faz com que produtos mais baratos e melhores possam competir com os chineses.Por falar nisso, muitas fábricas de sapato estão fechando no Brasil, impossibilitadas de competir com os produtos importados da China.Os jornais se enchem de reclamações:"Ah, o dólar está muito baixo, prejudicando nossas exportações, as fábricas vão fechar!".Oh, cara, vai à luta, baixa os custos, baixa a carga tributária, melhora a infra-estrutura e pára de choradeira, isto não resolve nada!

Para concluir, observa-se neste momento, uma incompatibilidade entre socialismo e globalização.A vitória decisiva do direitista Nicolas Sarkozy sobre a socialista Ségolène Royal, que parece mais uma socialite, foi emblemático do problema crucial que sofre a esquerda.A sonhada utopia ficou, pelo menos momentaneamente mais distante.E olhe que eles estavam quase chegando lá.A globalização exige trabalho antes, remuneração depois.Primeiro o dever, depois o direito.Os socialistas queriam direitos, se esquecendo dos deveres.Queriam remuneração hoje, trabalho talvez amanhã, se não chover.

Quando alguns paises da Europa se posicionaram contra a invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003, o então secretário da defesa daquele país esnobou os mesmos, afirmando ser da "velha Europa".Pois esta Velha Europa está se reciclando, mais jovem do que nunca, dando uma lição ao mundo sobre como enfrentar os desafios.

Lembrando Amador Aguiar, fundador do Bradesco: "SÓ O TRABALHO PRODUZ RIQUEZA."

09/05/2007



terça-feira, 7 de agosto de 2012

CPI-PIZZA


   A CPI-PIZZA

A nossa classe política é muito mais corrupta do que imagina o cidadão mediano.Pense numa pessoa corrupta.Não, não, pense numa pessoa super, hiper-corrupta.Errou.Nossos políticos são muito mais corruptos do que nossa imaginação possa conceber.A hipocrisia, a mentira, a desfaçatez, o descompromisso com qualquer princípio ético são assombrosos.A justiça só é feita para destruir inimigos, como no caso de Fernando Collor, Roberto Jefferson, etc.Fica assim no ar a impressão que os políticos agiram com firmeza contra a corrupção. Qual nada. Foi tudo jogo de cena.No caso de Roseana Sarney, temos outro exemplo contundente.Para tirá-la do páreo, a Polícia Federal fez uma devassa em suas empresas, a mando de Fernando Henrique Cardoso, a fim de beneficiar a candidatura de José Serra.Severino Cavalcanti, idem.Logo apareceu um cheque para derrubá-lo.E assim vai.

Mas, a história da CPI do Banestado merece algumas considerações, porque a grande imprensa não contou sua história.Não eram milhões, mas bilhões de dólares do seu, meu, nosso dinheiro, mandado para fora do Brasil.Como o número de envolvidos era tão grande, faltou xerife para tanto bandido.Lula precisava de apoio político para aprovar a reforma da Previdência no Congresso.Que fez ele?Negociou apoio para a reforma, em troca do arquivamento da CPI. Rendeu-se à corrupção.

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Abaixo, texto escrito por Bruno Lima Rocha, publicado no blog do Noblat, em 14/10/2005:

“Lagarto que sai da toca / quer chumbo diz o ditado.” Estes versos de Pedro Ortaça, cantor e pajador de São Luiz Gonzaga, berço da República Guarani e civilização missioneira, refletem em sua simplicidade, um princípio básico da estratégia. Havendo oportunidade, os combates devem ser rápidos, a vitória fulminante e com o menor custo possível. O governo Lula teve esta oportunidade, de liquidar e fazer calar a seus opositores políticos. A batalha, que não houve, era contra o PFL e seu aliado, o PSDB. O momento foi a CPI do Banestado, o ano o de 2003, auge do capital político e popularidade de Lula.Naquela conjuntura, o Planalto preferiu negociar a aprovação da reforma da Previdência, transformando em pizza mais um escândalo de evasão de divisas do país. 

O delegado José Francisco de Castilho Neto foi afastado do caso, ele que tinha ido aos Estados Unidos investigar, rastrear o caminho da lavagem do dinheiro.Na frente operacional, escolheu um grupo de confiança continuísta. A começar pelo diretor-geral (D-G) da Polícia Federal (PF), indicado pelo ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e respaldado pelo PFL. O delegado Paulo Lacerda, atual D-G, é mais um dos federais fiéis ao grupo de Romeu Tuma, sendo que o próprio Lacerda fora assessor parlamentar de Tuma por longos seis anos. A gestão e presença de Romeu Tuma é um divisor de águas dentro da mais respeitada e capaz instituição policial do país. O ex-diretor do DOPS de São Paulo deparou-se, há 20 anos atrás, com uma PF civil, judiciária, altamente operacional, em vias de sindicalização e com ideologia constitucionalista. Para amparar-se, apoiou-se num tripé: - as prerrogativas dos militares; - a lealdade ao Palácio do Planalto; - a cobertura aos delegados da velha guarda. Boa parte dos conflitos internos da PF têm aí sua origem. 

Para culminar os erros, a lealdade da PF não foi inteiramente garantida. Muito em função de dois movimentos do titular do MJ. O primeiro foi a demissão, ainda em 2003, de Luís Eduardo Soares, homem com trânsito nas federações e sindicatos de peritos e agentes, e apoiador destes servidores na mudança da Lei Orgânica, que rege a Polícia Federal. Caso a alteração fosse aprovada, a PF teria implantado o modelo do FBI, com academia e cargo inicial únicos. Seria o fim dos poderes atribuídos aos delegados, completando a medida iniciada com a Constituição de 1988, que já retirara destes o poder de prender para averiguação. A segunda foi o endurecimento na greve dos agentes, papiloscopistas e peritos federais, iniciada em abril de 2004. Com a derrota do movimento grevista da PF, os setores mais ativos da corporação se distanciam do governo, entregando-o à própria sorte. Lula fica à mercê da vontade política da dupla Romeu Tuma e Paulo Lacerda, e seu corpo de diretores, superintendentes e delegados leais aos “velhos tempos”.

