terça-feira, 17 de abril de 2012

DEMÓSTENES OU A MORTE DE NARCISO


DEMÓSTENES OU A MORTE DE NARCISO


RÁPIDA INTRODUÇÃO, POR ALUIZIO GOMES.

Neste belo trabalho, uma tragédia grega recorrente agora na trágica política brasileira.

POR RAUL JUNGMANN

O senador Demóstenes Torres eram dois, sabemos agora.

Um, o Feio, servidor fiel e sócio de Carlinhos Cachoeira. Outro, o Belo, paladino da moral e da ética, grão duque da República.

Enquanto Demóstenes, o Feio, vivia na clandestinidade, o Belo assombrava com seu destemor de quixote, a perseguir corruptos e posar de herói da moralidade pública.

Sua perdição foi o Feio, o real Demóstenes, se apaixonar pela sua persona, o Belo, e acreditar na sua imagem de paladino do bem, que o tornava invulnerável.

Como Narciso, ignorou a profecia de Tirésias, de que só teria vida longa se jamais contemplasse a sua face refletida no espelho.

Embevecido, o Feio se acreditou o Belo refletido na mídia e na tribuna, até provocar a sua destruição. Pois, se o segundo era invulnerável e irreal, o primeiro, o Feio e criminoso, não.

Narciso morre porque se apaixona pela imagem de si mesmo refletida na água e se afoga. Ou, mais precisamente, porque confunde os limites de si próprio e do mundo.
17/04/22012

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