sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ayn Rand


COMO FUNCIONAVAM OS SOVIETES


FRASE DE 1920 ...

Frase da filósofa russo-americana Ayn Rand (judia, fugitiva da revolução russa, que chegou aos Estados Unidos na metade da década de 1920), mostrando uma visão com conhecimento de causa:

"Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você com suas ações;
quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada, vivendo no inferno".

 Fonte: Facebook de Nelson Cirtoli

HERANÇA POLÍTICA


Mais uma do Joãozinho... guri inteligente
Joãozinho "quase" petista.
 
Uma professora petista do ensino fundamental explicava aos alunos o
"ser petista". Pediu que levantassem a mão todos aqueles que fossem
simpáticos ao partido.
 
Todos os alunos, por temerem represálias, levantaram a mão, exceto um
menino que estava sentado no fundo da sala.
 
A professora olhou para o menino com surpresa e lhe perguntou:
- Joãozinho, por que não levantou a mão?
- Por que não sou petista! - respondeu.
 
A professora perguntou de novo:
- Se não é petista, então com quem se simpatiza?
- Com os tucanos! - respondeu com orgulho o menino.
 
A professora cujos ouvidos fanáticos não podiam dar crédito a algo
assim, exclamou:
- Joãozinho, me diga: porque és simpático aos tucanos?
 
O menino muito tranquilo respondeu:
- Minha mãe é tucano, meu pai é tucano, meu irmão é tucano, por isso
eu também sou tucano! - arrematou...
 
- Bem, replicou a professora - mas isso não é um bom motivo.. Você não
tem que ser tucano como seus pais. Por exemplo, se sua mãe fosse
mentirosa, seu irmão um meliante vagabundo e contraventor e seu pai um
fraudador ladrão de dinheiro público, o que você seria?
 
- Bom... aí eu seria petista!   
 

quarta-feira, 16 de maio de 2012

OS JUROS NÃO CAEM



Certa ocasião, perguntaram a Antonio Ermírio de Moraes, porque ele não abria um banco, e  ele então respondeu:

“Porque não tenho vocação para agiota”.

Dito isto, adianto que fico pasmo como economistas de renome arriscam suas reputações defendendo os altos juros cobrados no Brasil.Também, são pagos a peso  de ouro, trabalham em bancos de investimento, estão puxando a brasa para suas sardinhas, têm o rabo preso.


As alegações são vagas, imprecisas: altos impostos, depósito compulsório, poucas garantias, alta inadimplência, etc, mas, nunca apresentam números, estatísticas, são sempre nebulosos.Nunca falam dos lucros fantásticos dos bancos, das tarifas as mais absurdas, os enormes ganhos de produtividade devido a  automação dos últimos anos.

Um caixa eletrônico é um funcionário robô que nunca faz greve, trabalha dia e noite, sem hora extra. O internet banking permite o banco funcionar sem precisar abrir a agência.Tudo isso é ganho de produtividade, enxuga a folha salarial, e cadê o benefício do cliente, em termos de redução das tarifas e juros? Vai tudo para o bolso deles

Aluizio Gomes 

terça-feira, 15 de maio de 2012

ARGENTINA


Argentina,
Tens uma sina
Maradona cheira cocaína
E à Bolívia, 
Cristina 
Ensina

Isto tem a ver com as recentes estatizações, malsinadas e mal ensinadas.

Faz parte da Nova Literatura de Cordel, adaptada aos novos tempos de Internet.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

ORIGEM DOS TERREMOTOS NO NORDESTE


         ORIGEM DOS TERREMOTOS NO NORDESTE


Por
Paulo de Barros Correia (Paulo Mufula)
Professor do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Pernambuco

