segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O QUE É BOM PARA OS ESTADOS UNIDOS DEVE SER PÉSSIMO PARA O BRASIL


O QUE É BOM PARA OS ESTADOS UNIDOS DEVE SER PÉSSIMO PARA O BRASIL
Existe uma morbidez intrínseca  à  sociedade que se reflete nos  meios de  comunicação.
Uma boa notícia não  tem  muita  repercussão. Porém, uma  má  notícia é  objeto de  manchetes, comentários,   debates  e desdobramentos. Esta distorção chega aos meios técnicos e decisórios, impedindo avaliações sensatas  de situações sociais, econômicas e políticas.
Como  tais  situações são  incorretamente avaliadas, as  decisões são, inevitavelmente  errôneas,   resultando  no  brutal atraso  nacional no campo das idéias, e  por  via  de conseqüência, no campo econômico e político.
Veja-se  por  exemplo o  caso do  neoliberalismo:   seus aspectos  positivos  nunca são  ressaltados, porém efeitos colaterais, durante a fase de adaptação, são explorados intensivamente, de modo a incutir no público uma falsa idéia do que ele realmente seja: alguns setores mais retrógrados da sociedade  acusam  a  Nova Economia  de  causar  desemprego e  miséria. Ora, sendo  estes males  seculares no  Brasil, conclui-se  de imediato que não há nenhuma relação entre eles.

Realmente, na fase inicial, a Nova Economia extingue o velho emprego, substituindo-o pelo novo emprego  depois, na fase seguinte.Ora, os próprios marxistas sempre afirmaram que não se  pode  fazer um  omelete sem quebrar os ovos.Então....
O que faz a esquerda? Quando o velho emprego é extinto, ela faz uma gritaria  enorme, acusando a  Nova Economia de propiciar o desemprego.Mas não é por aí, calma.E quando o novo emprego é criado? Silêncio total.
Isto é importante saber?Claro, aconteceu recentemente na França, onde políticos populistas, como  Lionel Jospin, assumiram a liderança como resultado de um eleitorado mal informado.A Nova Esquerda está   se espalhando na Europa levando populistas e oportunistas ao poder, os quais nem sabem direito o que fazer.

A esquerda fica lutando por empregos públicos, empresas estatais, e outros penduricalhos, quando o estado provedor esgotou-se em todo mundo, a fonte secou.
 No Brasil, a esquerda deve lutar isto sim, pela reforma agrária. Isto é básico e fundamental para se chegar a  uma economia adulta. Americanos, franceses, ingleses e alemães, primeiro fizeram    a  reforma  agrária, depois entraram na Revolução Industrial.
Bismarck, ao  unir os alemães revogou  uma série  de  entulhos legais da Idade Média, permitindo que a Alemanha se tornasse uma potência em apenas 10 anos. Esta  só não dominou o mundo  porque sua unificação foi tardia demais, e todo espaço colonial já havia sido ocupado pelas outras potências.
Educação é outro fator importantíssimo para o desenvolvimento. Com o Estado ocupado em hidrelétricas, navegação, petróleo, telefonia, ferrovias, como investir em educação?
Aí está outra incoerência das esquerdas. Não há necessidade de o Estado investir em petróleo, ferro, comunicações.
Isto, a iniciativa  privada pode cuidar melhor. Estratégico? Balela. Nos Estados Unidos, o petróleo nunca foi estatal, e nem por isso  faltou combustível  nas  horas  críticas da II  Guerra Mundial. Imagina  se  um executivo da Esso ou Texaco fosse sabotar o esforço de guerra americano na luta contra japoneses  e alemães; seria fuzilado como traidor.

