terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

NO RASTRO DA AIDS: DA SELVA AFRICANA ATÉ A SELVA NOVAIORQUINA


NO RASTRO  DA  AIDS:  DA SELVA  AFRICANA  ATÉ  A  SELVA NOVAIORQUINA

Por Aluizio Gomes

É um lugar comum a sentença:”A Natureza não se defende, ela se vinga”.Nesta história de arrepiar os cabelos, isto nunca foi tão pertinente.
Desde a origem da AIDS se sabe que o vírus  HIV, que habita os gorilas e chimpanzés africanos, de alguma forma, e em determinado momento, passou para o humano. Após exaustivas pesquisas, baseadas na engenharia genética, cientistas conseguiram o rastro da epidemia e chegaram mesmo até o seu ponto de origem: Kinshasa, a capital do Congo. Esta cidade é agora chamada de “Ground Zero”, o big bang da epidemia.
O SÉCULO XIX
Em fins do século XVIII e na primeira metade do século XIX , as potências coloniais européias perderam a boquinha na América: Brasil, Peru, Venezuela, Estados Unidos, etc.
Assim, na segunda metade do século XIX, a cobiça européia voltou-se para a África, a fim de explorar suas riquezas, a preço de banana.
Uma grande riqueza era o marfim, e na sua busca desenfreada, os elefantes foram quase extintos, assim como aconteceu com o búfalo (bisão) americano, logo passando para a borracha, com a demanda impulsionada pela nascente indústria automobilística
NO RASTRO DO HIV
Primeiramente, os cientistas começaram a investigação na República dos Camarões, e numa sintonia fina, instalaram 10 estações de pesquisa na região. Duas delas estavam em áreas muito remotas, no extremo sudeste, muito longe dos centros populacionais.
E foi nestas duas estações que os cientistas localizaram o vírus HIV-1, do grupo M, responsável pela morte de milhões de humanos.
UNINDO OS PONTOS
Dois pontos do rastro foram preservados em laboratório. O primeiro, de 1960 está num nódulo canceroso, guardado numa caixa de cera, coletado numa autópsia. E o segundo, numa amostra de sangue coletada em 1959, em Kinshasa.
Baseado nestas duas amostras, o biologista evolucionário Michael Worobey determinou que o vírus HIV, na sua forma letal, é muito mais antigo do que se pensava, anteriormente. Ambas as amostras eram descendentes de um ancestral comum, algo em torno de 1884 a 1924, mais provavelmente em 1908.
A VIA FLUVIAL
Na região em foco corre o rio Sangha, correndo para a África Central; nesta parte, ele não é navegável, por conter muitos bancos de areia e densa vegetação.Por isso, sempre foi uma região muito pouco habitada. Porém, mais um pouco ao sul, corre o rio Congo, a super-estrada da África Central.
Uma vez que o vírus passou do macaco para o humano, uma pessoa pode ter viajado pelo rio Sangha, daí para o rio Congo, até atingir Kinshasa. Na era colonial, esta cidade se chamava Leopoldville, fundada pelos belgas em 1881.Daí, prossegue o rastro até o lago Vitória, depois Zambia, Botswana, até a África do Sul.Uma pessoa infectada viajou para o Haiti, daí irradiando a AIDS para os maiores centros urbanos, Estados Unidos e Europa.
CONCLUSÃO
Com a invasão européia no centro da África, em busca de riquezas naturais, e destruição do meio ambiente, a conseqüência foi um mal que tem causado esta mácula em nossa civilização.
Recife, 28/02/2012.
Livro base: “Tinderbox”, de Craig Timberg e Daniel  Halperin.


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