quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O QUE É TERRORISMO?



O QUE É TERRORISMO?

O que é terrorismo? Você sabe? Eu não sei, pesquisei bastante e não achei uma resposta. Será um koan? Um koan é uma pergunta enigmática, para a qual a mente não encontra resposta; é usado por monges do Oriente para atingir o Samadhi (êxtase).
Se for um koan, tudo bem, mas se for um fator político, como diria Frank Sinatra, " there's room for doubt".
Imaginemos um prisma. Se olharmos de um lado, vemos as coisas de uma forma. Se olharmos de outro, esta coisa apresenta uma forma diferente.Não admira que os monges do Oriente costumem chamar o mundo físico de Maya, ou seja, uma ilusão.Nós não conhecemos o real, apenas impressões alteradas chegam às nossas mentes, por distorções "prismáticas".Agregando-se a isto vem a propaganda política, que já joga estas distorções prontinhas para consumo de massa.As ditaduras sempre se aproveitaram disto, através da censura, porém, não se engane, as democracias também fazem isto esplendidamente, distorcendo, mentindo, e controlando a mídia com mão de ferro (ou de ouro?).Outro dia, assistindo o programa "Manhatan Connection" (GNT), vi quando uma jornalista afirmou que não existe um jornalista independente.É fato.
Se olharmos um revolucionário praticando um ato de guerra contra nosso lado, ele é terrorista.Mas se ele praticar este mesmo ato contra o lado contrário, ele é um herói.É o efeito prismático. Então, como é que fica? Tiradentes é um herói no Brasil, mas o rei de Portugal condenou-o como terrorista.A Resistência Francesa praticava atos terroristas contra a Alemanha nazista.Não só na França, mas nos demais países ocupados por Hitler havia grupos paramilitares, os maquis, que nada mais eram do que terroristas para um lado e heróis para o outro.
Por isto uma guerra contra o terrorismo é um absurdo político, condenado a um fracasso retumbante, mais cedo ou mais tarde.Para haver uma guerra são necessárias duas bandeiras, uma de cada lado.Sempre foi assim, gente, desde que o mundo é mundo.Nas guerras da Antiguidade, da Idade Média, etc, sempre se identificaram os campos de batalhas com as bandeiras; os navios, idem. Até os piratas tinham sua bandeira.Assim, um determinado país podia iniciar uma guerra contra a pirataria.Mas como deflagrar uma guerra contra o terrorismo, se eles não têm bandeira, ou como disse acima são apenas resultado do efeito prismático? É uma coisa quixotesca. Don Quixote de la Mancha combatia moinhos de vento, mas era doido de pedra.Bush seria o  Don Quixote dos nossos dias.
HÁ AMERICANOS E AMERICANOS
Agora vamos examinar a dicotomia norte-americana.Os Estados Unidos tornaram-se independentes da Inglaterra em 1776, após rápida ação militar, com a ajuda da França, arquiinimiga dos ingleses.Até aí tudo mal, os americanos eram "terroristas", se você olhar pelo prisma dos ingleses.Na época, não era um país muito grande: a Nova Inglaterra se resumia a treze estados, concentrados na parte nordeste do atual país.Mas, a França superendividada pelas guerras napoleônicas vendeu todo o Meio-Oeste(Louisiana Purchase).
Com índios, mexicanos e espanhóis a conversa foi diferente.A conquista foi militar. O Alaska foi comprado aos russos.Veio a Revolução Industrial, causando enorme progresso tecnológico e aumento da riqueza.Estabeleceu-se então a dicotomia: O Sul permaneceu agrário, conservador, e, principalmente, escravagista.O Norte progrediu não só materialmente, mas também intelectualmente. O Iluminismo deu um de seus melhores frutos, e a Estátua da Liberdade é um ícone à altura.Vejamos agora porque não interessa à burguesia a escravidão: a burguesia precisa de uma classe média consumista, que compre seus produtos.Um escravo não consome, portanto impede que a coisa funcione.Quando a Inglaterra combatia o tráfico negreiro, não era por razões humanitárias, mas por interesse econômico.Os ingleses foram tão cínicos que provocaram a Guerra do Ópio, contra os chineses, apenas para manter o mercado de ópio aberto naquele país.
Configurada assim a dicotomia Norte-Sul, ela desaguou em guerra civil, assassinato de Lincoln, e libertação dos escravos.
Os sulistas continuaram agrários, conservadores, e às vezes reacionários; apareceu a Ku Klux Klan, etc. Na política esta divisão reflete-se nos dois partidos políticos principais: os democratas são mais liberais enquanto que os republicanos são mais conservadores.Daí resultaram as lutas do Século XX, os direitos civis, aborto, militarismo, etc. Na eleição presidencial do ano passado Al Gore ganhou nos estados progressistas, enquanto Bush venceu nos conservadores. A vitória na Flórida cheirou a marmelada, onde Jeb (irmão de George) é o governador.Ali há forte concentração de cubanos, e como Bill Clinton devolveu o menino Elían Gonzáles a Cuba, só por isso os democratas devem ter perdido muitos votos.Por estes dois motivos, o resultado na Flórida não pode ser considerado representativo.
Vê-se hoje claramente que George W. Bush é um militarista, enquanto Bill Clinton, na sua gestão, diminuiu o orçamento do Pentágono.Al Gore tinha planos de conservação de meio-ambiente, enquanto  Bush renegou o Protocolo de Kioto.Apesar de não ter inimigos à vista, Don Quixote inventou um, conseguiu a guerra que queria, vendeu a idéia aos otários, assinou um contrato de 200 bilhões de dólares com a Lockheed, para fabricação de uma nova geração de caças, mas terá a derrota que não queria.

CONCLUSÃO
Com esta digressão, tento demonstrar que a luta contra o terrorismo é uma invenção dos republicanos para gastar em armamento, já que não existem mais comunistas para justificar gastos militares.
Combater o Taliban é uma coisa, combater o terrorismo é outra bem diferente.Osama bin Laden é de nacionalidade saudita, e ideologicamente um fundamentalista islâmico.Seu rancor contra os americanos é haver bases ianques em território de seu país.Como lá não existe democracia, sua atividade política migrou para a violência e a clandestinidade.Já viu esse filme antes, não é?Esteve em cartaz no cine Pindorama durante um tempão, de 1964 até princípio dos anos 80.
Portanto, o terrorismo não se combate com violência, porém com reformas.Estas reformas claro que são dificílimas, porque a Arábia Saudita é o maior exportador mundial de petróleo, e não interessa aos americanos mais um governo fundamentalista ou nacionalista, como já acontece no Irã e no Iraque. Outro nó difícil de desatar é a questão palestina, os dois lados querem Jerusalém, e não abrem mão disso.O árabe tem o petróleo, o judeu tem o dinheiro do sistema bancário internacional, além de estar infiltrado nas elites americanas e européias.Assim a coisa vai sem solução à vista.
No futuro vão acontecer coisas que mudarão este cenário: o petróleo será destronado de seu pedestal de combustível essencial, sendo substituído por uma fonte de energia barata e renovável(hidrogênio?), a monarquia saudita cairá( tudo que sobe cai), e quanto ao problema palestino não ouso especular, mas haverá um desfecho(Armagedon?).
Aluizio Gomes, Dezembro de 2001


Leitura recomendada: "The Rise, Corruption and Coming Fall of the House
                                  of Saud", de Said Aburish.

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