sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

NACIONALISMO NÃO COMBINA COM PETRÓLEO

COMO O NACIONALISMO MÍOPE TEM PREJUDICADO SEMPRE O BRASIL
Entrevista de Delfim Netto à Folha de São Paulo.
Publicada em 05/4/ 2014, durante a série “50 anos do Golpe de 1964”.
A resistência do ex-presidente Ernesto Geisel em abrir a exploração do petróleo à iniciativa privada, quando comandou a Petrobrás, no governo Médici, levou a economia brasileira à falência no fim da década de 70.
A afirmação é do economista Delfim Netto, ex ministro de diversas pastas da área econômica durante o regime militar. “Quem quebrou o Brasil foi o Geisel”, diz Delfim.
Dependendo da importação da commodity, o Brasil foi prejudicado com as fortes altas de preços durante o choque ocorrido em 1973 e 1979.
Continua Delfim:
“Em 1972, eu estava em Roma numa reunião do FMI. E o Giscard D’Estaing, que era o  ministro de finanças da França, tinha ficado muito amigo do Brasil. E ele me disse: olha, Delfim os árabes estão preparando um cartel. Eles vão elevar o preço do petróleo a 6 dólares. Nós pagávamos, na época 1,2 dólares, por barril.
Quando voltei para o Brasil, comuniquei isto ao presidente, e ele convocou uma reunião. Nossa proposta, minha e do então ministro das Minas e Energia, Antônio Dias Leite era: vamos abrir a exploração de petróleo. Vamos fazer contratos de exploração de petróleo com empresas privadas, que era para acelerar a produção.
O Geisel se opôs dramaticamente. Quem quebrou o Brasil foi o Geisel. Ele era o presidente da Petrobrás. A Petrobrás passou 20 anos produzindo apenas 120 mil barris por dia. Quando houve a crise do petróleo, as reservas monetárias eram iguais a um ano de exportação, não havia dívida. A dívida foi feita no governo Geisel.

O Geisel, na verdade, era o dono da verdade. Sempre tinha a verdade pronta.”

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O NOVO MINISTÉRIO

ALHOS E BUGALHOS
Por Luiz Guimarães

Dilma, a competenta, elaborou com rara habilidade seu projeto de reconciliação nacional. Juntou na mesma área Patrus Ananias, para quem Stalin provavelmente não passava de um reformista burguês, com Kátia Abreu, para quem Gengis Khan ou era comunista ou no mínimo complacente com os comunistas. Juntou políticos desconhecidos, como George Hilton, com políticos fartamente conhecidos, como Eliseu Padilha, que vem com o selo de qualidade do Governo Fernando Henrique.

Juntou candidatos derrotados com políticos que vencem até (e principalmente) quando o país perde. A cereja do bolo, talvez como símbolo do prometido combate à corrupção, é Helder Barbalho, derrotado nas urnas, filho querido de Jader (cuja carreira política envolveu renúncia, para escapar à cassação, e um período de prisão), um dos herdeiros daquele famoso ranário em que sobravam investimentos com dinheiro público e faltavam rãs.

E, no esforço de conciliação, Valdemar Costa Neto, então hóspede da Penitenciária da Papuda, foi quem negociou com o Governo a nomeação do ministro dos Transportes. É bonito, ainda mais no 1º de Janeiro, Dia da Confraternização Universal, em que todos tomaram posse, ver que Dilma faz conviver herbívoros e carnívoros.