Artigo publicado em: http://www.comciencia.br


“O Brasil é um país abençoado por Deus porque aqui não há terremotos”. Quem nunca ouviu esta frase? Infelizmente isso não é verdade. Como mostra a Figura 1, há mais terremotos no Brasil, do que se pensa ou pensava. Nas últimas décadas, o Nordeste é a região do país que vem registrando o maior número de abalos sísmicos. Recentemente, a população da cidade de Alagoinhas no agreste de Pernambuco, a cerca de 230 km do Recife, ficou apavorada com os tremores de terra que ocorreram em um pequeno espaço de tempo. Foram mais de 60 abalos sísmicos de magnitudes que variaram de 2,5 a 3,2 na escala Richter, entre os dias 8 e 10 de março passado. Aliás, abalos sísmicos não são raros no Nordeste. Os primeiros registros históricos de terremotos no Nordeste datam de 1724 em Salvador (BA). Desde essa época, muitos abalos sísmicos foram registrados em todos os estados do Nordeste do Brasil. Dentre as localidades mais atingidas destacam-se Caruaru e Belo Jardim, em Pernambuco, João Câmara e Parazinho, no Rio Grande do Norte, Pacajus e Sobral, no Ceará, e algumas cidades do recôncavo baiano.


Por que ocorrem terremotos no Nordeste?


A superfície terrestre é composta por placas litosféricas rígidas, que incluem crosta continental e oceânica, chamadas de placas tectônicas. Essas placas flutuam sobre uma camada viscosa da parte mais externa do manto, que os geocientistas chamam de astenosfera. As placas tectônicas se distribuem na superfície terrestre como se fossem peças de um quebra-cabeça. Se uma peça dessas se move, vai colidir com as suas vizinhas. Essa colisão provoca dois tipos de terremotos, os terremotos de borda de placa, mais fortes, como os que ocorrem no Chile e os terremotos intraplaca, historicamente mais fracos, como os que ocorrem no Nordeste. A placa em que viajamos é a Placa Sulamericana, que colide com a Placa de Nazca a oeste (Figura 2), e a leste, ela se afasta da Placa Africana, como mostram as setas azuis divergentes da Figura 2. A colisão a oeste é do tipo zona de subducção (Figura 3A), onde a placa de Nazca que é oceânica e mais densa mergulha sob a placa Sulamenricana, que é continental e menos densa. Já na borda leste, o mecanismo envolve uma célula de convecção que faz o magma ascender à superfície afastando as duas placas, dando origem à cadeia meso-atlântica, mostrada na Figura 3B. Diante disto é fácil compreender que a Placa Sulamericana está submetida a um regime compressivo provocado pelo empurrão da Placa de Nazca de oeste para leste, e pela ascensão magmática na cadeia meso-atlântica, que a empurra para oeste.


Essa compressão a que está submetida a Placa Sulamericana, é a principal responsável pela maioria dos abalos sísmicos que ocorrem no Nordeste. Estando sobre uma unidade geológica muito antiga, mas cheia de falhas, chamada Província Borborema (Figura 4), o Nordeste é sismologicamente instável. As falhas mais extensas e profundas constituem verdadeiras zonas de fraqueza da crosta terrestre, que os geocientistas chamam de suturas, tendem a se movimentar, provocando diversos abalos sísmicos. Uma dessas suturas corta o estado de Pernambuco desde o Recife até a divisa com o estado do Piauí. Essa grande falha geológica, de pelo menos 550



Ao longo da Zona de Cisalhamento Pernambuco os sismos se distribuem às vezes sobre a própria zona de cisalhamento , às vezes acima ou abaixo da mesma, associado a alguma falha de menor extensão.
Comparados com os terremotos que ocorrem na borda oeste da placa Sulamericana, os abalos sísmicos do Nordeste são muito menos intensos, devido à sua situação intraplaca. Não há, como no Chile, uma placa mergulhando por baixo da outra provocando grandes terremotos. O Nordeste brasileiro está longe das bordas da placa. Os terremotos são de magnitude baixa e ocorrem provocando pequenos abalos, às vezes em grande quantidade. É bom que seja assim, pois é um sinal de que o esforço está sendo dissipado em doses homeopáticas, não permitindo o acumulo de grande quantidade de energia, capaz de provocar sismos de maior magnitude.
Até agora não há como prever de uma maneira efetiva a hora e o local exato dos abalos sísmicos. Com todo o avanço da tecnologia na construção de sensores sofisticados, no momento é impossível precisar, principalmente o dia e a hora do evento sísmico. Com relação aos locais dos sismos se sabe que em geral os eventos ocorrem sempre associados a falhamentos ou suturas. No Nordeste o monitoramento dos sismos é feito através de estações sismográficas controladas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que tem o único observatório sismológico da região. Eventualmente a Universidade de São Paulo (USP), através do Instituto Astronômico e Geofísico, e a Universidade de Brasília (UnB) realizam pesquisas sismológicas na região. No entanto os conhecimentos ainda são parcos uma vez que a pesquisa nessa área ainda é incipiente. Não se sabe ainda, por exemplo, se o esforço acumulado na placa está sendo completamente dissipado através desses pequenos abalos. Será que regionalmente a placa não está acumulando esforço para depois liberar toda essa energia de uma só vez, apesar dos pequenos abalos? A resposta a essa pergunta só acontecerá com intensa pesquisa e apoio dos órgãos públicos.
Paulo de Barros Correia é professor do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

