quinta-feira, 7 de junho de 2012

A OBSOLESCÊNCIA DO MARXISMO




                                                                        A OBSOLESCÊNCIA DO MARXISMO
Por Aluizio Gomes

Façamos uma retrospectiva da História Européia. O Império Romano foi a primeira organização política que unificou o continente europeu, porque impérios mais antigos situavam-se na Ásia, ou na África:persas, caldeus, egípcios, babilônios, etc.Os gregos alcançaram extraordinário desenvolvimento cultural, porém nunca se uniram, de modo que nunca constituíram um império;apenas Alexandre Magno, que era macedônio, uniu os gregos, porém direcionou seus exércitos para o Oriente,helenizando a Ásia.Fragmentos do Império Helênico foram depois absorvidos pelos romanos.
Baseado na escravidão, no trabalho braçal, os romanos eram avessos à mecanização, à industrialização, herança dos gregos, mesmo porque não havia competidores para sua produção, eles eram únicos. No século V de nossa era, o império romano foi retalhado pelos bárbaros, ficando os francos, anglos, saxões, normandos, visigodos e lombardos com fatias geográficas,  germes de futuras nações: França, Inglaterra,Espanha,Itália.A Alemanha foi resultado da divisão do império de Carlos Magno.No século VII apareceu o império árabe, que tirou a Ásia do Império Bizantino, começando as cruzadas, e isolando a Europa do Extremo Oriente.Com a queda de Constantinopla, a Europa foi abalada em todos seus alicerces, ficando à beira da extinção, forçando as grandes navegações portuguesas, a fim de achar um novo caminho para as Índias.
Porém, a queda de Constantinopla trouxe para a Europa os sábios gregos, os quais com seu cabedal, deflagraram o que se convencionou chamar de Renascimento, termo bem apropriado, porque indica que toda aquela energia e conhecimento dos gregos e romanos estava se renovando, renascendo,como a flora renasce na primavera, após o inverno.Durante este vasto período, o Cristianismo cresceu de modo extraordinário, passando de uma religião de periferia, para o centro do poder, em Roma.Porém neste percurso, o Cristianismo sofreu enormes dissensões internas, resultado de diferenças de interpretação do texto dos livros sagrados.
E mais, afastando-se da ascese dos primeiros cristãos, seus seguidores medievais entregaram-se ao luxo e às questões seculares, culminando na Reforma de Lutero.Além da clausura política, forçada pelos árabes e turcos, o europeu sofria uma clausura intelectual, interna, forçada pelos dogmas cristãos,cuja expressão maior era a Inquisição.Pois bem, estas amarras foram finalmente rompidas pelo Renascimento, Reforma e os descobrimentos de novos continentes.Veio Isaac Newton, Galileu, etc, que varreram todos os obsoletos conceitos medievais, congelados, engessados pela citadas clausuras.Na parte da religião, a Reforma muito contribuiu para a Ciência se libertar da Religião.O lucro deixou de ser pecado, para ser uma aspiração legítima.O eixo do desenvolvimento saiu assim da península ibérica para os países mais ao norte:Inglaterra, Holanda, Alemanha, França.A intolerância dos ibéricos provocou a expulsão dos judeus, não só na Espanha, mas também no Brasil.Judeus expulsos do Recife, fundaram Nova Iorque.
O último bastião do atraso foi a monarquia, esta foi difícil de extirpar, tanto que até hoje persiste, embora bastante enfraquecida.O primeiro golpe foi assestado na Inglaterra, a revolução de Cromwell, no século XVII, a qual destituiu e executou o rei Carlos I.No século seguinte veio a revolução maior, na França, a qual tornou a monarquia um poder menor: nascia, ou renascia, a república.Então, Renascimento,Reforma,e República modernizaram a Europa, resultando na Revolução Industrial e Capitalismo.Por todo este vasto período de tempo, feudalismo e monarquia eram como irmãos siameses,faziam parte de um mesmo sistema.O capitalismo é de origem burguesa, portanto antagônico ao feudalismo.Por isso, os burgueses capitalistas se opunham a qualquer sistema que impedisse o trânsito de suas mercadorias: escravidão,feudalismo, monarquia. Se feudalismo e monarquia são irmãos siameses, o mesmo podemos dizer do capitalismo e democracia.
