quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O BOQUETE FATAL


O BOQUETE FATAL

Por Aluizio Gomes e
Geórgia von Mecklemburg

A sociedade ocidental tem um dinamismo admirável, corre em alta velocidade, tanto para o bem como para  o mal.
Já os orientais, num enfoque bem abrangente, são estáticos, muito resistentes a novidades, por mais atraentes que possam aparecer.
Os árabes ainda usam a mesma roupa desde os tempos de Jesus Cristo, enquanto o Alcorão, também de uma forma muito abrangente, congela os muçulmanos em conceitos antiquados e ultrapassados.
Já os europeus foram se livrando, devagar e sempre, dos dogmas cristãos, através de gênios do intelecto, muito conhecidos por todos, cientistas e filósofos, que viraram o mundo de ponta cabeça.
Rompidas as amarras dogmáticas, a sociedade ocidental disparou, com bom desempenho dinâmico, mas, ressalvando, para o bem e para o mal.
Dentre os eventos mais importantes, podemos citar o Renascimento e a Revolução Francesa. A partir daí surgiram inúmeras ideologias, maneirismos, e outra revolução importantíssima, resultado direto do Renascimento: A Revolução Industrial. Esta afetou, alterou, remodelou toda nossa sociedade (tanto para o bem como para o mal).
Depois a Revolução Bolchevique, as invenções inúmeras, sempre liberando energias humanas para atividades lúdicas e intelectuais.O Materialismo concorreu enormemente para as mutações sociais: Freud entra neste contexto. Libertou o ocidental de repressões eróticas.
Não obstante, instintivamente, persiste em cada pessoa aquele aspecto conservador, em grau mais ou menos elevado. Numa consideração mais abrangente possível, os filhos são mais avançados do que os pais.
Hoje, por exemplo, um adolescente se dá muito bem em computadores, enquanto os pais rastejam para segurar a onda.
No campo político tudo isto se reflete , em termos ideológicos. O progresso científico, mesmo incipiente, permitiu as navegações ibéricas, que levaram à acumulação da riqueza, pela burguesia em ascensão.
O comércio prosperando tornou o feudalismo pouco atraente e até mesmo inadequado à livre circulação das mercadorias.
Na política, o reflexo disto foram os partidos republicanos.Na América, já com a Revolução Industrial, a escravidão tornou-se outro entrave ao comércio, porque escravo simplesmente não consome.
Em política, apareceu desta forma o abolicionismo.
Contudo, nem tudo são flores.Emulando os antigos senhores feudais, os capitalistas começaram a explorar os operários.Surgiu então o marxismo, que, novamente, deu uma sacudida violenta na civilização, não só ocidental, mas global.
O marxismo foi terrivelmente atraente, por prometer, basicamente, a justiça social, enquanto os sistemas anteriores apenas aprofundavam o fosso entre ricos e pobres.
Porém, na prática, não foi nada disso, continuou a exploração do homem pelo homem, debaixo do maior cinismo possível.Quando caiu a ficha, finalmente, para os soviéticos, eles viram que estavam numa canoa furada, remando contra a maré.
Acostumadas a rotular os comunistas e afins com esquerda e capitalistas e afins como direita, ao cair o Muro de Berlim, acreditou-se que não existia mais a antiga dicotomia.
Sensu latu, contudo, pode-se ainda usar a antiga terminologia, apenas para efeito de melhor compreensão das coisas.E mais, o que se entende por esquerda nos Estados Unidos não bate com o que existe no Brasil.
No Estados Unidos, numa apreciação bem abrangente, a esquerda se manifesta através do partido democrata, enquanto o partido republicano é a trincheira da direita.
Geograficamente falando, a Califórnia e a Nova Inglaterra são redutos democratas, enquanto o Sul e o Meio Oeste são onde vamos encontrar a direita.
O centro político, fiel da balança está no Rust Belt, estados industriais como Pennsylvania, Ohio, Illinois, também chamados “swing states”, ou “battleground states". Nesta categoria inclua-se também a Flórida.
Extinto o comunismo, finada a Guerra Fria, a lide esquerda-direita passou, nos Estados Unidos para assuntos domésticos: aborto, casamento gay, porte de armas, embora ainda com a antigas aspirações de justiça social.
Há um problema transcendental, crucial, suprapartidário, que torna até mesmo secundários os problemas ideológicos: a economia. Se a economia vai mal, a tendência é a oposição ganhar as eleições.
Foi assim que os republicanos foram apeados do poder, com a eleição do desconhecido, até então, Bill Clinton.
Clinton revelou-se um excelente líder, de centro, sem radicalismo, pragmático, e , com muita sorte, pois sua gestão coincidiu com a bolha dot com.Ele zerou o déficit, e foi mais além, deixou o governo com superávit, e desemprego a meros 4%. 4% é apenas uma estatística, porque, na prática, quer dizer zero. Esse resíduo são de pessoas que, por qualquer razão, não estão procurando emprego.
Então, por que Bill Clinton não elegeu Al Gore, o qual, pode ser tudo, menos um poste?
Por causa do boquete fatal, que fez com que um cretino como George Bush fosse eleito, na eleição indireta, e com roubo e decisão suspeita da Suprema Corte.
O giro para a direita dado por Bush levou os EUA diretamente ao fosso no qual se encontra atualmente:guerras caríssimas e intermináveis, empréstimos irresponsáveis à China,  porque o dinheiro do governo, deixado por Clinton, saiu pelo ralo, com o corte de impostos.
Em época de guerra, o certo é aumentar os impostos e pedir sacrifícios à população.Bush fez o inverso, diminuiu  os impostos e mandou o povo se divertir e consumir.
Com a explosão da bolha imobiliária e o escândalo bancário dos derivativos, caiu o castelo de Bush, deixando os Estados Unidos de pires na mão.

Tudo por causa do boquete fatal.

14/08/2012



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