EDITORIAL


EDITORIAL
Por Sérgio Roxo, no Globo on line:
A volta de personagens envolvidos em escândalos de corrupção aos holofotes da cena política é um atentado à ideia de República, para Roberto Romano, professor de ética e filosofia política da Unicamp. Ele atribuiu o fato ao anacronismo absolutista da sociedade brasileira, em que há diferenças de direitos entre o cidadão comum e os ocupantes de cargos públicos.
Nos últimos dias, réus em processos foram nomeados para comissões na Câmara . João Paulo Cunha (PT-SP), acusado no mensalão, foi eleito presidente da Comissão de Constituição e Justiça , uma das mais importantes da Casa. Paulo Maluf (PP-SP), procurado pela Interpol, Valdemar da Costa Neto (PR-SP), também réu no mensalão, e Eduardo Azeredo (PSDB-MG), réu no processo do mensalão mineiro, foram escolhidos para integrar a comissão da reforma política.Quem faz a lei não pode responder por uma acusação de desrespeitar a lei, afirma Romano.
Tais nomeações, diz, geram uma ameaça ao Estado democrático de direito: A situação mostra a fragilidade da nossa República.
É uma República quase de fachada. Para o cientista político Cláudio Couto, professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas, essas nomeações mostram que os partidos estão se lixando para a opinião pública: É uma conduta comum a todos os partidos, tanto de oposição como situação. Não sobra ao eleitor escolher alguém que não esteja envolvido nesse tipo de situação.� Couto acredita que episódios como os das nomeações já foram banalizados pela avalanche de escândalos: Fica até difícil dizer que é um escândalo, porque se tornou algo tão rotineiro essa desfaçatez da classe política com a população. Escândalos, por definição, não podem ser coisas rotineiras.

MARX NO MUSEU DA HISTÓRIA


EXEMPLAR JURÁSSICO REPRESENTANTE DA CEPA MARXISTA. EXTINTO EM QUASE TODO O GLOBO, PERSISTE DE FORMA NOTÁVEL EM RINCÕES PRÁ LÁ DE ATRASADOS, COMO NOS ANDES  BOLIVIANOS, NAS SELVAS COLOMBIANAS, E ENTRE UMA MINORIA DE INTELECTUAIS BRASILEIROS ESTAGNADOS

NA ESCUTA


sexta-feira, 4 de maio de 2012

ALGUNS RESULTADOS DAS PRIVATIZAÇÕES


ALGUNS RESULTADOS DAS PRIVATIZAÇÕES

Por Aluizio Gomes


A revista Veja, no. 31, de 06/08/97, publicou uma matéria, calcada em estudo do BNDES, sobre o resultado financeiro da empresas  privatizadas.Em todas as empresas melhorou incontestavelmente o desempenho, deixando indubitável que a administração estatal é um foco incontrolável de corrupção, ineficiência e desperdício.A utopia de Lula, afirmando que uma estatal pode ser bem administrada, nada mais é que isto mesmo...utopia.


A reportagem reproduz os  números abaixo.


1.Desempenho de 46 empresas privatizadas entre 1981 e 1994:
Faturamento: aumento de 27%
Vendas por funcionário: aumento de 83%
Número de funcionários:diminuiu 31%
Lucro: aumento de 500%
Patrimônio: triplicou
Endividamento: diminuiu 16%
Investimento: quadruplicou

2.Desempenho Individual
 
 

Empresa
Funcionários  antes
Funcionários depois
Produtividade antes
Produtividade depois
Lucro antes. 
US$ milhões

