segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

DON'T CRY FOR ME ARGENTINA


DON'T CRY FOR ME ARGENTINA
Por Aluizio Gomes

A experiência argentina tem sido exaustivamente comentada, e, portanto seu histórico é por demais conhecido.Entretanto, as ilações dependem de cada cabeça, e assim vou meter minha colher de pau no assunto.
Na época da hiper-inflação, os governantes daquele país aprovaram a lei da conversibilidade, garantindo (legalmente) o câmbio de um dólar para cada peso, chovesse ou fizesse sol. A inflação foi assim extirpada, mas o déficit fiscal não foi combatido.Como diria Joelmir Beting, seria o segundo pau da barraca; porém, com as maciças privatizações (o terceiro pau da barraca), o fluxo de dólares para o país foi intenso, garantindo(financeiramente) o câmbio fixo, e o progresso da economia.Os resultados das privatizações são valores que devem ser muito bem aplicados, sob pena de evaporarem no tempo.Já na crise mexicana(l995), faltou fluxo externo para manter a paridade, fato agravado pela campanha de reeleição de Menen (já vimos esse filme no Brasil, protagonizado por FHC).Para obter apoio das províncias, os cofres da nação foram arrombados, e tome a gastar o peso-dólar. Se o Paraíso fosse assim tão fácil de conquistar, que bom, não é?E depois, o cara ainda casou com a Miss Universo. Puxa, é o Maradona da política.
Outro pau da barraca seria a reforma trabalhista, mas nem pensar, farinha pouca meu pirão primeiro, ou melhor, minha reeleição primeiro.
Se os caras são irresponsáveis, imediatistas e egoístas, que culpa tem a filosofia neoliberal dos males argentinos?A esquerda se apega ao fracasso da experiência platina para condenar a via neoliberal. Ou são mal intencionados, ou mal informados. O neoliberalismo pressupõe uma série de reformas, não adianta fazer as agradáveis só, e deixar de lado as dolorosas.
Ora, havendo escassez de investimento e déficit fiscal a moeda fica pressionada. A bomba explodiu quando o Brasil adotou o câmbio flutuante, deixando o real cair 30% em relação ao dólar. Alinhados com o Mercosul, não havia mais condições de haver as trocas comerciais sem barreiras alfandegárias entre os dois países.O Brasil tinha também um gravíssimo problema de manter o câmbio fixo, embora com pequenas desvalorizações, e a famigerada banda cambial.Ao deixar o real flutuar, o Brasil deu um passo gigantesco para modernizar sua economia, deixando a Argentina comendo poeira.Os saldos na balança comercial começaram a aparecer, e este fluxo de dólares como resultado de exportações  maiores que importações é que interessa para manter a moeda estável.Mas, associado ao equilíbrio fiscal.Assim, a Lei da Responsabilidade Fiscal foi o outro passo gigantesco que nosso país deu para equilibrar sua economia.Com seus fundamentos bem mais equilibrados que seu vizinho ao sul, os produtos brasileiros tornaram-se bem mais competitivos, enquanto que os produtos argentinos ficaram caros demais, atrelados ao dólar.
Culpar o FMI, o Banco Mundial, ou o capital internacional, é bobagem, os culpados estão lá mesmo.
Como a desvalorização do peso veio tarde demais, acompanhada da moratória, o caminho para consertar a economia será bem mais doloroso e longo do que se isto tivesse sido feito logo depois que o Brasil adotou o câmbio flutuante.
Recife, Janeiro de 2002.
MORAL DA HISTÓRIA:
Pode-se enganar algumas pessoas o tempo todo.
Pode-se enganar todas as pessoas algum tempo.
Impossível enganar todas as pessoas o tempo todo.

  

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