sábado, 31 de março de 2012

AS COISAS DE RUSSO DE ITAMAR


TRANSCRIÇÃO DO EDITORIAL DO JORNAL "O ESTADO DE SÃO PAULO", PUBLICADO NO DIA 12.10.99.
MANDADO PUBLICAR NO  "JORNAL DO COMMERCIO", DE 21.10.99, PELO PFL.

AS COISAS DE RUSSO DE ITAMAR

"Certas posições de Itamar coincidem com as nossas", afirmou o ex-governador Miguel Arraes, ao anunciar que convidara o governador de Minas Gerai a se filiar ao PSB.O que ambos têm em comum é a capacidade comprovada de demolir as finanças públicas. O Sr. Arraes fez isto com denodo, durante quatro anos, até levar Pernambuco à beira da falência. O Sr. Itamar Franco pegou um Estado em situação financeira difícil e, em menos de um ano não apenas agravou as condições de Minas, como quase levou o País ao desastre com a declaração da moratória que detonou a crise cambial de janeiro.
 Por isso, quando ambos se põem de acordo para uma "mobilização nacional pela construção de uma alternativa concreta e viável, política e eleitoralmente, ao atual modelo político e econômico", pode-se esperar de tudo, menos bom senso e sabedoria.Virá por aí - até porque esses dois personagens não sabem dizer outra coisa- um chorrilho de discursos e manifestos, misturando o socialismo falido do Sr. Arraes com o nacionalismo arcaico do Sr. Itamar.
A capacidade do Sr. Miguel Arraes de causar danos ao País diminuiu bastante, desde o momento em que deixou o governo de Pernambuco e se transformou num político derrotado e sem mandato.Mas o Sr. Itamar governa o terceiro maior Estado do Brasil, ainda que seja governado por algumas idéias fixas.
Agora mesmo, a Polícia Militar mineira está fazendo manobras junto ao lago de Furnas, como se fosse força militar e não policial, simplesmente porque o Sr. Itamar Franco quer que se leve a sério sua declaração de que recorreria até às armas e chegaria a explodir a barragem da usina para impedir a privatização de Furnas e defender "a soberania das águas de Minas".
O Sr. Itamar Franco tem verdadeira ojeriza pelo capital privado e ainda não se convenceu de que os tempos mudaram e há alguns anos está em vigor emenda constitucional que dá às empresas com capital estrangeiro instaladas no País o mesmo tratamento  dispensado às empresas nacionais.Está convencido,porém, de que o Estado deve construir e administrar empresas, mesmo já estando sobejamente comprovado que o setor público brasileiro- incluindo o Estado de Minas Gerais- está pouco menos do que falido e não tem como financiar a infraestrutura necessária ao crescimento do País.
Daí querer impedir as privatizações e fazer o que está ao seu alcance para desfazer contratos que transferiram para a iniciativa privada a participação acionária em empresas estatais.Esse método é profundamente prejudicial ao País. A ação para a anulação do acordo de acionistas entre a Cemig e os sócios estrangeiros minoritários é um grotesco exemplo da capacidade do Sr. Itamar Franco de comprometer a imagem do Brasil perante a comunidade financeira internacional.
Como poderão os investidores estrangeiros confiar em um país onde os contratos não são respeitados?  Como pode um governo estadual ferir o direito de acionistas minoritários? E o que dizer de um governo que não cumpre compromissos assumidos pelo antecessor de forma legal e regular? O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, estranha, em artigo que publicamos no domingo, que a Comissão de valores Mobiliários não tenha posto fim a mais esta aventura de Itamar Franco.E, na mesma página, nosso correspondente em Washington, Paulo Sotero, relata o desconforto dos investidores estrangeiros com a atitude do governador de Minas e os riscos que ela traz para as privatizações futuras."Isso é coisa que você espera da Rússia, não do Brasil", afirmou o sócio de uma importante empresa de consultoria internacional.Essa definição, porém, não reproduz integralmente a realidade: o Sr. Itamar Franco não é o Brasil.







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