Lucro depois 
US$ milhões

Cia.Siderúrgica de Tubarão.1992 e 1996
6.100 
3.569 
US$ 84 mil/func.
US$ 194 mil/func
(146 )
126 
Light.1995 e 1996
10.990
6.877
250 consumidores por funcionário
453 consumidores por funcionário
(111 )
 173 
COSIPA.1993 e 1996
12.800
8.200
224t aço/funcion.
439t aço/funcion.
(579 )
(250 )
Vale do Rio Doce 
1996 e 1997

15.486
15.486
US$ 178 mil/func
US$ 182 mil/func
 111(1o  sem.)
 252(idem)*
ACESITA.1992 e 1996
7.374
4.216
80t aço/func.
129t aço/funcion.
(100 )
 19 
USIMINAS.1991 e 1996
12.480
8.990
US$ 165 mil/func
US$ 235 mil/func
 96
 260 
Rede Ferroviária Federal.1995 e 1996
45.000
16.000
83t transportadas por funcion.
185t transp/func.
(300 )
 184 
CSN. 1989 e 1996
23.700
12.532
163t aço/func
486t aço/func.
(415 )
 200***
 
Note-se o fantástico prejuízo que davam estes mamutes, antes da privatização:somando-se o resultado da coluna "Lucro Antes", chega-se ao valor de 1,333 bilhões de dólares** em prejuízo, onde só duas empresas davam lucro.Obs: números entre parênteses significam resultado negativo, ou seja, prejuízo.
A reportagem  mostra  casos escabrosos,onde os novos donos acharam, por exemplo, 85.000 rolos de papel higiênico (segundo Lula, era "papel estratégico")  mofando num depósito da Rede Ferroviária em Belo Horizonte, contratos de prestação de serviços superfaturados, etc, etc.
 

Uma vez, quando eu trabalhava no Ministério das Minas e Energia, reclamei de uma secretária que usava papel timbrado como rascunho.Ela respondeu:"Que é que tem? Não é seu, e nem é meu." Infelizmente, esta é a mentalidade de muita gente por aí.


* O Jornal do Brasil, em 04/03/99, informou o lucro da Vale: RS$ 1.029 milhões em 98, e RS$ 756 milhões em 97.
** Valor ajustado,porque o lucro da Vale foi ref. a um semestre
*** O Jornal do Commercio, em 10/03/99, revelou o lucro da CSN em 98: R$ 464,4 milhões, tendo  sido 3,1% maior  que o de 97. Assim,o lucro em 97 deve ter sido R$ 450,43 milhões.E ainda há quem defenda as estatais.


