segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

EROS, FILOS E ÁGAPE


EROS, FILOS E ÁGAPE

“Os gregos estão falidos, mais uma vez, porém seu legado é imortal”
(Aluizio Gomes)


Por Karoly Vieira Jardim Ramos

Podemos observar ao longo da história da humanidade, em busca de todas as formas de arte, a busca sempre constante por expressar, definir, exaltar e até mesmo compreender a este sentimento ou algo misterioso que se chama “Amor”.
Os gregos utilizavam mais de uma terminologia para designar o amor, sendo três muito importantes: Eros, Filos e Ágape.

EROS
Eros é o termo que se traduz em amor erótico ou sexual, e é ao mesmo tempo um deus no panteão grego. Esta divindade do amor foi mencionada na Teogonia de Hesíodo,e este lhe atribuiu o papel unificador e coordenador dos elementos da criação, sendo portanto definitivo no processo de passagem do Caos para o Cosmos. Eros, ou Cupido, une em matrimônio o homem e a mulher, para que estes dois possam completar-se um no outro, e consubstancializar o amor através da união sexual. Este sentimento de amor erótico, no sentido mais transcendental da palavra, só pode ser encontrado no leito nupcial dos esposos, por isso Eros une os casais......

FILOS
Temos ainda Filos, também quer dizer amor, porém em outra conotação, no conceito mais de amizade, afinidade. Daí vem a palavra “filosofia”, “amor à sabedoria”.Esta forma de amor deve estar presente também entre esposos, porque permite uma relação de confiança, respeito e companheirismo. Eros é o sentimento que nos leva a despir o corpo para o ser amado, enquanto Filos nos leva a despir a alma, para que haja uma verdadeira comunhão. Este amor de amigos, no  coração puro, se estende a todos os seres da  criação.
ÁGAPE
Já Ágape é a expressão mais exaltada e sublime do amor.Foi sempre utilizado nos textos cristãos como significação do amor de Deus, o amor desinteressado, indistinto e incondicional. Esta forma de amor faz com que o ser humano vá muito além de sua natureza inferior e busque divinizar-se. Faz-nos ver além dos defeitos alheios , conectando-nos assim com a virtude de cada um. E ainda nos move a querer abandonar os nossos próprios defeitos e imperfeições.
Como descreve em I Corintos 13:
“O amor é sofredor, é benigno;o amor não é invejoso;o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.Não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor sempre foi a maior busca da consciência humana , ainda que muitos nem o suspeitem.Todos dizem que buscam a felicidade, mas felicidade é apenas outra palavra dizer amor. Alguns querem veementemente a sabedoria. Hermes Trimegisto dizia: “Te dou amor, dentro do qual está contido todo o summum da sabedoria” .Quando uma pessoa é religiosa , ela busca encontrar a Deus: nas Sagrada Escrituras Bíblicas está escrito que “Deus é amor”.
 No fundo íntimo, cada ser humano sofre em menor ou maior nível, porque dentro de si há muitos espaços vazios de amor, espaços onde o que reina é exatamente a antítese desta força.

A FORÇA DO AMOR
O amor não é simplesmente um sentimento ou uma virtude humana, ele é a força misteriosa que organiza a todo o universo, e o que faz tudo existir, e é até mesmo o que dá verdadeiro sentido a tudo.É, nas palavras de um sábio, “a força modeladora do Universo”.
Esta força, divina em sua plenitude, se expressa no homem através das diferentes virtudes, como caridade, humildade, pureza, honestidade, sinceridade, altruísmo, etc. O gnosticismo nos ensina que tais virtudes se encontram corrompidas, ou engarrafadas, dentro do que, em termos gnósticos chamamos de “egos”, que são os opostos de tais virtudes, de modo que, praticamente, essas virtudes não se manifestam em nosso íntimo em toda sua plenitude. Necessitamos resgatá-las através de um árduo e heróico trabalho que a Gnosis, como conhecimento dos mistérios da natureza humana nos propõe. Tais defeitos tornam a nossa natureza psicológica  egoísta, e portanto incapaz de amar.
Esta força maravilhosa, em qualquer das formas de expressão mencionadas pelos antigos gregos, seja Eros, Filos, ou Ágape, não pode ser abarcada em sua forma mais absoluta pelo ser humano em sua atual conjuntura psicológica, apenas podemos sentir lampejos disso que se chama amor.É necessária uma verdadeira regeneração e revalorização de nossa natureza  para que possamos  realmente encarnar o sentido de amar profundamente. Uma pequena chispa desprendida desta pequena fogueira, quando capturada  por nós já nos faz sentir uma plenitude indescritível.
Quando alguém sente algo do verdadeiro amor, nada lhe falta, nada lhe sobra. O amor nos torna capazes de todos o sacrifícios  e martírios, de todos os heroísmos e atos de nobreza.Ele converte o feio em belo, o velho em jovem, o triste em alegre.
O amor, com sua ciência e infinita magia, transforma todas as coisas dando-lhes sua verdadeira originalidade, que é o divino.Ele brota através  dos destroços mortais para nos dar  o sentir da eternidade. Surge como a estrela da esperança na noite escura da humanidade para iluminar o nosso mundo melancólico. O amor transforma o deserto da vida humana em um campo verdejante, cheio de abundancia, fertilidade e inspiração.
Os mestres da humanidade nos exortam ao amor.É melhor amar, nos dizem eles,que acumular na cabeça muitas teorias que não nos conduzirão a lugar nenhum.O amor é o caminho para o Monte Olimpo, onde se consegue a imortalidade.
Dizia Hermes Trimegisto: “Os homens são Deuses mortais,e os Deuses, homens imortais”.
Publicado na Revista Gnosis, ed. 07 1º sem. 2012

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