Como as máquinas aumentaram dramaticamente a produção, houve, portanto um inequívoco aumento do poder e da riqueza dos capitalistas, os quais lançaram mão de todos os meios para se apossarem das riquezas naturais das colônias:era preciso de tudo, ferro, carvão, borracha, madeira, petróleo, algodão, e alimentos, para abastecer as fábricas e alimentar a população crescente.Nasceu assim o imperialismo.Sem nenhum parâmetro anterior que pudesse reger as relações trabalhistas, o capitalismo não soube encaixar o operário num regime mais justo,pois os parâmetros anteriores eram a servidão (feudalismo), e escravidão, descambando na exploração cruel do operário.Era o capitalismo selvagem.Os filósofos europeus, após a queda das monarquias absolutas, debruçaram-se sobre o capitalismo, demonizando-o, e propondo uma segunda revolução, desta vez para eliminar o capitalismo, e implantar o socialismo.Desta leva de filósofos, sem dúvida o mais famoso foi Karl Marx.Desta inquietude, no século XIX,  resultou a queda da monarquia da Rússia, em 1917.Enormes forças sociais foram liberadas por esta revolução, tornando a Rússia numa potência e num império, que foi chamado União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.A morte prematura de Lênin, entretanto, foi uma desgraça para o futuro deste império.Stalin, uma figura menor e sinistra, implantou uma ditadura implacável, e procurou exportar sua revolução para outros países,através do Comintern.
SÉCULO XX
O século XX foi completamente dominado pela presença da União Soviética, um gigante exportador de revoluções.A primeira vítima foi a Itália, e logo em seguida a Alemanha, onde se desenvolveram ideologias extremadas anticomunistas, a fim de conter a maré revolucionária, as quais derrubaram os governos democráticos locais.Sendo o marxismo ateu, de saída já colocou a Igreja contra si.Em seguida, caiu a Espanha para a direita, sob domínio de Franco.As democracias restantes, França e Inglaterra, principalmente, ficaram na defensiva, permitindo o enorme crescimento da Alemanha, que surpreendeu o mundo em 1939, com a blitzkrieg.Sendo impossível a convivência de tão díspares ideologias, a coisa só se resolveu com a Segunda Guerra Mundial.Porém, em seqüência, foi também impossível a convivência entre democracia-capitalismo com ditadura-marxismo, resultando na Guerra Fria.Não houve a Terceira Guerra Mundial por causa da impossibilidade de combate com vencedor, já que os dois lados possuíam a bomba atômica. Então, o império soviético só foi destruído de dentro para fora, implodiu em 1989, vítima da obsolescência do marxismo.
Vejamos agora as razões da obsolescência do marxismo. Primeiro, os filósofos jamais foram empresários, jamais foram administradores de empresas. Portanto, sua ideologia é totalmente teórica, laboratorial. Do laboratório à experimentação, vai uma longa distância. No dia-a-dia das fábricas, nas relações de troca, é que são testadas as teorias de laboratório, saindo daí ajustes imprescindíveis. Cair no dogmatismo imutável é um erro, uma armadilha na qual caíram os marxistas. Já o capitalismo, convivendo com sua irmã siamesa, a democracia, mudou e muda constantemente: sindicatos, legislação trabalhista, previdência social, direito de greve, dissídios coletivos, fizeram como que uma cirurgia plástica na face do capitalismo, o qual deixou de ser selvagem, humanizando-se.Portanto, os operários dos regimes capitalistas conquistaram muito mais benefícios que seus semelhantes comunistas.
Outro erro maior, e este fatal, foi a estatização dos meios de produção. Capitalismo e democracia exigem empresas privadas, afim de que concorram entre si, evitando inflação e produtos obsoletos. Na extinta União Soviética, não havia como melhorar a qualidade dos produtos, porque não havia parâmetro comparativo, este produto é melhor e mais barato do aquele. É preciso salientar que, para melhorar e baratear um produto, é necessário um forte investimento em pesquisa nas indústrias. Isto é a mola do desenvolvimento. Sem concorrência, não há progresso. Visto isso, os líderes soviéticos acharam por bem abandonar o marxismo e se dedicarem ao capitalismo, arrastando depois, atrás de si, as repúblicas satélites. A China fez um caminho diferente, abriu economicamente, para sobreviver, porém continuou fechada politicamente, resultando num regime híbrido, meio comunista e meio capitalista.
Assim, cessado o comunismo no Hemisfério Norte,  ele veio se instalar no museu ideológico situado no Hemisfério Sul, a incorrigível América Latina, terra dos dinossauros políticos, como Hugo Chávez, Evo Morales, Frei Betto, y otros muchachos.

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