04/12/199

terça-feira, 1 de maio de 2012

A FACE OCULTA DO PT



A FACE OCULTA DO PT

Ildo Sauer denuncia como José Dirceu entregou o Pré-Sal para Eike Batista (Parte final - Os leilões dos campos da Petrobras)
Agradecendo ao comentarista Mario Assis, que nos enviou a matéria, publicamos hoje a segunda parte da importantíssima entrevista do professor Ildo Sauer, diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, concedida a Pedro Estevam da Rocha Pomar e Thaís Carrança, da revista da Associação dos Docentes da USP (Adusp).
Considerado um dos maiores especialistas em energia do país, ex-diretor da Petrobras no primeiro governo Lula, Sauer conta como foi descoberto o Pré-Sal e denuncia o lobby feito por José Dirceu para entregar a Eike Batista a maior parte das reservas do pré sal.
Revista Adusp: Você ainda estava na Petrobras, quando o Pré-Sal foi descoberto?
Ildo Sauer - Eu ajudei a tomar essa decisão. Nós tomamos essa decisão, não sabíamos quanto ia custar. O poço de Tupi custou US$ 264 milhões, para furar os 3 km de sal e descobrir que tinha petróleo. O Lula foi avisado em 2006 e a Dilma também, de que agora um novo modelo geológico havia sido descoberto, cuja dimensão era gigantesca, não se sabia quanto. Então, obviamente, do ponto de vista político, naquele momento a nossa posição, de muitos diretores da Petrobras, principalmente eu e Gabrielli, que tínhamos mais afinidade política com a proposta do PT de antigamente, a abandonada, achávamos que tinha que parar com todo e qualquer leilão, como aliás foi promessa de campanha do Lula.
Na transição, ainda a Dilma falou, “não vai ter mais leilão”. Mas se subjugaram às grandes pressões e mantiveram os leilões. Fernando Henrique fez quatro, Lula fez cinco. Lula entregou mais áreas e mais campos para a iniciativa privada do petróleo do que Fernando Henrique.
Um ex-ministro do governo Lula e dois do governo FHC foram assessorar Eike Batista. O que caberia a um governo que primasse por dignidade? Cancelar o leilão. Por que não foi feito? Porque tanto Lula, quanto Dilma, quanto os ex-ministros, estavam nessa empreitada”
Revista Adusp: Mas Gabrielli era contra e acabou concordando?
Ildo Sauer - Não. A Petrobras não manda nisso, a Petrobras é vítima, ela não era ouvida. Quem executa isso é a ANP [Agência Nacional do Petróleo], comandada pelo PCdoB, e a mão de ferro na ANP era da Casa Civil. Então a voz da política energética era a voz da Dilma, ela é que impôs essa privatização na energia elétrica e no petróleo. Depois do petróleo já confirmado em 2006, a ANP criou um edital pelo qual a Petrobras tinha limitado acesso. Podia ter no máximo 30% ou 40% dos blocos, necessários para criar concorrência. Porque, em 2006, Tupi já havia sido furado e comunicado. O segundo poço de Tupi, para ver a dimensão, foi feito mais adiante, esse ficou pronto em 2007. Só que o Lula e a Dilma foram avisados pelo Gabrielli em 2006.
Muitos movimentos sociais foram a Brasília, nós falávamos com os parlamentares, os sindicatos foram protestar. O Clube de Engenharia, que é a voz dos engenheiros, mandou uma carta ao Lula, em 2007, pedindo para nunca mais fazer leilão.
Em 2005-6, o [Rodolfo] Landim, o queridinho do Lula e da Dilma, saiu da Petrobras. Porque o consultor da OGX, do grupo X, do senhor [Eike] Batista, era o ex-ministro da Casa Civil (José Dirceu), e ele sugeriu então que Eike entrasse no petróleo. Aí ele contratou o Landim, que começou a arquitetar. Como o centro nevrálgico da estratégia da Petrobras é a gerência executiva de exploração, o geólogo Paulo Mendonça, nascido em Portugal, formado aqui na USP, e o Landim, articularam para em 2007 criar uma empresa nova, a partir dos técnicos da Petrobras. E o senhor Batista queimou alguns milhões de dólares para assinar os contratos e dar as luvas desses novos cargos, que estavam dentro da Petrobras mas, desde que o Landim foi trabalhar com o senhor Batista, ele já estava lá para arrancar de dentro da Petrobras esses técnicos.
Aí chegou o fim de 2007, todos nós pressionando para não ter mais leilão, o Lula tira 41 blocos… Mas vamos voltar a 2006. Em 2006, quem anulou o leilão foi a Justiça, por discriminação contra a Petrobras fazer essas coisas. Ouvi isso da Jô Moraes, num debate
Só que aí se criou o seguinte imbróglio: um ex-ministro do governo Lula e dois do governo Fernando Henrique, Pedro Malan e Rodolpho Tourinho, foram assessorar o Eike Batista. Ele já tinha gasto um monte para criar sua empresa de petróleo. Se o leilão fosse suspenso, ele ia ficar sem nada, e já tinha aliciado toda a equipe de exploração e produção da Petrobras.