Não por acaso, a montagem do flagrante nos Correios partiu da ABIN. Se fosse apenas um caso de corrupção, uma sindicância aberta e posteriores investigações da PF resolveriam o assunto. Com o flanco operacional desguarnecido, puseram a bomba relógio chamada Maurício Marinho no colo de Roberto Jefferson. Este, ao ver-se abandonado pelo então chefe de governo José Dirceu, a atira de volta. A partir daí a história já é mais do que conhecida.

Voltando ao flanco político, especificamente ao Congresso e a CPI do Banestado, observamos o seguinte. Sem vontade política para apurar, com medo de desagradar ao sistema financeiro, apavorado com a hipótese de pôr grandes instituições em rota de colisão com o Banco Araucária e o Banestado na gestão do governador Jaime Lerner (PFL-PR), a maioria do governo concorda em arquivar a CPI. Vale lembrar, investigações preliminares indicaram um desvio de mais de US$ 30 bilhões de dólares entre roubo aos cofres públicos e evasão de divisas através das famosas CC-5. Ainda assim, Sarney e Mercadante prepararam a pizza. Dois anos depois, os ventos mudaram e a pizza azedou. Tivessem emparedado o senador Bornhausen (PFL/SC), este teria renunciado e não partido para cima do governo, conforme o mesmo declarou, disposto “a acabar com essa raça petista”.

Vale lembrar, em 2003, o governo Lula tinha um rolo compressor no Congresso. Para demarcar o terreno da rinha, uma esporada precisa alcançava. Não precisaria nem ressuscitar investigações arquivadas no governo FHC, tais como: a compra de votos para a emenda da reeleição; a fraude no leilão do Sistema Telebrás, conhecido como o grampo do BNDES; a CPI do sistema financeiro, quando Salvatore Cacciola pagou o pato sozinho por mais de 1.200 pessoas físicas e jurídicas que lucraram, e muito, com a desvalorização do Real; isso sem falar em privatizações escandalosas como a da Cia. Vale do Rio Doce. Bastava um tiro e este não foi dado.

Um dos problemas da “esquerda”, quando ela se posiciona mais à direita, é o fato desta nova fração de classe dirigente, tentar se confundir e entrosar com a direita orgânica. Os operadores políticos do governo podem querer fazer parte do time, mas destes, só Palocci entrou pra valer no clube dos eleitos e favoritos. Os demais são uma moda passageira, que ao primeiro descuido, serão combatidos com a tenacidade de sempre. A equipe de Lula e Dirceu confundiu-se com a direita, lavando o discurso, rebaixando a plataforma e até adotando alguns de seus métodos. Só esqueceu o principal, assegurar a vitória quando esta cai de madura.

Tamanha displicência em um governo com políticos tão experientes, recheado de ex-guerrilheiros, é quase inexplicável. Basta recordar o que fez José Serra em 2002 para entender o que dizemos. Com um tiro certeiro, Serra tirou a aliada Roseana Sarney do páreo. Bastou rosnar para os correligionários Paulo Renato e Tasso Jereissati e os dois tiraram o time de campo. A CPI do Banestado foi a batalha que o governo Lula abdicou de ganhar. Agora amarga a mazela de esvair em sangue, pouco a pouco, aguardando um provável funeral em 2006.

sábado, 4 de agosto de 2012

MENSALÃO


TRECHO DA ACUSAÇÃO DO PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA, ROBERTO GUREL, NO STF:


"Em 30 anos de Ministério Público, completados no dia 12 de julho último, jamais enfrentei, e acredito que nenhum procurador-geral anterior, nada sequer comparável à onda de ataques grosseiros e mentirosos de caudalosas diatribes e verrinas, arreganhos de toda espécie, por variados meios, por notórios magarefes da honra que não possuem, tudo a partir do momento em que ofereci as alegações finais nesta ação penal."
Ele disse que isso foi feito para intimidar sua atuação. "Esse comportamento é intolerável e inútil porque somos insuscetíveis a intimidação", afirmou. Em entrevista, Gurgel disse ainda que a quadrilha que o intimidou é "arrogante".

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A ESTRUTURA HIERÁRQUICA DA MÍDIA


A ESTRUTURA HIERÁRQUICA DA MÍDIA

"A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular."
- prof. Andrew Oitke, catedrático de Antropologia em Harvard.


Por Aluizio Gomes

A estrutura é a seguinte:

No topo: A plutocracia.Ela é quem determina o que sai, o que não sai, e qual a tendência da análise.

No meio:Os diretores de redação. Apenas repassam a pauta para os jornalistas.

Na base: O jornalistas, meros fantoches dos seus superiores.

Exemplos?

Durante décadas, os líderes árabes eram chamados de “presidente”: O presidente do Egito, o presidente da Líbia, o presidente da Síria, etc.De repente, não mais do que de repente, quando as feridas começaram a aparecer, todos eles foram rebaixados para “ditadores”: o ditador da Líbia, do Egito, etc, etc.
Mais um exemplo: há anos que a mídia enaltece o desempenho dos BRICs, que são isso, aquilo, etc.
Bastou um apagão na Índia, para a mídia revelar a verdade: o que é existe é muita corrupção, ineficiência, desorganização, incompetência, etc.

E por aí vai.

02/08/2012