terça-feira, 27 de março de 2012

CHINA (1949-1989)- 40 ANOS DE MUDANÇAS



CHINA (1949-1989)- 40 ANOS DE MUDANÇAS
Por Aluizio Gomes

1. Introdução
Talvez a China possa ser considerada a nação que mais sofreu transformações nas últimas décadas: saiu de um regime feudal, colonial, passou por profundas transformações socialistas, e foi dos poucos países que fizeram mudanças dentro da rígida ortodoxia marxista, desaguando no atual sistema híbrido, o qual mistura capitalismo selvagem, com neoliberalismo, e autoritarismo político.Sabiamente, não caiu na anarquia em que ficou a Rússia, nem tampouco ficou à margem do progresso, como Cuba e Coréia do Norte.


2.O Período Maoísta
A história da  China após 1949 é a história da  República Popular, proclamada por Mao Tsé Tung em 1 de Outubro de 1949, em Beijing.  Esta história foi marcada por longos períodos de cuidadosas e práticas ações desenvolvimentistas intercaladas com pequenos períodos de intensa movimentação ideológica .  Os primeiros anos foram caracterizados por genuína reorganização social e econômica calcada no modelo russo, com apoio soviético.Uma reforma agrária de âmbito nacional extinguiu a classe latifundiária e a terra foi dividida entre os camponeses.As mulheres obtiveram direitos iguais aos dos homens, e foram combatidas a corrupção e a burocracia.Também foram feitos esforços para melhorar as condições de saúde e alfabetização.A mobilização das massas neste empreendimentos pode ter sido facilitado pelo patriotismo gerado pelo envolvimento da China na guerra da Coréia(1950-53).
Durante o primeiro Plano Qüinqüenal (1953-57), a agricultura foi coletivizada e a produção industrial  expandida.Porém,o fracasso na produção agrícola,desaguou no frenético Grande Salto para a Frente, nos anos 1958-60 . Este programa procurou fazer uso do excedente de mão-de-obra rural para rapidamente expandir as produtividades agrícola e da pequena indústria, porém isto provocou forte deslocamento de populações.Ao mesmo tempo, desacordo acerca dos métodos corretos de atingir o socialismo nos seus respectivos países e entre as nações do Terceiro Mundo, levaram ao grande cisma Sino-Soviético.
Em meados dos anos 60, crescentes tensões entre  líderes do partido comunista , e a percepção por parte de Mao que a revolução estava perdendo seu ímpeto, levou-o a lançar a Revolução Cultural nos anos 1966-69, a qual foi concebida para eliminar uma crescente elite conservadora incrustada nas forças armadas, no partido e no governo, substituindo-a por elementos mais revolucionários. Burocratas e administradores em todos os níveis do governo e indústria foram enviados para fazerem trabalho braçal, e milhões de estudantes foram para as fazendas, levando a um novo espírito de igualitarismo.Quando a estabilidade foi restaurada depois desta segunda revolução, a China pôde se beneficiar de um série de progressos nas relações externas, incluindo sua admissão nas Nações Unidas e a expulsão, em 1971, da China Nacionalista (Taiwan) daquele órgão.



3. O Revisionismo
As mortes do primeiro ministro, Chou En Lai, e do próprio Mao em 1976, fizeram deste ano uma época de grandes mudanças na República Popular. Logo depois, o grupo  radical conhecido como a Gang dos Quatro foi apeada do poder, e o líder mais moderado  Deng Xiaoping surgiu firmemente no topo.  A nova liderança procurou estreitar os laços com os Estados Unidos, dentro da nova política pragmática de resultados, expressa na famosa frase: "Não importa a cor do gato, desde que ele coma ratos". Foi um dos primeiros tiros mortais na fortaleza socialista, o reconhecimento implícito da sua inviabilidade prática: a China foi um perfeito laboratório, tentou de tudo nas receitas marxistas: coletivizou, estatizou, centralizou, fez lavagem cerebral, e nada funcionou; os chineses,com sua cultura, sábia há milênios, souberam rapidamente fazer as mudanças necessárias sem se prenderem demasiadamente a uma ortodoxia ideológica, resultando num sistema bastante autoritário, politicamente, mas liberal, economicamente.Desta  forma, Estados Unidos e China restabeleceram  relações diplomáticas em Janeiro de 1979. Os líderes chineses oficialmente condenaram, em 1981 os excessos da Revolução Cultural ;  em 1985 quase um terço das lideranças políticas e militares foram substituídas por pessoas mais jovens, com maior habilitação técnica.
China e Grã Bretanha anunciaram um acordo sobre Hong Kong em 1984, e conversações com Portugal acerca de Macau foram estabelecidas em 1984. As tensões com a União Soviética foram abrandadas nos anos 80, ainda que a China insistisse nos três fatores que impediam um melhoramentos das relações diplomáticas: a ocupação do Afeganistão, o apoio soviético às forças vietnamitas no Cambodja, e a presença de forças militares soviéticas na Mongólia e ao longo da fronteira entre as duas potências.
As relações com os soviéticos melhoraram no fim dos anos 80, após a retirada do Afeganistão e posteriores esforços de Gorbatchev para reduzir as áreas de atrito. A ajuda americana a Taiwan permaneceu como fator de irritação entre os dois países.
Em meados dos anos 80, e depois, ocorreu uma certa liberalização política e econômica, sob a influência de Deng Xiaoping. Foram iniciadas reformas econômicas para aumentar incentivos à indústria, promover as relações com nações não-comunistas, e reduzir a rígida centralização econômica.Os intelectuais foram incentivados a se manifestarem e a participarem do novo espírito de "democratização".Ao mesmo tempo, os líderes do partido comunista advertiram, em 1986, que a modernização não deveria se usada como desculpa para introduzir "filosofias burguesas e doutrinas sociais".
Em fins de 1986, grupos estudantis  começaram a fazer demonstrações pacíficas, exigindo maior participação estudantil no administração local, maior grau de democracia, e melhores condições de vida.
Em fins de Dezembro daquele ano,ocorreram grandes demonstrações estudantis em Shangai, Beijing, e outras cidades. A 16 de Janeiro de 1987, Hu Yaobang, secretário geral do Partido Comunista, renunciou ao cargo, reconhecendo haver cometido grandes erros e tomando a si a responsabilidade pelos mesmos.
A renúncia de Hu foi considerada como uma vitória das forças de liberalização. Quando Hu faleceu,em 1989, aconteceram grandes manifestações públicas reivindicando  mudanças sociais; no mês de Maio, dezenas de milhares de jovens e outros componentes sociais desafiaram uma ordem proibindo passeatas, fazendo mais uma demonstração no centro da capital.

Após longo período de aparente indecisão por parte da liderança partidária, tropas foram enviadas para a praça nos dias 3 e 4 de Junho, e centenas de manifestantes foram mortos, feridos ou presos.
Em seguida a estes fatos, Deng Xiaoping saiu fortalecido, enquanto Zhao Ziyang, desacreditado em seus esforços para alcançar uma acomodação com os manifestantes pró-democracia, foi demitido de todos os seus cargos.



Obs: Artigo escrito em 1996.Fonte de consulta: Enciclopédia Grolier(CD)

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