O que caberia a um governo que primasse por um mínimo de dignidade para preservar o interesse público? Cancelar o leilão e processar esses caras que saíram da Petrobras com segredos estratégicos. Por que não foi feito? Porque tanto Lula, quanto Dilma, quanto os ex-ministros, os dois do governo anterior e um do governo Lula, estavam nessa empreitada.
Revista Adusp: Quem era o ex-ministro?
Ildo Sauer - O ex-chefe da Casa Civil, antecessor de Dilma.
Revista Adusp: José Dirceu?
Ildo Sauer - É, ele foi assessor do Eike Batista, consultor. Para ele, não era do governo, ele pegou contrato de consultoria, para dar assistência nas negociações com a Bolívia, com a Venezuela e aqui dentro. Ele [Dirceu] me disse que fez isso. Do ponto de vista legal, nenhuma recriminação contra ele, digamos assim. Eu tenho (recriminação)contra o governo que permitiu se fazer.
E hoje ele [Eike] anuncia ter 10 bilhões de barris já, que valem US$ 100 bilhões. Até então, esse senhor Batista era um milionário, tinha cerca de US$ 200 milhões. Todo mundo já sabia que o Pré-Sal existia, menos o público, porque o governo não anunciou publicamente. As empresas que operavam sabiam, tanto que a Ente Nazionale Idrocarburi D’Italia (ENI) pagou US$ 300 milhões por um dos primeiros poços leiloados em 2008. Três ou quatro leilões foram feitos quando o leilão foi suspenso pela justiça. Até hoje, volta e meia o [ministro] Lobão ameaça retomar o leilão de 2008, 2006. A oitava rodada. Para entregar. Tudo em torno do Pré-Sal estava entregue naquele leilão.No leilão seguinte, o governo insiste em leiloar. E leiloou. E na franja do Pré-Sal é que tem esse enorme poderio.
Como é que pode? A empresa dele (Eike) foi criada em julho de 2007. Em junho de 2008 ele fez um Initial Public Offering, arrecadou R$ 6,71 bilhões por 38% da empresa, portanto a empresa estava valendo R$ 17 bilhões, R$ 10 bilhões dele. Tudo que ele tinha de ativo: a equipe recrutada da Petrobras e os blocos generosamente leiloados por Lula e Dilma. Só isso. Eu denunciei isso já em 2008. Publicamente, em tudo quanto é lugar que eu fui, eu venho falando para que ficasse registrado antes que ele anunciasse as suas descobertas. Porque fui alertado pelos geólogos de que lá tinha muito petróleo.
Foi um acordo que chegaram a fazer, numa conversa entre Pedro Malan, Rodolpho Tourinho e a então ministra-chefe da Casa Civil (Dilma), em novembro, antes do leilão. O Lula chegou a concordar, segundo disse o pessoal do MST e os sindicalistas, em acabar com o leilão. Mas esse imbroglio, de o empresário ter gasto dezenas de milhões de dólares para recrutar equipe e apoio político nos dois governos fez com que eles mantivessem… Tiraram o filé-mignon, mas mantiveram o contra-filé. O contra-filé é alguém que hoje anuncia ser o oitavo homem mais rico do mundo.
E tudo foi mediante essa operação no seio do governo. Contra a recomendação dos técnicos da Petrobras, do Clube de Engenharia, do sindicalismo. Foi a maior entrega da história do Brasil. O ato mais entreguista da história brasileira, em termos econômicos. Pior, foi dos processos de acumulação primitiva mais extraordinários da história do capitalismo mundial. Alguém sai do nada e em três anos tem uma fortuna de bilhões de dólares.
A Petrobras durante a vida inteira conseguiu descobrir 20 bilhões de barris de petróleo, antes do Pré-Sal. Este senhor, está no site da OGX, já tem 10 bilhões de barris consolidados. Os Estados Unidos inteiros têm 29,4 bilhões de barris. Ele anuncia que estará produzindo, em breve, 1,4 milhão de barris por dia — o mesmo que a Líbia produz hoje.
É esse o quadro. Ou a população brasileira se dá conta do que está em jogo, ou o processo vai ser o mesmo de sempre. Do jeito que foi-se a prata, foi-se o ouro, foram-se as terras, irão também os potenciais hidráulicos e o petróleo, para essas negociatas entre a elite. O modelo aprovado não é adequado. Mantém-se uma aura de risco sem necessidade, para justificar que o cara está “correndo risco”, mas um risco que ele já sabe que não existe.
Qual é a nossa proposta? Primeiro, vamos mapear as reservas: saber se temos 100 bilhões, 200 bilhões, 300 bilhões de barris. Segundo, vamos criar o sistema de prestação de serviço: a Petrobras passa a operar, recebe por cada barril de petróleo produzido US$ 15 ou US$ 20, e o governo determina o ritmo de produção. Porque há um problema: a Arábia Saudita produz em torno de 10 milhões de barris, a Rússia uns 8 milhões de barris, depois vêm os outros, com2 a4 milhões de barris por dia: Venezuela, Iraque, Irã. O Eike Batista anuncia a produção de 1,4 milhão de barris, a Petrobras anuncia 5 milhões de barris e pouco. Significa que o Brasil vai exportar uns 3 ou 4 milhões de barris. Já é o terceiro ator. Não se pode fazer mais isso.


01/05/2012