segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

DESMISTIFICANDO


DESMISTIFICANDO

Por Aluizio Gomes

Em 1999 lancei o MOVAP, Movimento de Apoio às Privatizações, numa época quando sindicatos e jornalistas andavam de mãos dadas para combater as privatizações. O primeiro artigo foi “O Que  é Bom para os Estados Unidos Deve Ser Péssimo Para o Brasil”, onde eu, bàsicamente, procurava demonstrar que a Nova Economia não provocava desemprego, apenas acabava com o Velho Emprego e o substituía pelo Novo Emprego.
Por criticar jornalistas e sindicalistas devido a uma visão míope deles, arrumei a inimizade de toda redação do Jornal do Commercio, onde seu diretor jamais me perdoou por minha franqueza,  e numa vingança mesquinha e pequena, do tamanho de seu corpo de anão, me excluiu como colaborador, jamais publicando meus artigos sobre economia.
Tem nada não. Isto acontece com qualquer visionário, não sou o primeiro, e nem serei o último.
Hoje, saboreei um artigo do Washington Post, onde tudo que previ está acontecendo, não só nos EUA, mas em todo canto, até mesmo aqui em Pernambuco.
Afinal, o que está acontecendo? Como eu previa, a automação dispensou muitos operários, e os burretes na época, previam desemprego em massa, alegando que as máquinas iam fazer tudo sozinhas. Que erro gigantesco, o resultado não foi nada disso, foi exatamente o que eu previ, as fábricas iriam precisar de trabalhadores capacitados para trabalhar nas novas máquinas. Porque? Porque uma máquina não trabalha  sozinha, por mais sofisticada que seja. E quem vai desenhar, construir, manter essa máquina? Pessoal habilitado, com especialização em computação, nas diversas áreas.
Por ignorância e má fé, os políticos do PT fizeram enorme campanha contra as privatizações, interessados no status quo, onde empresas não competitivas poderiam manter a escumalha preguiçosa do PT, pouco ligando para as conseqüências futuras.Apesar disso, quando FHC tomou posse, privatizou muitas empresas, hoje bastante competitivas.
Já nos Estados Unidos, onde não há estatais industriais, o problema foi outro, devido mais à globalização e ao Welfare State. Os industriais internacionais, de forma até gananciosa e antipatriótica, levaram suas fábricas para a China, atraídos pelos baixos salários e pela total ausência de organização sindical, produzindo assim artigos baratos e competitivos. Por seu lado, a China investiu m educação, e com sua gigantesca população, pode absorver as indústrias de fora. A defasagem de mão de obra nos EUA foi enorme, os antigos operários foram demitidos, os jovens não se interessaram mais por emprego industrial, o governo acomodou-se, não percebeu o problema, enquanto os industriais ganhavam bilhões de dólares na China.
Aos poucos, as fábricas locais passaram a se modernizar, e deram de cara com a escassez de mão de obra especializada. Os velhos, não mais serviam, estavam se aposentando e eram incapazes de trabalhar num ambiente estranho a eles. Podemos chamá-los de dinossauros? Sim, podemos.
De acordo com o Washington Post, há 12,8 milhões de desempregados nos EUA, o que dá um índice de 9%. Na era Clinton, para se ter uma idéia, a taxa não passava de 4%, e esse contingente era de gente que não precisava trabalhar, por diversas razões. Hoje, com tantos desempregados, há 600.000 vagas não preenchidas, segundo o Manufacturing Institute.
Na Boeing, 28% dos operários já passaram dos 55 anos, e a empresa precisa renovar sua força de trabalho.Por outro lado, as escolas estão preparando os alunos para a universidade, negligenciando o curso profissionalizante, nível médio.
E os políticos? Espalhando a idéia que não há empregos nas fábricas, afastam os jovens, que procuram a universidade por isso, As vagas existem, há escassês de mão de obra, o que é uma terrível contradição, para um desemprego tão alto. A direita apregoa  o alto desemprego para conseguir redução de impostos para os  ricos, enquanto a esquerda se aproveita disso para pedir mais investimento do governo em obras de infraestrutura, onde operários não qualificados poderiam achar vagas para trabalhar.
Hoje, as máquinas recebem a sigla CNC (Computer Numerically Controlled), elas operam obedecendo um software, que um homem, de carne e osso programa, de acordo com a necessidade da produção. Então, onde está o desemprego? O que falta é um trabalhador habilitado, que consiga programar.

Recife, 20/02/2012

Um comentário:

  1. Paradoxo: O operário, nos EUA, está ganhando mais do que o pessoal do escritório,porque está na faixa dos 18 a 28 dólares/hora,contra 14 a 24 dólares/hora do pessoal de escritório.

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