Lá, ferro, ouro, todos os minérios estão nas mãos da  iniciativa  privada. São  estratégicos, mas  nem  por isso, o Estado perde seu poder regulamentador.O Estado forte é aquele que tem superávit financeiro. Todos os impérios  foram construídos assim: Egito, Roma, Inglaterra etc. No Brasil, quer se construir um Estado forte com excesso de leis e decretos, porém com déficit financeiro.
O programa de privatizações precisa avançar mais, nem  tanto para abater  a dívida pública, por que  esta chegou a um patamar de tal ordem, que um cheque de 3 ou 5 bilhões de dólares pouco significa  em  relação ao total da dívida, a qual já passou da casa dos 600 bilhões de reais. Se as privatizações tivessem sido feitas em 1994, quando a dívida estava nos 90 bilhões de reais, esta poderia ter sido abatida  substancialmente, e hoje o  Brasil teria reservas em  dólares para  enfrentar a crise  mundial.Agradeça-se  à  esquerda este prejuízo que tivemos.Mas, uma empresa estatal será  sempre um  mamute, lerdo, burocrático  e  ineficiente.
Se  esta  estatal  for monopolista, aí  piora  a  coisa: seus  custos são irreais, seus preços  de  venda não têm nada  a ver com a realidade do mercado; veja-se o caso da Petrobrás, uma estatal com monopólio do petróleo; ela vende uma gasolina cara e ruim, não tem competidor, e o preço da gasolina  está totalmente divorciado dos custos  de produção. Ou seja, o país não se  beneficiou, no passado, com  um  combustível  mais barato, apenas ela, a Petrobrás.
Com a privatização pode-se reativar a economia, com mais  investimentos. Isto gerará mais empregos, e o que é mais saudável, emprego produtivo.Isto já está acontecendo, nos casos de siderurgia e telecomunicações.
A revolução no Ceará
Agora, foquemos o caso do Ceará: a  revolução  foi  iniciada  com  a  demissão  de  40.000  funcionários públicos. Claro  que  houve desemprego, todavia o Estado  ficou livre  para fazer investimentos, e o que é melhor ainda, baixar os impostos, e assim atrair indústrias.Houve assim, um boom industrial, que absorveu com folga os desempregados da carreira pública.
O Ceará , portanto  extinguiu o  velho  emprego  e  depois criou o novo emprego. Por que Pernambuco não  faz isso? Porque a  constituição estadual  sacralizou   a estabilidade do funcionário público, impedindo que haja demissão de funcionários fantasmas.
Os  impostos  estaduais  em  Pernambuco  são  muito  altos, porque  precisam  cobrir  estes   desmandos, e  também  falta vontade política para mudar. Assim, Pernambuco é classificado como " a  vanguarda  do atraso " nos meios  empresariais. Sua vantagem  competitiva  reside  no  parque  industrial   relativamente avançado, situação geográfica confortável e boas universidades.
Porém, ao longo do tempo, isto vai perdendo terreno, devido ao progresso da Bahia  e do Ceará.A COMPESA não atende mais à demanda . Começa a faltar água. Porque mantê-la  na mão do Estado incompetente? Qual a capacidade de investimento do Estado de Pernambuco? Muito pouca. Pirapama está parada, apesar de sua extrema prioridade. Em Boa Viagem e outros bairros, os condomínios estão fazendo poços artesianos, porque a COMPESA não abastece.Os aqüíferos subterrâneos no Grande Recife estão super-explotados, devido ao racionamento da COMPESA.
Os fundamentos da Nova Economia
Voltando à colocação inicial, pouco se fala que os Estados Unidos apresentam um crescimento econômico enorme. Por que?  Será que é a vitória do  neoliberalismo, que ninguém quer reconhecer?
O pior cego é aquele que não quer  ver.Todas as análises econômicas sobre o novo  ciclo econômico, que atualmente se observa nos Estados Unidos, são unânimes em reconhecer que ele é o resultado da  colocação em prática do receituário neoliberal:    desregulamentação, competição e produtividade. Estes três fatores conseguiram a façanha de diminuir o desemprego e a inflação ao mesmo tempo! Com mais emprego e menos inflação, aumentou o consumo, e depois os salários ( por via do aumento da produtividade). Abramos um parêntese para focalizar a produtividade. No Brasil, sempre houve luta para aumentos nominais de salário. Quem paga o excedente? Ou é o imposto ou a inflação, não tem jeito. O aumento de salário deve ser real, não inflacionário. Isto só se consegue com aumento da produtividade.Mas, como aumentá-la?

É preciso desregulamentar a economia, abolir os cartórios, e expor  todos à  competição. Seleção  natural? Darwin? Bom, quem criou  o mundo  foi Deus, o homem está longe de ser demiurgo. Marx fez  um  mal maior à humanidade que Hitler. Este matou milhões de pessoas, mas seu reinado foi localizado na Europa e só durou  12 anos. Marx, via Stalin e  todos os seus seguidores, reinou  70 anos e  condenou ao   atraso, miséria e morte muito mais pessoas na China (link), Ex-União Soviética, Europa Oriental etc. Ele tentou  igualar os desiguais, resultando num fracasso homérico.Os russos colocaram esta ideologia na lata do lixo da história, bem como toda a Europa Oriental.Porém no Brasil, persistem marxistas em lugares de comando, tentando interpretar as coisas por uma ótica obsoleta.Quando, no fim da década de 80, a produtividade na União Soviética caiu a níveis insuportáveis, Mikhail Gorbachev, ou fazia a Perestroika, ou a III Guerra Mundial. Sensatamente, preferiu a primeira opção.
Mas, como  vem  aumentando a  produtividade  nos  Estados  Unidos? Numa   primeira  etapa,    com   o downsizing e extinção do velho emprego, as empresas ficam capitalizadas e investem no que elas chamam de R&D (Research & Development), ou  seja, Pesquisa e Desenvolvimento. Estes  departamentos, vitais nas empresas modernas, estão sempre lançando novos produtos com novas tecnologias, mais baratos e melhores.A competição não é apenas entre as empresas americanas.Porém, entre empresas japonesas, alemães, francesas, enfim, todo mundo. A obsolescência é planejada, de modo que o consumo é a mola da indústria  e do comércio.
As novas máquinas fazem produtos melhores, a custos mais baixos, e em menos tempo.Isto é aumento de produtividade, a qual mantém a empresa no mercado, por ser competitiva.Como esperar que uma empresa estatal possa ter jogo de cintura para fazer isto?Os  economistas  sempre  temeram  que o aumento  da demanda  aumentasse a inflação. Isto era verdade numa economia fechada. Entretanto, numa economia aberta, o efeito é inverso, devido à competição.Como vimos, para sobreviverem, as empresas  são obrigadas a lançarem produtos mais baratos e melhores, o que gera consumo contínuo.
Então, na segunda  etapa as empresas  aumentam os salários  para poder pagar  uma  mão  de obra  mais qualificada (leia-se  o novo emprego). Isto  aumenta o  consumo, aumentando a produção e gerando mais empregos.O que é isto? Nada mais, nada  menos, que a  economia funcionando  naturalmente, como  funciona  um motor de  avião, um relógio, ou  um  órgão do corpo  humano. Simples? Mas  como  deu   trabalho  para compreender, hein?  O homem tentou botar  o dedo na economia e se queimou. Se  tirar  este dedo pode ser que a coisa funcione. Esse  negócio de luta  de classes, mais-valia, poderia  ir para o museu  ideológico da civilização. Lá  colocar-se-iam os  retratos de Brizola, Arraes, Fidel  Castro, et  caterva, como  homens bem intencionados, mas como diria meu Mestre, "equivocados sinceros".
Aluizio Emanuel Pereira Gomes
Escrito em 1996, com algumas atualizações.


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