quarta-feira, 8 de agosto de 2012

INCOMPATIBILIDADE ENTRE SOCIALISMO E GLOBALIZAÇÃO


INCOMPATIBILIDADE ENTRE SOCIALISMO E GLOBALIZAÇÃO

Por Aluizio Gomes

O mundo gira, dá muitas voltas, e as coisas estão sempre se alterando.As idéias que tínhamos há algum tempo atrás não são mais válidas, novos parâmetros, novos paradigmas e novas idéias precisam circular, como circula a corrente sanguínea em nossas veias.Se por acaso, essa circulação for impedida, seja por censura direta, ou patrulhamento ideológico, o resultado é a esclerose, a fossilização, e por via de conseqüência o atraso econômico.Não é por acaso que o mundo se divide em paises desenvolvidos e subdesenvolvidos.Nos paises subdesenvolvidos circulam idéias obsoletas, enquanto nos paises desenvolvidos há sempre a renovação ideológica, filosófica, que comanda o desenvolvimento tecnológico e científico.

Isto dito, observa-se a enorme responsabilidade que têm nossos formadores de opinião.Eles que direcionam todo o debate, todo o enfoque, precisam se voltar para as idéias novas, colocá-las em debate, e através da lição dialética de Hegel, tese e antítese, chegar-se à síntese.Muita gente critica os Estados Unidos, mas é forçoso reconhecer a enorme liberdade que lá existe para o nascimento e circulação de idéias, tudo garantido pela Constituição.No Brasil, há liberdade no papel, mas na prática existe o patrulhamento ideológico, de um lado pela elite aristocrata medieval, e por outro por socialistas marxistas.A elite, incrustada em seus feudos fundiários se recusa a evoluir, enquanto os socialistas conseguiram um feudo só para eles, as empresas estatais. A classe média se vira como pode, os miseráveis se contentam com qualquer esmola ( jamais se rebelarão), e os banqueiros, esses sim, ganham rios e rios de dinheiro.Vejam os últimos balanços do Itaú e do Bradesco.

Se observamos a Europa, veja-se a rapidez como ela se transforma, evolui, rompe decisivamente com o passado, e coloca, sem nenhuma piedade, qualquer ideologia obsoleta, que não mais funcione, na lata do lixo da história. Quando o absolutismo não mais funcionou, colocaram a cabeça de Luís XVI na guilhotina, e reinventaram a república.Quando a aristocracia ficou podre na Rússia, fuzilaram o Czar, e tiraram o socialismo do papel.Quando o liberalismo claudicou em 1929, Keynes criou o keynesianismo.Quando a democracia fracassou na Alemanha, Hitler tirou também o nazismo do papel.Morto o nazismo em 1945, o keynesianismo foi reforçado, mas naufragou décadas depois, abrindo lugar para o neoliberalismo, sob o comando de Milton Friedman.Em 1989, houve uma verdadeira hecatombe, um terremoto político.Em pouco tempo a União Soviética desabou fragorosamente, e os líderes russos não tiveram nenhuma consideração em enterrar o tão venerado marxismo, a menina dos olhos de tantos e tantos intelectuais, como Sartre e muitos outros.

Excessos do neoliberalismo, na Rússia e outros lugares, abriram lugar para que socialistas voltassem de fininho ao poder, um Lionel Jospin aqui, um Gerhard Shröder ali.Porém, um antípoda se levantou, e ameaçou engolir o europeu, acomodado no welfare state.Surfando na vaga da globalização, o chinês ultrapassou o europeu.Que fez então  a Europa?Superando as arraigadas idiossincrasias nacionalistas, os europeus uniram-se numa commonwealth que está se revelando um sucesso espetacular.Rígidos controles fiscais, uma moeda única, eliminação de tarifas aduaneiras, etc, permitiram um mercado consumidor de 500 milhões de habitantes, maior do que o dos Estados Unidos, onde vivem 300 milhões de pessoas.A eliminação de muitas frescuras burocráticas fizeram com que novas empresas possam crescer e prosperar. A competição interna fez com que, quem baixasse impostos, atraísse empresas, forçando o perdedor também baixar sua carga tributária.É a competição salutar, a qual já tratei em meu artigo "O Que é Bom Para os Estados Unidos Deve ser Péssimo Para o Brasil", neste mesmo blog, e faz com que produtos mais baratos e melhores possam competir com os chineses.Por falar nisso, muitas fábricas de sapato estão fechando no Brasil, impossibilitadas de competir com os produtos importados da China.Os jornais se enchem de reclamações:"Ah, o dólar está muito baixo, prejudicando nossas exportações, as fábricas vão fechar!".Oh, cara, vai à luta, baixa os custos, baixa a carga tributária, melhora a infra-estrutura e pára de choradeira, isto não resolve nada!

Para concluir, observa-se neste momento, uma incompatibilidade entre socialismo e globalização.A vitória decisiva do direitista Nicolas Sarkozy sobre a socialista Ségolène Royal, que parece mais uma socialite, foi emblemático do problema crucial que sofre a esquerda.A sonhada utopia ficou, pelo menos momentaneamente mais distante.E olhe que eles estavam quase chegando lá.A globalização exige trabalho antes, remuneração depois.Primeiro o dever, depois o direito.Os socialistas queriam direitos, se esquecendo dos deveres.Queriam remuneração hoje, trabalho talvez amanhã, se não chover.

Quando alguns paises da Europa se posicionaram contra a invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003, o então secretário da defesa daquele país esnobou os mesmos, afirmando ser da "velha Europa".Pois esta Velha Europa está se reciclando, mais jovem do que nunca, dando uma lição ao mundo sobre como enfrentar os desafios.

Lembrando Amador Aguiar, fundador do Bradesco: "SÓ O TRABALHO PRODUZ RIQUEZA."

09/05/2007



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