quarta-feira, 9 de maio de 2012

EDITORIAL


EDITORIAL
Por Sérgio Roxo, no Globo on line:
A volta de personagens envolvidos em escândalos de corrupção aos holofotes da cena política é um atentado à ideia de República, para Roberto Romano, professor de ética e filosofia política da Unicamp. Ele atribuiu o fato ao anacronismo absolutista da sociedade brasileira, em que há diferenças de direitos entre o cidadão comum e os ocupantes de cargos públicos.
Nos últimos dias, réus em processos foram nomeados para comissões na Câmara . João Paulo Cunha (PT-SP), acusado no mensalão, foi eleito presidente da Comissão de Constituição e Justiça , uma das mais importantes da Casa. Paulo Maluf (PP-SP), procurado pela Interpol, Valdemar da Costa Neto (PR-SP), também réu no mensalão, e Eduardo Azeredo (PSDB-MG), réu no processo do mensalão mineiro, foram escolhidos para integrar a comissão da reforma política.Quem faz a lei não pode responder por uma acusação de desrespeitar a lei, afirma Romano.
Tais nomeações, diz, geram uma ameaça ao Estado democrático de direito: A situação mostra a fragilidade da nossa República.
É uma República quase de fachada. Para o cientista político Cláudio Couto, professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas, essas nomeações mostram que os partidos estão se lixando para a opinião pública: É uma conduta comum a todos os partidos, tanto de oposição como situação. Não sobra ao eleitor escolher alguém que não esteja envolvido nesse tipo de situação.� Couto acredita que episódios como os das nomeações já foram banalizados pela avalanche de escândalos: Fica até difícil dizer que é um escândalo, porque se tornou algo tão rotineiro essa desfaçatez da classe política com a população. Escândalos, por definição, não podem ser coisas rotineiras.

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